Por Que as Pessoas Doam?

Escrito por Marcos Kisil, diretor-presidente do IDIS, o artigo apresenta os diversos motivos pelos quais as pessoas são motivadas a fazer doações: altruísmo, egoísmo, competição, devoção, culpa, tradição ou pressão do grupo.

Essa é uma questão básica para o sucesso de qualquer campanha de levantamento de fundos, e de grande importância para apoiar um investidor social que busca organizar o seu doar. Quando se entende os motivos dos doadores, suas expectativas e necessidades, é possível construir estratégias duradouras de benefício imediato para o doador, e também para as organizações e/ou causas por ele atendidos.Ao longo dos anos, e com base na experiência acumulada por nosso Instituto, pudemos identificar diferentes razões que motivam o investidor social. Elas podem ser definidas como: altruísmo; egoísmo; competição; devoção; culpa; tradição; e pressão do grupo.

Altruísmo

É quando o doador, com base no entendimento que dá à sua própria vida e nas oportunidades que teve de acumular riquezas que julga resultado de dons que lhe foram gratuitamente contemplados por um Deus, acredita que deve compartilhar esses dons e bens com o próximo, de maneira altruísta, sem buscar nenhum benefício pessoal. Acredita que o mundo pode ser melhor se todos derem sua contribuição. Doar de maneira altruística representa um exercício de convicção sobre valores maiores da existência humana.

Egoísmo

Embora pareça contraditório em relação ao item anterior, existem doadores que buscam ativamente serem reconhecidos pela sociedade. Esses doadores querem associar seu nome, ou o de sua família ao resultado de sua doação, seja sob forma de denominação de espaços físicos, placas de reconhecimento, ou mesmo através de premiações que levam seu nome. Podem também abdicar do uso de seu nome em função de serem reconhecidos como associados a algum outro nome ou figura pública que atestem seu comportamento de doador. E quanto mais público isto se fizer, melhor será sua reputação. Muitas vezes, sentem-se os maiores beneficiários de suas doações.

Competição

O doador, neste caso, gosta de fazer comparações: primeiro com outros doadores (dar mais representa um símbolo de riqueza a ser ostentado, e que o diferencia de outros doadores); segundo, com ele mesmo, quando busca ultrapassar a cada ano o que doou no ano anterior.

Devoção

É quando a religião ou a crença religiosa exerce forte influência nas decisões do doador. Embora na maioria das vezes esta doação se faça por piedade ou misericórdia para com o próximo, mediada pela presença de uma organização religiosa, tomando alguma fórmula de dízimo, ela também pode representar uma forma de garantir um espaço futuro na eternidade. Dar representa uma moeda de troca para o futuro da alma. Infelizmente, esta é uma forma bastante utilizada por seitas e religiões conduzidas por aumentar seus patrimônios, ou de seus dirigentes.

Culpa

O doador sente-se culpado ou responsável por algumas circunstâncias negativas que recaem sobre ele, especialmente no que tange a maneira como acumulou seu patrimônio. Dar alivia esse sentimento.

Tradição

Quando o doador pertence a uma família, ou grupo onde se tornou hábito doar recursos para determinadas organizações, especialmente se criadas por um ancestral.

Pressão do Grupo

O doador por pertencer a determinado grupo social de amigos, vizinhos, companheiros de trabalho, clube etc sente-se obrigado a participar de iniciativas filantrópicas nas quais não participou da decisão, não acredita, ou não dá nenhuma importância ou significado. Participa apenas porque, caso contrário, pode ficar mal em suas relações. E como valoriza estas relações, comporta-se para mantê-las ou fortificá-las.

Em resumo, essas razões podem ser agrupadas como determinadas por convicção, conveniência ou coerção. Reconhecer essas motivações é extremamente importante para se traçar uma estratégia de apoio ao doador, de forma a transformá-lo em um investidor social. Isto porque, na verdade, o que se busca, independentemente da motivação original, é ajudar cada doador a perceber seu papel para transformar a sociedade através de sua contribuição.

Na verdade, busca-se comprometer o doador com a importância estratégica do investimento social privado para o bem comum. Isto permitirá que, progressivamente, perceba outras motivações para além da motivação inicial; faz com que se torne um ator consciente de seu papel, de seus recursos, e de sua importância.

Os Principais Erros do Investimento Social

29/03/2007 – A alocação estratégica e voluntária de recursos privados para fins públicos (Investimento Social Privado) está presente na pauta das empresas. Mas estar atento para a questão não significa realizar ações de forma efetiva e impacto positivo. Confira os erros mais comuns, que devem ser evitados.

Erros do Investimento Social

Como Incorporar os Valores da Sustentabilidade Corporativa na Empresa?

Publicado pelo IDIS em fevereiro de 2007, o documento apresenta um roteiro simplificado de como inserir os valores da sustentabilidade corporativa na empresa, advertindo que esse processo deve permear todas as atividades da organização e ser revisitado periodicamente, dada sua constante mutação.

COMO INCORPORAR OS VALORES DA SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA NA EMPRESA?

 

 

Livro Apresenta, a Partir de Depoimentos de Lideranças Sociais, Visão Coletiva de um Mundo Ideal

A AltaMira Press, em parceria com a The Philanthropic Initiative (TPI), acabam de lançar o livro “O mundo que queremos – Novas dimensões na filantropia e na mudança social”, escrito por H. Peter Karoff e Jane Maddox. A partir de conversas compartilhadas com cerca de 40 empreendedores sociais, ativistas, líderes de organizações não-governamentais e filantropos que estão mudando as condições de vida na África, Ásia, Leste Europeu, América Latina e América do Norte, os autores apresentam no livro uma visão coletiva de um mundo ideal e descrevem como parcerias intersetoriais e multidisciplinares estão contribuindo para reduzir o sofrimento das populações e aumentar a justiça social em diversas partes do mundo.

O livro mostra como o engajamento cidadão pode ser um fator decisivo na construção de um mundo melhor, apresentando exemplos de visionários engajados em diversas tipos de luta. Marcos Kisil, diretor presidente do IDIS, foi um dos entrevistados do livro. Ao lado de seu depoimento estão conversas realizadas com John Abele, Henry Becton, Dave Bergholz, Lucy Bernholz, Angelica Berrie, Deepak Bhargava, Allen Bildner, Alan Broadbent, Bob Buford, Emmett Carson, Steve Case, Elyse Cherry, Phil Cubeta, Bill Drayton, Peggy Dulany, Rory Francisco-Tolentino, Bob Hohler, Rob Hollister, John Isaacson, Henry Izumizaki, Alan Khazei, Martin Lehfeldt, Margaret Leonard, Leslie Lilly, Ted Mallon, Melinda Marble, Cora Marret, Stephen Melville, Jack Murrah, Jim O’Connell, Pierre Omidyar, Jono Quick, Shirley Strong, Tom Tierney, Priya Viswanath, Peter White, and Chad Wick.

Mais informações nos sites do TPI e da AltaMira Press.

 

 

2002: Relatório Sobre Doação e Voluntariado no Vale do Silício

Pesquisa da Community Foundation Silicon Valley mostra como a implantação de empresas de alta tecnologia transformou uma região tradicionalmente agrícola dos EUA (Califórnia), gerando aumento da população jovem e da riqueza local, e como essa riqueza passou a ser investida socialmente na própria região, em outras áreas dos EUA, e em outros países, pois muitos dos trabalhadores preferiam doar para suas comunidades natais.

Entre os dados interessantes da pesquisa, destaca-se o fato de que o vale do silício está se tornando uma comunidade que abraça a filantropia. 96% dos residentes dizem se engajar em alguma forma de doação e 81% afirmam participar de atividades voluntárias. 87% dos doadores locais doam para duas ou mais causas ou organizações sem fins lucrativos.

Ao contrário do estereótipo difundido de que trabalhadores da área da alta tecnologia não doam – ao menos no Vale do Silício -, eles doam mais do que os que não trabalham nesse setor (84% versus 78%). Também costumam usar mais a internet para conhecer um grupo ou organização não governamental (39% versus 26%), para fazer doações a uma organização sem fins lucrativos (25% versus 12%) e para saber sobre oportunidades de voluntariado (26% versus 19%). Mais da metade dos moradores da região doa dinheiro para ajudar as vítimas de ataques terroristas.

Clique aqui para obter a íntegra do Relatório.

 

 

Pesquisa Ação Social das Empresas

Realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), em 2006, a segunda edição da Pesquisa Ação Social das Empresas aponta que houve um crescimento significativo na proporção de empresas que realizaram ações sociais entre 2000 e 2004.

De acordo com o estudo, em 2000, 59% das empresas brasileiras (cerca de 465 mil) desenvolviam ações em benefício da comunidade. Quatro anos depois, o índice saltou para 69% (ou cerca 600 mil empresas). A região que teve o maior crescimento de organizações atuantes foi a Sul (21 pontos percentuais), seguida do Nordeste, com 19 pontos. A que menos cresceu foi a Centro-Sul (de 50% para 61%). Saiba Mais.

 

 

O Diálogo dos Investidores Sociais com as Organizações da Sociedade Civil

14/12/2006 – Escrito por Célia Schlithler, especialista em redes sociais e coordenadora da iniciativa de investimento social na comunidade do IDIS, o texto apresenta os desafios da relação entre investidores sociais e organizações sociais, apontando possíveis caminhos para melhorar o diálogo entre eles.

O investimento social que faz jus ao nome, ou seja, que gera dividendos sociais, é um fenômeno relativamente recente. Cerca de vinte anos atrás, as entidades sociais pediam doações às empresas por meio de “ofícios”. E a entrega do cheque encerrava o relacionamento.

Com o advento do terceiro setor, as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) tiveram de aprender a elaborar outros tipos de proposta. O investimento social privado realizado por empresas, institutos e fundações, por meio de parcerias e financiamento de projetos, tem gerado inúmeras oportunidades de capacitação, ampliação de atendimento, adequação de instalações e melhorias de equipamentos.

É fácil constatar que esses investimentos resultaram em gestões mais profissionais e em expressivas mudanças na qualidade do trabalho realizado com os beneficiários em várias OSCs. No entanto, outras conseqüências precisam ser discutidas e analisadas. Hoje, as OSCs precisam canalizar energias e recursos para a gestão da implementação dos projetos aprovados e a elaboração de novas propostas. É preciso dar conta de reuniões internas e externas, leitura de textos e livros, participação em capacitações, elaboração de relatórios…

Toda parceria tem intenção de provocar mudanças, porém, toda mudança precisa ser administrada porque gera resistências. Sempre haverá membros da organização social que relutam em mudar, sejam eles dirigentes, funcionários, voluntários ou familiares dos beneficiários. Em muitos casos, a equipe precisa ser modificada, porque as mudanças na linha de trabalho demandam novas competências, habilidades e atitudes. As tensões internas são inevitáveis e, por conseguinte, o atendimento pode ficar comprometido. De fato, algumas vezes parece que o beneficiário acaba ficando quase esquecido em meio a tanta coisa pra fazer e gerir.

Em workshop promovido dia 17 de outubro pelo Centro de Competência Mercosul para a Responsabilidade Social Empresarial – da Câmara Brasil-Alemanha – com a participação de 11 organizações sociais (de atendimento direto ou não, como é o caso do IDIS), as experiências com a realização de projetos sociais, em parceria ou com o apoio de empresas, foram amplamente debatidas.

Em termos de ganhos provenientes das parcerias foram mencionados “aprendizados e trocas riquíssimos”, tais como:

  • Fortalecimento organizacional, por meio de apoio à gestão, melhorias na infra-estrutura e divulgação da organização;
  • Solidificação de programas e viabilização de estratégias;
  • Desenvolvimento de novas metodologias sociais dissemináveis;
  • Formação e desenvolvimento de redes e de comunidades;
  • Aprendizado de negociação, relação profissional, planejamento, material adequado e funcional (documentos, relatórios, valorização de práticas).

Mas as dificuldades encontradas no relacionamento com os investidores também foram abordadas, destacando-se:

  • Impessoalidade e burocracia;
  • Excesso de demandas;
  • Limitada visão do trabalho social;
  • Pressão por resultados em curto prazo;
  • Valorização dos resultados quantitativos em detrimento dos qualitativos;
  • Falta de participação mais ativa no desenvolvimento do projeto;
  • Falta de apoio para a gestão de mudanças;
  • Exigência de auto-sustentabilidade;
  • Impossibilidade de incluir no orçamento recursos para a gestão do projeto (reuniões, elaboração de relatórios, leituras, etc.);
  • Ansiedades e expectativas (das empresas) em relação ao impacto dos projetos.

Os ganhos mencionados indicam que as parcerias das empresas com as OSCs já estão trazendo resultados muito consistentes. No entanto, as dificuldades advertem para a necessidade de se ampliar as oportunidades de diálogo entre financiadores e financiados, para que seu relacionamento amadureça. Como resultado desse amadurecimento, novas formas de parcerias podem ser estabelecidas para gerar o que é almejado por todos: impactos sociais significativos.

Esse diálogo pode acontecer de várias formas:

  • Deixar claro os critérios que as empresas utilizarão na hora de escolher os projetos a serem financiados, e ser transparente em relação a que tipo de atividade receberá ou não recursos;
  • Criar um processo de constante conversa entre o financiador e o financiado durante a implantação do projeto; e
  • Estabelecer um fórum para a troca de experiências, que reúna diversos financiadores e organizações sociais apoiadas.

PPPs Sociais Precisam de Competência, não Apenas de Dinheiro

14/12/2006 – Escrito por Marcos Kisil, diretor-presidente do IDIS, este artigo faz uma reflexão sobre o qual o papel do Estado, das empresas e das organizações sociais nas parcerias público-privado (PPP) sociais.

As parcerias com a iniciativa privada e organizações do terceiro setor já são uma realidade, em maior ou menor grau, nas diversas esferas do poder público.  O modelo de Parceria Público-Privada (PPP), desenvolvido para atender às demandas na área de infra-estrutura, pode também ser um poderoso instrumento para abordar questões sociais.

No caso brasileiro, o interesse pela PPP Social resulta de uma conjunção de fatores: de um lado o setor público, por restrições orçamentárias, não consegue atender às necessidades básicas da população mais pobre em áreas como educação, saúde, habitação e transporte. De outro, as empresas estão cada vez mais conscientes de que seu papel na sociedade vai muito além de promover o desenvolvimento econômico, englobando também a preservação dos recursos ambientais e a responsabilidade social. O fortalecimento da sociedade civil, traduzido pelo crescente número de organizações não-governamentais, é fator de grande importância para fomentar o estabelecimento da parceria, tanto na fase de mobilização da sociedade, quanto na execução dos projetos.

Observando o trabalho das ONGs no cenário nacional, notam-se diversas mudanças positivas, entre elas a crescente preocupação em aproximar-se dos investidores sociais privados para compartilhar experiências e atuar conjuntamente na soluções dos problemas sociais, a partir de suas causas. Assim, o engajamento entre o setor privado lucrativo (empresa) e o não-lucrativo (entidades da sociedade civil) passou a ser uma realidade em nossa sociedade.

A partir desse contexto é que se busca compreender o papel importante que pode ter o Estado. É sabido que o governo, por meio de leis, pode atuar como facilitador, oferecendo incentivos ao engajamento das empresas. Porém, o que temos assistido no atual governo é uma busca de recursos privados, que compete com a busca por financiamento das entidades da sociedade civil, ou – o que é mais preocupante – o governo viabilizando financeiramente organizações da sociedade civil para programas e projetos de sua inteira competência.

Isso tem gerado descalabros e provocado auditorias de ONGs pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e propostas de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Em outras palavras, a ação governamental parece contribuir para uma desconfiança generalizada em relação às organizações da sociedade civil.

Diante de tal quadro, o engajamento de empresas com a sociedade civil ganha uma dimensão política importante, já que representa um alargamento do entendimento do que é agir em função do beneficio público, além de criar novos espaços, onde idéias inovadoras são testadas, melhoradas, avaliadas, e disseminadas. As PPPs tornam-se úteis para formulação de políticas públicas abrangentes e universais, atendendo toda a sociedade. Isso representa uma verdadeira tarefa de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) em políticas públicas, sejam elas nas áreas da saúde, educação, desenvolvimento comunitário, geração de renda, ou em outras necessidades sociais.

Enquanto a área de P&D é comum no mundo empresarial, ela é rara no mundo das políticas públicas. E essa é uma contribuição única que pode advir de PPP Social: o Estado ajudando, através de incentivos, a que mais empresas se disponham a contribuir com organizações da sociedade civil. Assim, programas e projetos passam a ser áreas de P&D para políticas públicas. Com isso, o fracasso da participação empresarial no Fome Zero  poderia ter sido evitado, e seguramente, o próprio programa como política pública poderia ser melhor concebido e implantado.

O Instituto Ayrton Senna alcançou ótimos resultados com as PPPs. Trabalhando na educação com foco no ensino fundamental, melhorou muito o nível de escolaridade dos alunos nos estados de Goiás, Pernambuco e Tocantins. Outro exemplo de sucesso desse tipo de parceria é a Pastoral da Criança, cujo trabalho tem reduzido de tal forma a mortalidade infantil que começou a influenciar positivamente as políticas sociais governamentais.

Levando-se em consideração a crescente disparidade entre o fortalecimento da economia brasileira e os péssimos indicadores de desenvolvimento social, fica claro que crescimento, desenvolvimento, melhoria da qualidade de vida são todos integrantes da mesma equação, que leva a justiça e sustentabilidade para a sociedade brasileira.

“Empresa na Comunidade: o Papel das Corporações no Apoio à Filantropia Comunitária no Brasil”

Elaborado por Helena Monteiro, diretora de capacitação e disseminação de conhecimento do IDIS, em novembro de 2006, o documento mostra como as Organizações de Filantropia e Investimento Social Comunitário (OFISCs) podem facilitar o processo de investimento social das empresas nas comunidades, contribuindo para o engajamento ativo desses atores no desenvolvimento local sustentável. De acordo com o documento, as OFISCs podem facilitar a colaboração entre empresas e organizações da sociedade civil porque conhecem as questões comunitárias, promovem a criação de redes sociais intersetoriais e são um ator independente e autônomo, com poder de accountability. Por outro lado, adotam uma perspectiva ampla e positiva do envolvimento empresarial na comunidade, reconhecendo que as corporações podem contribuir não apenas com dinheiro e outros materiais doados, mas também com suas habilidades, recursos humanos, tecnologia e conhecimento.

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Britãnicos Valorizam Marcas que Adotam MRC

Escrito por Melissa Davis, consultora em Responsabilidade Social Empresarial e autora do livro “Mais que um nome: uma introdução à criação de marcas”, o artigo “Cause-Related Consumerism” apresenta as vantagens e os desafios enfrentados por marcas que adotam programas de Marketing Relacionado a Causas. Publicado originalmente em 23 de outubro de 2006, pela BrandChannel, em inglês.

De acordo com o artigo, os consumidores estão valorizando cada vez mais as marcas que oferecem opções de compra de artigos não apenas cuja produção é socialmente responsável, mas que também estão engajados com algum tipo de causa. São consumidores com alto poder de consumo, que desejam comprar bons produtos, de postura progressista.

Esse consumidor, conforme aponta o texto, coloca um novo desafio para as marcas varejistas. No ano passado, algumas marcas britânicas adotaram diferentes estratégias para fazer uma responsabilidade tangível. A varejista Marks&Spencer, por exemplo, lançou a campanha “Veja atrás da Etiqueta”, que promove a origem ética de seus produtos, trazendo aos consumidores informações sobre o comércio justo de alimentos e roupas, além de uma linha de produtos que parte desses princípios. A campanha foi criada após a realização de uma pesquisa que identificou que 80% dos consumidores da empresa queriam saber as origens dos artigos da companhia.

Outra estratégia importante adotada na Grã-Bretanha no ano passado foi a dos produtos Red (Vermelho). Lançada pelo vocalista do U2, Bono Vox, Red é uma marca que angariou diversos parceiros – entre eles Motorola, Empório Armani, Gap, American Express, Converse, e Apple. Essas empresas licenciaram a marca e lançaram produtos “vermelhos”. Parte do valor arrecadado com as vendas dos artigos é doada para o Fundo Global, o maior fundo de financiamento para programas contra a HIV/AIDS, tuberculose e malária.

O produto Red oferece uma diferente abordagem no mercado varejista, pois dá aos consumidores a opção de compra de uma versão Red de um determinado produto existente – e pelo mesmo valor do artigo não-Red. A estratégia é interessante, na avaliação de Melissa Davis, pois estimula a criação de um novo modelo de negócios, desenhado para dar lucro para as marcas, mais do que ser apenas algo que se faz por caridade. Por um lado, as pessoas que compram o produto Red compram uma causa (alívio do problema da Aids na África). Por outro, as marcas participantes ganham credibilidade.

A especialista diz que o oferecimento de um leque mais amplo de boas escolhas de compra nos próximos anos dependerá de como as grandes marcas vão responder a esse novo mercado. Os consumidores permanecem céticos em relação a grandes marcas. A maioria delas ainda opta pelo caminho mais fácil, usando a responsabilidade social corporativa como um mecanismo para motivar seus empregados (através do oferecimento de iniciativas voluntárias e parcerias com organizações não governamentais, por exemplo) e alinhar a reputação interna da empresa, mais que focando no consumidor.

Mas há espaço para que o MRC cresça dentro das empresas e surjam projetos inovadores nessa área, que diminuam a distância entre o que os consumidores estão pedindo como opção de compra e a relutância das marcas em se envolver nessas questões. Sem esquecer, como aponta o texto de Melissa Davis, que as estratégias de consumo consciente ou de MRC são apenas uma parte da abordagem socialmente responsável de cada marca.

Clique aqui para ler a íntegra do documento em inglês.

Livro Mostra a Empresas Como Implementar Programa de Investimento Social

Embora desde o início dos anos 2000 o Brasil tenha registrado um crescimento significativo no número de empresas que realizam ações sociais – a Pesquisa Ação Social das Empresas, realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (www.ipea.gov.br/asocial) e lançada em julho de 2006, por exemplo, mostra que, entre 2000 e 2004, a participação empresarial na área social aumentou de 59% para 69% e que 600 mil empresas já desenvolvem ações voluntariamente – termos como Investimento Social Privado ou Responsabilidade Social ainda geram confusões conceituais.

 Carla Duprat100

O livro “A Empresa na Comunidade: um passo-a-passo para estimular sua participação social”, de Carla Cordery Duprat, que faz parte da Coleção IDIS de Investimento Social, pretende não só esclarecer pontos como esses, mas também apresentar a evolução do papel das empresas na área social, mostrar como elas podem se envolver e atuar de forma estratégica em suas comunidades e descrever as premissas que orientam a ação social. 

De maneira bastante didática e prática, a publicação apresenta sete passos para a implantação de um Programa Empresarial de Investimento Social:

  • 1. Formação do comitê de Investimento Social – de acordo com a autora, o comitê deve ser composto de três a cinco pessoas, preferencialmente de áreas distintas da empresa. Será responsável por conduzir o processo de planejamento do investimento social, promover ações de sensibilização na empresa e na comunidade, bem como implementar, acompanhar, avaliar e comunicar o Programa. Por sua função estratégica, o comitê deve estar capacitado e ter o aval da diretoria ou presidência da empresa.
  • 2. Realização de levantamentos quantitativo e qualitativo das ações sociais da empresa – o diagnóstico qualitativo deve identificar as opiniões, experiências pessoais, sonhos e aspirações dos dirigentes da empresa. Já o quantitativo, avaliar o volume de recursos financeiros que foram investidos pela empresa nos dois últimos anos. Esses levantamentos são importantes porque ajudam a identificar os pontos fortes, as oportunidades, os pontos fracos e as ameaças da estratégia de investimento social da empresa. Devem ser o ponto de partida da elaboração da nova estratégia.
  • 3. Definição do foco de atuação – como os problemas sociais são complexos e variados, é preciso definir o foco de atuação da ação da empresa. Com isso definido, a empresa deve adquirir e gerar conhecimento sobre a temática, avaliando qual a melhor forma de fazer uso de seus limitados recursos. Segundo Carla Duprat, o ideal é que o investimento social esteja alinhado ao negócio da empresa e que se esteja atento não apenas aos problemas da comunidade, mas também aos talentos e oportunidades.
  • 4. Definição da estrutura – a empresa deve decidir se criará um departamento específico para o investimento social dentro da própria instituição ou se criará uma nova pessoa jurídica, por meio da constituição de uma associação civil sem fins econômicos ou de uma fundação. A publicação apresenta as vantagens e desvantagens das duas situações.
  • 5. Estabelecimento da forma de atuação – a empresa que deseja estruturar seu investimento social pode atuar como financiadora ou operadora de projetos. A partir de casos ilustrativos, o livro apresenta as diferenças entre o operador e o financiador social, mostrando o papel de cada um deles.
  • 6. Identificação de recursos disponíveis – são apresentados casos de empresas que oferecem tipos de recursos diferentes, como serviços de comunicação, funcionários capacitadores, melhoria da infra-estrutura de organizações sociais, doações em dinheiro, material ou pessoal, investimento em projetos de captação de recursos, promoção de concursos de projetos, oferecimento de bolsas de estudos, assistência em informática, cessão de espaço para reuniões ou para a sede de organizações etc.
  • 7. Desenvolvimento e implantação do Programa – a autora recomenda que se inicie a implantação por meio de um projeto-piloto, com duração aproximada de um ano. O livro mostra como elaborar essa etapa do Programa, que deve ser cuidadosamente acompanhada e monitorada para que seja aperfeiçoada e fortalecida. Recomenda-se a realização de relatórios trimestrais, que avaliem os principais resultados, tarefas realizadas ou não, e principais dificuldades.

Outras dicas apresentadas pela autora são: obter o comprometimento da alta direção da empresa, para que se crie um programa de longo prazo; desenvolver a iniciativa em um momento de crescimento e não de crise da empresa; pautar o programa na política e na prática da responsabilidade social a empresa; e garantir recursos financeiros para a elaboração e implantação do Programa.

O livro “A Empresa na Comunidade: um passo-a-passo para estimular sua participação social” pode ser adquirido junto ao IDIS, a um custo de R$ 28,80. Mais informações: (11) 3044-4686.

 

 

“Saí da Microsoft para Mudar o Mundo”

Escrita por Marcos Kisil, diretor-presidente do IDIS, esta resenha do livro “Saí da Microsoft para Mudar o Mundo”, de John Wood, foi publicada originalmente na edição de agosto de 2006 da Revista Update, uma publicação mensal da Câmara Americana de Comércio.
Quando recebi a incumbência de fazer a revisão e crítica do livro Leaving Microsoft to Change the World, de John Wood, o amigo que fez o pedido disse: “Marcos, este livro é também sobre você”. E realmente ele tinha razão.

John é extremamente feliz ao abordar questões sérias que um executivo bem-sucedido enfrenta em uma empresa que a cada dia lhe ensina mais, lhe paga mais, lhe dá maior responsabilidade, lhe exige total dedicação, lhe consome todo o seu tempo, e finalmente assume total controle sobre a sua vida.

Após nove anos de uma carreira de sucesso profissional na Microsoft, John descobre, durante um trekking no Nepal, a realidade dura de crianças sem escolas, sem materiais de estudo, sem livros. Condição que faz do Nepal um dos países com pior taxa de analfabetismo do mundo (70% são analfabetos).

Tocado pela situação, e descobrindo como individualmente poderia mobilizar recursos a seu alcance através de parentes, amigos, colegas de trabalho, John descobre que haveria um outro sentido para a vida além de expandir os negócios da Microsoft.

Após um processo doloroso de examinar os prós e os contras, meditar sobre sua existência e existência de crianças que não têm acesso a escolas, sobre as oportunidades que teve e as mesmas oportunidades que são simplesmente negadas para crianças desenvolverem seus potenciais, olhar para dentro de si e descobrir o egoísmo com o qual normalmente buscamos o sucesso, John toma a difícil decisão de abandonar o emprego, e buscar um sentido maior para sua vida.

Porém, ao abandonar o emprego, se dá conta de que sua decisão é mal-recebida por sua companheira, por seus colegas de trabalho, por seu círculo de amizade. Afinal das contas estava abandonando o segundo posto da Microsoft na China, mercado em franca expansão, e ávido por consumir novas tecnologias.

Assim descobre que ao abandonar o emprego está também abandonando velhos hábitos, certos padrões de consumo, e entrando num novo mundo. Porém, tudo isto era necessário para que saísse em busca de seu Graal, uma organização que toma o nome de Room to Read.

E assim, John deixa o mundo corporativo e entra no mundo do Terceiro Setor, ou da sociedade civil organizada, onde cria uma organização com uma missão clara, necessária, e crucial para o desenvolvimento de crianças e jovens excluídos de seus direitos básicos de acesso à educação. Cria uma organização sem fins lucrativos, baseada no voluntariado de pessoas amigas, mas principalmente de pessoas desconhecidas, tocadas pela missão e proposta de trabalho da organização. E mais importante, sem recursos, dependendo única e exclusivamente em sua fase inicial dos recursos de John.

Aí, quando John deixa de ser o executivo de empresa para ser o empreendedor social é que se manifesta a importância dos anos que passou na Microsoft durante os anos 90, período excepcionalmente crítico para o sucesso da empresa. As lições aprendidas de Bill Gates e de diretivos da empresa para o sucesso do negócio são recapturados por John para fazer da Room to Read um empreendimento social com o mesmo sucesso.

John, de maneira fluida e perspicaz, consegue nos envolver em seus sonhos, dilemas, dificuldades, estratégias e vitórias para constituir uma organização vitoriosa que, em sete anos, doou mais de 1,2 milhão de livros, estabeleceu mais de 200 escolas, e ofereceu mais de 1.700 bolsas de estudo para meninas completarem sua educação. No total, influenciou a vida de 875.000 crianças em países da Ásia.

Se John soube desenvolver seus talentos nos anos de Microsoft e ser um executivo de sucesso, soube também usar esses talentos e experiências em benefício de um projeto altruísta, e de alto impacto.

Tive experiência similar. Sei dos desafios que representam deixar uma organização muita bem posicionada no mercado, e no imaginário das pessoas, para assumir o desafio de perseguir um sonho. E, por absoluta coincidência, no mesmo ano que John o fez. Também me sinto realizado e feliz.

Ainda não escrevi a minha estória. Quando tiver a oportunidade de fazê-lo espero ter o mesmo prazer que John demonstra ao escrever seu livro. Espero que também tenha a mesma capacidade de John em transmitir um fio de esperança para este mundo que se apresenta cada vez mais injusto, cada vez mais negando oportunidades para suas crianças e adolescentes.

Um fio de esperança… Isto é o que todo ser humano que teve o privilégio de aprender a ler e a escrever, estudar e ter emprego deveria colocar, para que cada fio pudesse tecer uma nova sociedade mais justa e sustentável.

 

 

Pesquisa IDIS de Investimento Social na Comunidade

Realizada entre os dias 14 de setembro e 21 de outubro de 2004, teve o objetivo de identificar para que tipos de ação na comunidade as empresas dirigem seus investimentos, verificar se as ações são avaliadas, de que forma, e dimensionar as perspectivas de ampliação desse tipo de investimento.

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Voluntariado Empresarial Como Ferramenta de Gestão de Pessoas

Elaborada por Alessandra A. Cherubino Luz, Ana Lúcia Caloi Neves, Élica Fernandes, Norival de Oliveira e Tatiana M. Otani, em agosto de 2004, a monografia mostra como o voluntariado empresarial, mesmo não sendo implantado com a finalidade de “gerir pessoas” ou “humanizar relações”, acaba proporcionando mudanças comportamentais positivas naqueles que dele fazem parte.

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Diretrizes Para a Avaliação de Projetos e Programas de Investimento Social Privado

A tese de Eduardo Marino, concluída em 2003, apresenta um estudo da aplicabilidade dos Standards de Avaliação de Programas definidos pelo The Joint Comittee of Standards for Educational Evaluation em programas e projetos de investimento social privado nacionais. O documento apresenta 30 parâmetros, a maioria deles aceita como aplicáveis nos projetos brasileiros.

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Investimento Social Também Tem Risco e Taxa de Retorno

Publicado em 21 de julho de 2002, no jornal Valor Econômico (Especial – Empresa&Comunidade), o artigo de Marcos Kisil* defende que a definição sobre a forma de doar e para que atividade ou projeto deve ser tão racional e planejada quanto na área financeira.

Quando um investidor está em busca de uma boa opção para aplicar seu dinheiro, cerca-se de cuidados. Procura conhecer a solidez da organização em que o dinheiro será depositado, os ativos que compõem a carteira do investimento, sua liquidez e seu risco. Com base nessas informações e na meta que deseja alcançar – a taxa de retorno -, escolhe a aplicação que parece mais promissora. Por mais paradoxal que pareça, o investidor social deve cercar-se de cuidados similares. Embora a decisão de doar para uma entidade ou uma causa possa ser emocional, seja o doador uma empresa ou um indivíduo, a definição sobre a forma de doar, para que atividade ou projeto, deve ser tão racional e planejada quanto qualquer investimento financeiro.

Em nosso trabalho de apoiar tecnicamente e capacitar empresas, famílias e indivíduos que querem se transformar em investidores sociais eficientes, temos detectado algumas dificuldades comuns. A primeira delas é pensar que a doação termina quando os recursos são enviados para as instituições que deles necessitam. Conhecer a entidade que recebe não é o mesmo que saber onde os recursos estão sendo aplicados. Simplesmente enviar o recurso a entidades é ter o comportamento de um doador. Saber em que o recurso foi empregado, e com que resultados, é o comportamento de um investidor social.

Existe uma demanda crescente por recursos. Indivíduos e empresas são “bombardeados” por diferentes pedidos para atender diferentes necessidades. Todos são aparentemente urgentes, e todos são meritórios. É comum o doador reagir então de maneira instintiva à solicitação. Dessa forma, os doadores acabam colaborando com entidades de forma casuística, pontual. Fazem doações diluídas, sem foco determinado, a grande número de organizações. O resultado é que o benefício social é pouco efetivo por estar diluído. O doador não consegue perceber os resultados e isso, mais tarde, pode servir de desestímulo a novas doações.

Outra dificuldade resulta da não avaliação das entidades para conhecer se elas têm capacidade técnica para utilizar, da forma mais eficiente possível, o recurso doado. Não estamos falando aqui de entidades que desviam dinheiro oriundo da filantropia – essas são casos de polícia. Estamos falando de entidade íntegras, dirigidas por pessoas honestas e verdadeiramente ligadas a uma causa, mas que muitas vezes não conseguem gerir o investimento da forma mais adequada.

A maior parte das organizações que recebem recursos são extremamente competentes em relação à causa. Não necessariamente têm a mesma competência quando o assunto é gestão. O investidor social corporativo ou individual deve pensar não apenas em ajudar a causa, mas também em apoiar a instituição beneficiada em sua performance gerencial. Assim, poderia estar protegendo o seu investimento, bem como ajudando outros possíveis investidores que se sentiriam mais seguros em doar para essas entidades.

Hoje, a tendência dos novos investidores sociais em todo o mundo é reservar um percentual da doação à qualificação da entidade: planejamento estratégico, gerência de projetos, captação de recursos, comunicação, entre outras. Aplicados corretamente, esses recursos podem ajudar não apenas a aumentar o benefício do dinheiro utilizado diretamente na causa, mas também a criar um círculo virtuoso de empreendedorismo social eficiente e eficaz.

Da mesma forma, é preciso avaliar corretamente o projeto que receberá a doação. As quatro qualidades básicas de um investimento financeiro são: liquidez, risco, prazo e taxa de retorno. De forma simplificada, podemos dizer que o investimento social estratégico também tem quatro qualidades básicas, em maior ou menor grau.

A primeira: ser catalisador. O investimento deve ser capaz de apressar um processo, permitir que os resultados sejam mais rápidos, por maior que seja o prazo do projeto – e projetos realmente transformadores costumam ser de longo prazo.

A segunda qualidade é a capacidade de provocar mudanças. Um bom exemplo de projeto que tem essa qualidade em seu mais alto grau é o Acelera Brasil, do Instituto Ayrton Senna. Os recursos foram aplicados em 15 municípios com o objetivo de desenvolver um modelo que pudesse acelerar a aprendizagem de jovens em idades e séries defasadas. Este modelo, que evitou que dezenas desses jovens desistissem de ir à escola, acabou por influenciar políticas públicas e já está sendo replicado em vários estados.

A terceira qualidade é o poder de inovação, que pode ser traduzido por propor um olhar e uma solução diferentes para um problema antigo, que ninguém conseguiu resolver. Embora os projetos mais inovadores tenham as maiores taxas de risco, podem trazer também altas taxas de retorno. Há instituições financiadoras, como a Fundação W. K. Kellogg, dos EUA, que se dedicam a apoiar projetos que têm como principal característica a inovação.

A última qualidade é a capacidade de alavancagem. O investimento pode ajudar a trazer mais investidores, criando uma rede de filantropia forte e crescente. Um bom exemplo é a Fundação Acesita, que financia vários projetos, mas sempre procurando parcerias com outros investidores sociais. A solidez do trabalho da fundação ajuda a sensibilizar e atrair novos investidores sociais, aumentando o bolo da filantropia no país.

Finalmente, é preciso medir a taxa de retorno do investimento social, ou seja, o benefício social resultante do investimento, em termos quantitativos e qualitativos. Alguns exemplos representam o aumento de crianças em escolas, ou mães atendidas em pré-natal, ou jovens que receberam educação profissionalizante. Mas o benefício também pode ser entendido como a melhora da qualidade de vida. Um bom exemplo desse indicador é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), parâmetro utilizado pelas Nações Unidas para medir o desenvolvimento de uma sociedade através de um indicador composto por indicadores econômicos, educacionais e de saúde.

O investidor social tem condições de tomar suas decisões em termos do risco e de beneficio social resultante. Para tanto deve se cercar de informações e de profissionais que possam orientá-lo. São as mesmas atitudes que toma para o investimento financeiro.

 

*Marcos Kisil é presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), São Paulo, Brasil. E-mail para contato:mkisil@idis.org.br