Evento Discute Negócios Sociais e Lança Força-tarefa para Potencializar Investimentos de Impacto Social

26 de maio de 2014

Ainda incipientes no Brasil, os negócios sociais – empreendimentos que tentam aliar lucratividade e benefícios sociais – começam a chamar a atenção de jovens empreendedores e de grandes veículos de comunicação. Neste contexto, faz todo sentido criar um grupo de trabalho que identifique os entraves para o crescimento desse mercado e sugira iniciativas que possam impulsioná-lo.

A Força-Tarefa Brasileira de Finanças Sociais foi lançada no encerramento do Fórum Brasileiro de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, que ocorreu em São Paulo, em 6 e 7 de maio. O evento foi organizado pela Vox Capital, pela Artemisia e pelo instituto de Cidadania Empresarial (ICE).

“Se nós deixarmos o campo andando naturalmente, vai demorar muito”, afirmou Fabio Barbosa, presidente do Grupo Abril e um dos integrantes da força-tarefa. “É preciso comandar o processo para acelerá-lo. Seremos catalisadores do processo. O propósito do grupo é mobilizar mais recursos para as iniciativas de impacto social e acelerar a estruturação de um ecossistema propício”, disse ele, que falou em nome do grupo durante o lançamento.

“Há muitos problemas a serem resolvidos no Brasil e várias soluções; o empreendedorismo é uma delas”, continuou Barbosa. “Não é uma questão de impacto social ou retorno, e sim de impacto social e retorno”.

Ao lançar sua força-tarefa, o Brasil coloca-se na vanguarda das discussões sobre os investimentos de impacto social. O G-8 – que reúne as sete maiores economias do mundo e a Rússia – deflagrou iniciativa semelhante no ano passado. O Reino Unido, país em que o campo está mais desenvolvido, criou seu grupo em 2002.

O mentor do projeto, Ronald Cohen, também falou, por videoconferência, durante o evento. “Nós vimos que as áreas mais pobres eram também as que menos tinham ofertas de serviços básicos. Precisávamos criar investimentos para fundar empresários que trabalhassem nesses locais, que servissem de modelo e ajudassem pessoas”, contou.

Para o inglês, uma das principais mudanças no campo do investimento social privado foi o desenvolvimento de metodologias de medição de impacto. “A filantropia tradicional enfoca mais doação do que resultados. Ficava-se satisfeito em apresentar números, e não mudanças”, disse. No entanto, o foco, tanto em organizações com ou sem fins lucrativos, passou a ser avaliar as reais mudanças de fato decorrentes de seus projetos.

Cohen, que participou da criação dos hoje bilionários mercados de venture capital e private equity, não hesitou, sobre os investimentos de impacto, em cravar: “Estamos no limiar de uma revolução”.

Discussões

Até como uma espécie de preparação para o lançamento da força-tarefa, o fórum trouxe uma série de plenárias que discutiram os principais assuntos relacionados aos investimentos de impacto e aos negócios sociais.

Entre outros temas, palestrantes brasileiros e estrangeiros debateram assuntos como o desenvolvimento de um ecossistema para o setor, modelos de avaliação de impacto, inovações nos mecanismos financeiros para projetos, o equilíbrio entre lucro e impacto, o papel da academia nas discussões e a busca por escala nas iniciativas.

Foram apresentadas ainda “pílulas de inovação”, na qual empreendedores sociais puderam apresentar projetos que oferecem algum tipo de serviço básico para populações de classes mais baixas e, ao mesmo tempo, também conseguem obter retornos financeiros.