O presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena, conta como as tecnologias sociais aplicadas no Brasil são capazes de ganhar capilaridade junto a outros países, inclusive em situações extremas, como o Haiti. O artigo faz parte da parceria entre a fundação e o Portal do Investimento Social, do IDIS.
Nos últimos 10 anos o Brasil vem se apresentando como um país que se envolve em questões globais, demonstrando interesse em oferecer apoio aos às nações que enfrentam problemas socioambientais. Essa aparição geralmente surge com a oferta de soluções que foram aplicadas aqui e que obtiveram resultados positivos no enfrentamento de entraves para o desenvolvimento, como a desigualdade social, o acesso à educação de qualidade e oportunidades de trabalho.
Os avanços no Brasil se devem a um fenômeno interessante e importante de ser observado – uma série de iniciativas feitas pelas próprias comunidades e, às vezes, com o conhecimento técnico de universidades ou outros centros de pesquisa, para beneficiar pequenos grupos de famílias, mas que se expandiram e melhoraram as condições de vida de centenas de pessoas e reforçaram as políticas públicas.
Esses projetos se tornaram cada vez mais completos e complexos, tendo em vista a necessidade de se organizarem para abarcar o grande número de mazelas sociais. Os projetos evoluíram para uma dinâmica diferente chamada Tecnologia Social, que considera que produtos, técnicas ou metodologias sejam desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social e possam ser reaplicadas em escala.
Exemplo dessa evolução de tecnologias sociais, destacamos o Banco de Tecnologias Sociais (BTS), disponível na Internet. O BTS, idealizado e mantido pela Fundação Banco do Brasil (FBB), reúne mais de 500 tecnologias sociais de diversas fontes e categorias e serve como um pólo disseminador de soluções práticas e de reaplicação fácil para toda a sociedade.
Essas tecnologias são de fácil aplicação e baixo custo, o que as tornam eficazes em cenários de extrema pobreza ou aqueles afetados por desequilíbrios ambientais. O recente episódio do Haiti reacendeu o debate sobre a forma como o Brasil pode ajudar a reconstruir aquele país e as tecnologias sociais se mostraram a forma mais adequada. Tecnologias Sociais como a Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) – reaplicada em mais de 6 mil unidades, em 19 estados, pela Fundação Banco do Brasil em conjunto com diversos parceiros como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Petrobras, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e governos – surgem nesse mesmo contexto, apresentando alternativas de segurança alimentar em um país que sofre com a falta de alimentos.
O Pais promove um sistema de produção orgânica de hortaliças, frutas e pequenos animais, tendo como pressupostos a racionalização de recursos e o manejo ecológico da terra. Toda a produção acontece sem o uso de agrotóxicos, propiciando alimentos saudáveis e livres de quaisquer interferências químicas. Já a irrigação é feita por meio de um sistema de gotejamento, o que evita o desperdício de água e possibilita a implantação do modelo inclusive em regiões com poucas reservas hídricas, como é o caso do Haiti.
Moçambicanos e salvadorenhos também já demonstraram interesse em conhecer as tecnologias sociais brasileiras. Eles querem saber o que as suas comunidades vêm fazendo para mudar suas realidades. A Fundação Banco do Brasil faz do incentivo à estas tecnologias sua contribuição para o desenvolvimento do nosso país e acredita que elas podem, sim, fazer a transformação social de milhares de pessoas.