Tradicionalmente, investir implica ter como objetivo primordial fazer o dinheiro render mais dinheiro. Nos últimos anos, porém, vem ganhando espaço no Brasil um conceito já bastante desenvolvido em países como o Reino Unido. Trata-se do investimento de impacto social, um tipo de injeção de recursos que visa promover mudanças na sociedade e gerar retorno financeiro ao mesmo tempo.
Aliando características do segundo e do terceiro setor, o investimento de impacto social já conta com vários adeptos no País. São dez fundos nacionais e internacionais que atuam no Brasil e apostam nesse conceito. “Juntos eles somam R$ 500 milhões, disponíveis para investimento direto em empresas que oferecem produtos e serviços para melhorar a vida da população brasileira”, afirma Daniel Izzo, diretor-executivo e cofundador da Vox Capital, fundo pioneiro no investimento de impacto social no Brasil.
De acordo com ele, apesar de este valor ainda ser pequeno quando comparado com mercados onde o conceito já é mais difundido, as taxas de crescimento no Brasil impressionam. Em 2009, o investimento de impacto social movimentava cerca de R$ 5 milhões no País e hoje esse valor é de R$ 500 milhões – um crescimento de 10.000% em menos de cinco anos. “O momento agora é de desenvolver modelos e empresas de sucesso e de grande escala para começar a provar que é possível unir as duas dimensões (retorno financeiro e impacto social)”, diz Izzo.
Por se tratar de uma iniciativa em fase de amadurecimento, o investimento de impacto social ainda esbarra em alguns obstáculos no País, afirma o diretor da Vox Capital. Segundo ele, o investidor brasileiro tem uma tendência a buscar sempre o maior retorno financeiro possível de suas aplicações, o que afasta alguns desse tipo de iniciativa. Entretanto, ele diz que um número de pessoas ainda pequeno, mas crescente, começa a apoiar o conceito. “Eles estão bastante motivados pela perspectiva de contribuir para o desenvolvimento do País através de algo lucrativo. Se o setor como um todo provar que isso é possível, esperamos ver um grande influxo de recursos.”
Entre as empresas que recebem esse tipo de investimento no Brasil, alguns projetos de sites e plataformas digitais se destacam: o Saútil, buscador que ajuda a população a encontrar serviços do SUS; o Geekie, plataforma de ensino que se adapta às características de cada aluno; o Tamboro, que aposta na aprendizagem por meio de jogos; e o WPensar, sistema de gestão escolar online.
“Os melhores ‘cases’ são aqueles em que o impacto está tão ligado à forma de se fazer dinheiro que a única forma de crescer e lucrar ainda mais será servir um número maior de pessoas e impactá-las positivamente através desse serviço”, finaliza o diretor da Vox Capital.