Levantamento em cinqüenta e nove organizações, entre empresas, fundações e institutos, ajuda a traçar panorama sobre o investimento social corporativo realizado por organizações norte-americanas no Brasil.
Empresas como a Coca-Cola, a IBM, e a Microsoft, ou instituições como o Instituto Avon (apoiado pelo IDIS no seu investimento social corporativo e no monitoramento de ações como a Campanha Um Beijo pela Vida), a Fundação Ford, o Instituto Ronald McDonald e o Instituto Wal-Mart realizaram e apoiaram, juntos, mais de 765 ações sociais 2006.
Dessas, 564 foram programas e projetos de filantropia estratégica divididos nas áreas de educação, saúde, meio ambiente e formação para o trabalho e 201 foram ações de voluntariado promovidas pelas corporações.
Realizado pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) por encomenda do Grupo +Unidos – parceria que reúne a Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Câmara de Comércio Americana (AmCham) e 104 companhias norte-americanas que atuam no país –, o relatório Investimento Social Privado dos EUA no Brasil foi lançado em dezembro de 2008. “Uma pesquisa dessa natureza mostra como a responsabilidade social empresarial e o investimento social privado são valorizados pelas empresas norte-americanas”, afirma Fernando Rossetti, secretário-geral do GIFE. “A estratégia conjunta em um país deve servir como inspiração para as empresas brasileiras que estão se globalizando.”
O primeiro mapeamento das ações sociais realizadas pelo grupo revelou a alocação de cerca de 204 milhões de reais para fins públicos em todos os estados brasileiros. A maior concentração, porém, ficou na região Sudeste.
O objetivo da pesquisa é dar subsídios para a análise conjunta de tendências e facilitar o planejamento de ações integradas a partir de 2009. Segundo os representantes do Grupo, a agenda comum deve conter iniciativas e tarefas concretas de curto, médio e longo prazos. “Este estudo permitirá uma reflexão profunda sobre os investimentos, identificando pontos fortes e fracos, e oportunidades de sinergias entre as ações sociais. Como resultado prático, esperamos aumentar o impacto de cada centavo investido pelas empresas americanas no Brasil”, afirma Rodolfo Fücher, diretor de Investimentos Sociais para a América Latina da Microsoft e membro do Comitê +Unidos.
A diversidade do grupo, que reúne companhias de variados portes e diversas áreas, bem como programas de investimento social corporativo em diferentes estágios, deve permitir trocas de experiências entre os participantes e maior abrangência no enfrentamento dos problemas sociais. Entre as principais tendências de ação social do grupo, estão:
- Investimentos prioritários na área educacional
- Projetos para prevenção, tratamento de doenças, ações educacionais de nutrição e de higiene, e de combate ao câncer
- Projetos de preservação de recursos ambientais, com ênfase em conscientização, reflorestamento e reciclagem
- Ações de apoio à juventude, com projetos de formação para o trabalho
- Promoção do acesso a novas tecnologias, em especial às de informação e de comunicações
- Mobilização de grande contingente de mão-de-obra voluntária
- Utilização de mecanismos de incentivo/renúncia fiscal por menos da metade das empresas
- Envio de recursos pelas matrizes norte-americanas a 65% das companhias brasileiras destinados a investimento social
- Dupla estratégia de investimento por mais de 60% das empresas: aplicação simultânea em projetos próprios e projetos de terceiros
- Utilização de equipes internas para conceber, monitorar e avaliar ações
As ações serão alinhadas aos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, metas criadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) que prevêem desde o combate a doenças como a AIDS e a malária, até a garantia de sustentabilidade ambiental e o ensino básico universal.
Desenvolvimento por meio da educação
As estratégias de investimento das companhias norte-americanas no Brasil passam, necessariamente, pela educação. Entre as 564 ações realizadas, 44% foram focadas em projetos para a educação que vão desde os cuidados da primeira infância até a educação continuada para adultos. São iniciativas como a capacitação de professores, o financiamento de entidades do setor, a adoção de escolas próximas às unidades de negócio e a promoção da participação comunitária. As ações para a saúde, com 153 iniciativas (27%), as de meio ambiente, com 109 programas (19%), e as de formação para o trabalho, compondo 89 ações (16%), foram os segundo, terceiro e quarto maiores grupos, respectivamente.
O relatório também identificou iniciativas que combinam duas ou mais áreas em sua atuação. São projetos de educação em saúde, iniciativas de aprendizagem voltadas para formar jovens para o mercado de trabalho ou de meio ambiente que também colaboram para a geração de trabalho e renda.
Tradição em voluntariado
A 59 organizações estudadas promoveram mais de 200 ações de voluntariado em 2006. “Essa foi uma das características mais marcantes do grupo revelada pela análise”, afirma Rossetti. Pelo menos 80% das companhias afirmaram ter investido em voluntariado em 2006 e 85% em 2007. Os esforços mobilizaram cerca de 87 mil pessoas, representando 27% do total dos funcionários do +Unidos.
Os modelos de mobilização de voluntários possuíam algumas estratégias comuns:
- one-to-one match – significa que, a cada valor em dinheiro arrecadado e doado pelos voluntários, a empresa doa igual quantia, fazendo um match ou par de igualdade
- dollars for doners – empresas destinam quantias em dinheiro a entidades cujos funcionários realizam trabalhos voluntários por um determinado número de horas
- maratonas de arrecadação e de prestação de serviços – eventos de voluntariado, realizados em períodos definidos, nos quais os funcionários se mobilizam para a arrecadação de itens ou promovem uma série de atividades em prol da comunidade.
Leia o estudo na íntegra.