Impactos sociais são muitas vezes subjetivos e difíceis de se mensurar. Essa complexidade representa um grande desafio para organizações e projetos sociais, que em sua maioria, acabam não investindo nesta frente. Apesar das dificuldades e do custo envolvido, a mensuração do impacto é uma importante ferramenta para o desenvolvimento de intervenções efetivas e contributivas para sociedades mais justas e sustentáveis. Para conversar sobre este tema, convidamos representantes de duas importantes organizações da sociedade civil que investem na avaliação de seus projetos – Alcione Albanesi, fundadora dos Amigos do Bem, e Jair Ribeiro, presidente da Parceiros da Educação. Felipe Groba, gerente de projetos no IDIS e especialista em avaliação, foi o responsável pela moderação.
O semiárido brasileiro é um dos mais populosos do mundo, e a região apresenta IDH muito abaixo da média brasileira, comparável com países como Senegal e Uganda. Os Amigos do Bem atuam para o desenvolvimento da região desde 1993, com projetos que envolvem educação, saúde, água, moradia e geração de trabalho e renda. Hoje, está presente em 140 povoados do Nordeste, com quase 10 mil voluntários, 15 unidades produtivas, somando mais de 200 mil atendimentos anuais de saúde. Alcione Albanesi compartilhou com o público inúmeras histórias e contou como sempre fizeram acompanhamento dos processos, mas foi apenas agora que optaram por uma assessoria profissional. “Acredito que haverá muita mudança, porque todo trabalho que desenvolvemos será consolidado e promoverá um grande retorno”, destaca. Para ela, a avaliação possibilita gerenciar melhor, identificar as áreas que podem ser ampliadas e mensurar o crescimento consolidado.
“A avaliação é fundamental. Se você não mede resultados, como medir a eficácia? Ela dá segurança ao investidor ao mesmo tempo que nos permite avançar e direcionar nossos recursos e energias às questões que trazem sustentabilidade ao processo.” É dessa forma que Jair Ribeiro justifica seu investimento em avaliação de impacto, feito desde a fundação da Parceiros da Educação, há 16 anos. A organização tem como propósito potencializar o investimento público em educação e desenvolve modelos que podem se transformar em políticas públicas. Foi o caso do programa de gestão MMR – Método de Melhoria de Resultados, hoje adotado por escolas em todos estado de São Paulo.
O público participou da conversa e questionou como organizações podem conseguir recursos para esta frente. A resposta, veio primeiro do líder da Parceiros da Educação: “Sem avaliação não se consegue mais recursos. Por isso, acredito que a avaliação de impacto deve ser vista como um investimento; é parte do custo e se paga”. Ele acredita que promover a avaliação é uma forma de plantar para colher exponencialmente no futuro, propiciando passar para outro patamar, com mais estrutura. Alcione complementa: “Esse processo nos faz economizar. É como uma bússola para investir em setores que promovem a transformação necessária”.
A Parceiros da Educação, assim como o Amigos do Bem são clientes do IDIS no desenvolvimento de projetos de avaliação por meio da metodologia SROI – Social Returno n Investment, que traduz o retorno em termos financeiros. “Nosso trabalho com o IDIS tem sido nessa linha, de medir resultados, avaliar o SROI, separando e desenvolvendo grupos e controle para avaliar quais intervenções têm maior impacto e como acontece”, afirma. “Também temos uma visão mais holística, de avaliação qualitativa para saber que impacto deixamos nos diretores, professores e alunos, e verificar como percebem nosso valor agregado, essencial para a sustentabilidade. Avaliando o impacto conseguimos direcionar melhor nossos esforços”.
Assista aqui à sessão na íntegra:
O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social com o Global Philanthropy Forum. São parceiros ouro desta edição Fundação José Luiz Egydio Setubal e Santander, e parceiros bronze BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Private Bank, Instituto ACP, Mattos Filho Advogados e Movimento Bem Maior.