A anemia ferropriva, causada pela falta de ferro na alimentação, é a carência nutricional mais frequente em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ela atinge 25% da população mundial, sendo as crianças e as gestantes os grupos mais vulneráveis. Esse problema de saúde pública afeta diretamente o desempenho motor e mental em crianças.
O projeto Tecnologias Sociais no Amazonas (TSA), realizado pelo IDIS e Fundação Banco do Brasil, está aplicando em três municípios amazonenses uma tecnologia social especialmente desenvolvida para permitir o rápido diagnóstico, tratamento e controle da anemia ferropriva em alunos de escolas públicas.
A primeira aplicação da tecnologia foi com 249 alunos da Escola Municipal Francisco Bezerra localizada na comunidade ribeirinha de Axinim, em Borba-AM, entre os dias 19 e 25 de março. O diagnóstico apontou uma alta incidência da doença: 59% dos examinados foram diagnosticados com anemia ferropriva.
Logo após a aplicação, os pais dos alunos receberam os resultados dos exames e a primeira dose da medicação – suplementação de sulfato ferroso e vermífugo. Após seis semanas, as crianças passarão por nova medição de hemoglobina no sangue e eventual reforço. O tratamento completo tem duração de 12 semanas.
“Infelizmente o Brasil ainda não dá a devida atenção ao controle da anemia ferropriva das crianças e adolescentes. A doença é assintomática, mas as consequências podem ser significativas no comprometimento do desenvolvimento destes alunos. A tecnologia social Hb foi premiada pela Fundação Banco do Brasil em 2013 e ficamos felizes em poder realizar esta experiência de reaplicação numa comunidade tão diferente das que estávamos acostumados, o que nos rendeu muito conhecimento que agora será incorporado à tecnologia”, declarou Saulo Faria, do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), idealizador da Tecnologia Social Hb.
No final de junho a mesma equipe que trabalhou nessa ação, formada por profissionais e técnicos do IDIS e do IPTI, além de professores e alunos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), voltará a Axinim para a avaliação final da reaplicação da tecnologia Hb, quando espera-se observar uma redução significativa da presença da doença.
“Tão importante quanto o trabalho realizado durante a semana, é a sensibilização do poder público municipal para levar essa tecnologia a outras comunidades, para que um maior número de crianças com anemia receba tratamento”, afirma a analista de projetos do IDIS, Sofia Rebehy, que acompanhou a ação na comunidade de Axinim.
O projeto Tecnologia Sociais no Amazonas (TSA) conta com o apoio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas. A região ainda será beneficiada com outras duas inciativas, o Banheiro Ecológico e a SODIS (desinfecção de água), todas em comunidades dos municípios de Borba, Nova Olinda do Norte e Itacoatiara.
No dia 10 de março, um evento em Manaus marcou oficialmente o início do projeto.