O Amazonas é o maior estado do Brasil, conhecido pela sua natureza exuberante e biodiversidade. O estado tem a maior população indígena do país e inúmeras comunidades tradicionais de pescadores artesanais e seringueiros vivendo em locais distantes de centros urbanos, onde o acesso a serviços essenciais é naturalmente complexo. Tendo em vista essa realidade, o IDIS está trabalhando em um projeto piloto de implantação de tecnologias sociais que atendam às necessidades de um desenvolvimento sustentável em comunidades rurais e ribeirinhas. A iniciativa é uma parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
A primeira etapa foi a realização de um diagnóstico situacional no município de Borba-AM com a participação da comunidade e do poder público local. Por meio de pesquisas e análise de dados primários e secundários foi possível entender o contexto em que vivem os habitantes de Borba e também mapear as iniciativas já desenvolvidas na região. A partir das demandas mais prementes foram pré-seleciondadas 16 tecnologias do Banco de Tecnologias Sociais da FBB. O município de Borba foi escolhido para servir de referência ao diagnóstico pois a UEA realiza na cidade um projeto piloto que envolve estudantes universitários, o Programa de Apoio à Primeira Infância (PAPI).
O trabalho de campo foi realizado em fevereiro deste ano com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde. Foram aplicados 181 questionários em 17 comunidades – seis rurais, seis ribeirinhas e cinco urbanas. A equipe multidisciplinar de trabalho de campo foi constituída pela UEA, profissionais do IDIS e da área da Saúde da Criança da Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas. “Para facilitar a seleção das tecnologias sociais, as prioridades locais foram separadas em quatro categorias: água, saneamento básico, segurança alimentar e saúde infantil”, explica Sofia Rebehy, analista de projetos de investimento social do IDIS e que integrou a equipe de campo.
Os resultados do diagnóstico foram compartilhados com o município com o intuito de orientá-lo na definição das Tecnologias Sociais e respectivas comunidades para a implantação. Esta seleção foi feita pelo poder público local em reunião coordenada pela Secretaria Municipal de Saúde e levou em consideração não somente os dados levantados pelo diagnóstico, mas também as peculiaridades de cada comunidade. As tecnologias foram apresentadas ainda para as comunidades envolvidas para confirmar sua aceitação e interesse.
Desde a finalização do diagnóstico, em junho, o IDIS tem trabalhado no desenho da continuidade do projeto, que prevê a capacitação de equipe da UEA pelos idealizadores das Tecnologias Sociais selecionadas e a implantação piloto em três comunidades de Borba. A UEA será o agente responsável pela replicação das tecnologias em comunidades de outros dois municípios – Nova Olinda do Norte e Itacoatiara – em consonância com suas principais carências e a partir do envolvimento comunitário.
O IDIS atua desde 2011 na promoção do desenvolvimento da Primeira Infância no Amazonas. Em parceria com a Secretaria de Saúde do Amazonas, Fundação Bernard van Leer e Fundação Amazônia Sustentável realizou o Programa Infância Ribeirinha (PIR). Voltado para a melhoria das condições de vida de gestantes e crianças de 0 a 6 anos em comunidades ribeirinhas amazonenses, o PIR inspirou a criação de uma política pública especialmente voltada para a primeira infância. O Programa Primeira Infância Amazonense (PIA) foi sancionado pelo Governo do Estado do Amazonas em março deste ano e está em processo de implantação.