A Cultura de Doação vive um momento de efervescência no país, com recorde de doações mobilizadas pela pandemia do COVID-19. Ainda assim, temos um número imenso de organizações da sociedade civil que viram seus recursos minguarem, desviados para os campos emergenciais da Saúde e da Segurança Alimentar.
Para discutir quais os caminhos para aproveitar esse momento inédito de engajamento social da população para perenizar o comportamento doador e evitar o desaparecimento de centenas de organizações que fazem trabalhos importantes em diversos campos, convidamos Carola Matarazzo, CEO do Movimento Bem Maior, José Luiz Egydio Setúbal, Presidente e instituidor da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e vice-presidente do Instituto PENSI, e Erika Sanchez Saez, Coordenadora da iniciativa Emergência Covid-19 – GIFE e membro do comitê coordenador do Movimento por uma Cultura de Doação (MCD), que abriu a sessão apresentando o documento ‘Por um Brasil + Doador, Sempre’, produzido pelo MCD e que traz cinco diretrizes para fortalecer a cultura de doação no país.
“O brasileiro tem uma boa alma, gosta de ajudar o próximo”, afirmou José Luiz Egydio Setúbal, presidente e instituidor da Fundação José Luiz Egydio Setúbal e vice-presidente do Instituto PENSI. Ao lado de Carola Matarazzo, CEO do Movimento Bem Maior, os dois defenderam a importância de uma relação de confiança entre doadores e ONGs. O fortalecimento da cultura de doação também esteve bastante presente. Ambos falaram da responsabilidade da sociedade civil e da capacidade e generosidade do brasileiro. E acreditam sim, que há e sempre haverá socorro.
Para Setúbal, a pandemia mudou a questão das doações. As pessoas hoje tem uma noção maior de que é preciso doar. O brasileiro doa quando é chamado e mostra isso nas grandes catástrofes e pandemias. Ele lembro que os mais de 6 bilhões doados no Brasil em função da COVID, equivalem a cerca 10% do total doado no mundo. “É muita coisa!”, comemora. Mas Setúbal ainda acha que os ricos doam proporcionalmente menos do que os brasileiros que tem menos recursos.
Outro ponto levantado é que a filantropia vem de uma sociedade civil organizada para ajudar o Estado. “O cobertor é muito curto, as pessoas precisam ter consciência de que o governo não vai resolver tudo”, lembra o filantropo que completa: “Quem tem mais dinheiro tem que colocar mais a mão no bolso, quem tem menos colocar menos”.
Carola Matarazzo, CEO do Movimento Bem Maior, abriu a sua fala dizendo que desafio e propósito andam juntos, tanto para as ONGs quanto para os investidores sociais.
Para ela, temos que validar modelos que possam servir de políticas públicas para aliviar crises e demandas. A sociedade é parte da equação, e todos são corresponsáveis pelos problemas e soluções.
“A sociedade civil mostrou a força que tem, o poder de mobilização na urgência…uma sociedade civil forte, mobilizada pode fazer toda a diferença e trazer mais resultados”, pontuou. Mas também disse que é preciso mais diálogo para entender quais são e o tamanho das necessidades e que a cultura de doação se fortaleça.
Carola lembrou que a ONGs pequenas, que trabalham nas comunidades, precisam ser valorizadas. “O capital filantrópico deve olhar para esse público”, alerta.
E, finalizando, deixou um recado: “Somos parte dessa solução e dessa luta. Quem detém recursos detém poder e isso nos traz uma grande responsabilidade”.
Assista aqui o painel completo:
O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é realizado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social com o Global Philanthropy Forum. São parceiros ouro desta edição Fundação José Luiz Egydio Setubal e Santander, e parceiros bronze BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Private Bank, Instituto ACP, Mattos Filho Advogados e Movimento Bem Maior.