Por Paula Fabiani*
Tudo começou com uma provocação de Kofi Annan, ex- Secretário Geral da ONU: é preciso reestabelecer a confiança para avançarmos e retomarmos a esperança num mundo mais justo. Foi com esse direcionamento que o Global Philanthropy Forum deste ano convocou cada um de nós a tomar parte na construção de um mundo melhor.
O evento, que aconteceu na Califórnia (Estados Unidos), contou com a participação de mais de 400 filantropos e representantes de organizações que buscam impacto social (e nós contribuímos com uma delegação de 10 brasileiros!).
Durante três dias foram apresentados alguns antídotos para a falta de confiança e a desesperança que dificultam o surgimento de soluções para os problemas globais. A tecnologia aliada à imaginação e tenacidade dos jovens é a grande aposta para as transformações na próxima década. Mas a tecnologia poderá ser um aliado ou um inimigo do processo. Ela pode ajudar em muitas frentes, seja na mobilização, seja em soluções efetivas, como em um interessante projeto que usa imagens de satélites para ações comunitárias. Porém, temos os desafios éticos e as ameaças do mau uso da tecnologia, aspectos que exigem uma ação imediata.
Soluções com grande potencial de escala demostram que é possível sonhar com um mundo mais justo para os todos. Novas abordagens para a questão da segurança alimentar, saúde e doenças evitáveis em países menos desenvolvidos chamam a atenção. Um destaque foi a eloquente apresentação de Chris Hughes, que fundou, junto com Zuckerberg e Moskovitz, o Facebook, e está investindo em pesquisas e experimentos com transferência de renda para reduzir a pobreza nos Estados Unidos e promover o desenvolvimento (Economic Security Project). Mas o próprio Facebook também estava no centro do debate que tratou de privacidade e acesso à informação. O papel das mídias sociais e ferramentas digitais nos processos democráticos, os riscos da manipulação da informação e a polarização proposital, foram pontos de grande preocupação dos palestrantes e participantes.
Em muitas plenárias o sentimento que emergiu é de que o futuro já faz parte do presente. E a comunidade filantrópica precisa se transformar para enfrentar os novos desafios. Como um dos palestrantes colocou: “O Fórum reforça uma reflexão sobre nosso papel neste mundo tão injusto e desigual. As futuras gerações vão nos julgar, tentamos mesmo resolver os problemas atuais e fazer a diferença?”.
(*) Paula Fabiani é Diretora-Presidente do IDIS Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – www.idis.org.br