“Quero agradecer a todos vocês carinhosamente pela estadia em Borba, em nome da prefeitura. A Tecnologia Social que vocês implantaram em nosso município é excelente, de verdade. Eu já participei de projetos para a criação de banheiros ecologicamente corretos e acho a melhor alternativa para todos que, infelizmente, não possuem as condições de fazer fossa e ainda sofrem com a várzea. Vocês, sem dúvidas, beneficiaram os comunitários. E eu me sinto presenteada também. Desejo a todos o melhor, muita saúde e sucesso. Continuem levando, com uma simples ação, o sorriso àqueles que precisam. Vocês fazem a diferença. Todos juntos, é melhor ainda. Foi uma honra conhecê-los.” O depoimento de Luana Alves Pinheiro, da Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente de Borba-AM, mostra um pouco do impacto do projeto Tecnologias Sociais no Amazonas (TSA), uma parceria entre o IDIS e a Fundação Banco do Brasil realizado com apoio da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam) e Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Em maio, duas tecnologias foram implantadas em Borba, município distante 146 quilômetros de Manaus. O primeiro Banheiro Tecnológico Ribeirinho foi construído na comunidade de Mucajá no dia 12 de maio e a Sodis – Desinfecção Solar da Água foi apresentada aos moradores da comunidade de Espírito Santo no dia 11.
Alternativa sustentável de saneamento
Em parceria com a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) um grupo de moradores de Furo Grande, na Ilha de Onças em Barcarena-PA, desenvolveu um banheiro ecológico adaptado às áreas de maré, que reduz a contaminação da água e do solo. “Ele foi desenhado de forma que o recipiente que recebe o composto orgânico fique acima do solo e seja fixo por hastes. Se na região houver um alagamento sazonal, a água não entra em contato com o dejeto e isso evita a contaminação”, explica João Rodrigues, gerente de parcerias estratégicas e modelagem de programa e projetos sociais da Fundação Banco do Brasil.
Por sua eficiência e baixo custo, essa solução simples para um problema sério de saneamento presente em muitas cidades do Brasil está sendo levada para comunidades participantes do projeto Tecnologias Sociais no Amazonas.
A construção do banheiro foi realizada com o apoio da Secretaria de Obras de Borba e com a presença dos moradores da comunidade que irão construir os outros 29 banheiros propostos pelo projeto. “Os próprios moradores escolheram o local desta primeira unidade. Foi ao lado da casa da pessoa mais velha da comunidade, o senhor Arnaldo, que tem 105 anos”, conta Sofia Rebehy, analista de projetos do IDIS que acompanhou a implantação das tecnologias junto com professores e alunos da UEA e representantes da Susam. Sofia explica ainda que os resíduos são tratados e reaproveitados, transformando-se após decomposição em adubo orgânico rico em nutrientes para as plantas. “O intuito é contribuir para a redução da ocorrência de doenças transmitidas por animais e pela água contaminada, melhorando a saúde e o bem-estar dos moradores”, explica a gerente de projetos do IDIS, Andrea Hanai.
Água Limpa
E no dia 11 de maio foi realizada a implantação de outra Tecnologia Social em Borba, desta vez na comunidade do Espírito Santo. A Sodis (sigla que representa Solar Water Disinfection) utiliza a radiação solar e o calor para destruir micro-organismos patogênicos que causam doenças. É ideal para tratar pequenas quantidades de água e funciona de forma simples: a água, que não pode ser turva, é colocada em uma garrafa plástica transparente e deve ficar exposta ao sol durante seis horas. A luz do sol trata a água por meio de radiação e aumento de temperatura. A implantação foi realizada em um espaço comunitário com a presença de cerca de 100 moradores da comunidade, que fizeram muitas perguntas demonstrando um grande interesse pela tecnologia. O objetivo é melhorar a qualidade da água consumida na comunidade, diminuindo assim a incidência de doenças.
Controle do combate à anemia
Além dessas tecnologias, nos dias 8 e 9 de maio foi feita uma nova medição de hemoglobina no sangue nos alunos da Escola Municipal Francisco Bezerra Batista, localizada na comunidade ribeirinha de Axinim, em Borba. Em março, os estudantes dessa mesma escola fizeram um teste, usando a Tecnologia Social Hb, para diagnóstico de anemia ferropriva (provocada pela falta de ferro no organismo). Mais de metade apresentaram a doença e foram orientados a fazer um tratamento de 12 semanas de duração com suplementação de sulfato ferroso, que terminará em junho. A medição realizada em maio foi feita para verificar se os alunos estão respondendo ao tratamento, ou se é necessário algum reforço com as famílias daqueles que não estão evoluindo de maneira esperada na medicação. A etapa foi acompanhada pelo secretário de Saúde do município, Albert Antunes, e pela nutricionista Angela Aires, também da Secretaria. Os exames foram feitos pelo técnico de enfermagem Jairzinho Colares Barros, que capacitou profissionais da Unidade Básica de Saúde de Axinim na tecnologia durante o processo.