Etapa qualitativa da Pesquisa Doação Brasil aponta tendências

Os brasileiros demonstram menos sensibilidade às causas ambientais. Esta é uma das tendências que indicam os resultados preliminares de uma pesquisa que pretende traçar o perfil do doador brasileiro. Em sua primeira etapa, com dez grupos focais de três cidades distintas, os participantes demonstraram maior simpatia pelas causas envolvendo crianças, idosos, educação, saúde e geração de emprego. Temas como dependência química, proteção aos animas e apoio ao esporte foram recebidos de formas bem diversas. Enquanto alguns participantes rejeitaram fortemente, outros, em sua maioria os que já tiveram algum contato com esse tipo de problema, demonstraram grande apoio. A surpresa maior foi o baixo entusiasmo pelas causas ambientais, exceto pelo grupo mais jovem, os demais não listaram a defesa do meio ambiente como uma de suas causas favoritas. Mas todas essas tendências ainda serão checadas e confirmadas na etapa qualitativa da pesquisa.

 

 

A Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa coordenada pelo IDIS, em parceria com um grupo de especialistas e atores relevantes para o campo da cultura de doação no Brasil. Uma sequência de encontros de trabalho foi realizada envolvendo representantes de organizações da sociedade civil, universidades, mídia, fundações e redes e associações de classe ligadas aos temas de cultura de doação e captação de recursos.

O resultado final da pesquisa será difundido abertamente para todos os interessados, com intuito de fortalecer a cultura de doação no país e contribuir na capacitação da sociedade na captação de recursos.

 

Marcos Kisil propõe fundação comunitária para futuro de Mariana

A tragédia que assolou o município mineiro de Mariana, em Minas Gerais, com o rompimento da barragem de Fundão, da empresa Samarco, causando um tsunami de lama e devastando tudo o que encontrou pela frente, gerou uma série de discussões sobre as causas e uma onda de solidariedade que mobilizou o país. Diante deste cenário e avaliando a situação com um olhar no futuro, o fundador do IDIS e consultor estratégico, Marcos Kisil, escreveu um artigo que propõe um novo modelo de gestão para os recursos que serão destinados à reconstrução de Mariana e das cidades que praticamente desapareceram. O texto foi publicado no portal do Estadão. Marcos Kisil fala sobre a criação de uma Fundação Comunitária, um tema ainda inédito nos debates atuais.

Confira a íntegra do texto clicando aqui.

Tragédia Mariana - Antonio Cruz - Agência Brasil

Antonio Cruz/Agência Brasil

 

 

 

 

 

Paula Fabiani e Heródoto Barbeiro conversam sobre Filantropia

A criação de uma cultura de doação no Brasil vai ganhando espaço na pauta. Um esforço que tem no IDIS um braço importante. A presidente do Instituto, Paula Fabiani, esteve, no final do ano passado na Record News. Num bate papo com o apresentador Heródoto Barbeiro, esse foi um dos temas. Além disso, as doações, os impostos que impactam o setor, o futuro da filantropia, as leis de incentivo e os cases de sucesso foram tema da conversa.

Clique aqui para assistir à entrevista.

 

Heródoto e Paula Fabiani

 

 

Filantropia em tempos de crise

Logo Fórum 2015O IDIS realizou, em novembro deste ano o IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, cujo tema transversal foi “Filantropia em tempos de crise”. Um tema atual tratado com um olhar diferente. Tivemos um dia inteiro de discussões sobre como investidores sociais podem usar seus recursos e experiências bem sucedidas para ajudar o Brasil a sair fortalecido do difícil momento que está atravessando.  O sucesso do Fórum e a presença de tantos parceiros e pessoas interessadas em fazer o bem só reforça o nosso desejo de trabalhar, cada vez mais, pelo resgate de valores no país.

Veja aqui a opinião de alguns palestrantes.

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A exceção que virou regra

Logo Fórum 2015A diretora -presidente do IDIS, Paula Fabiani, chamou empresários e filantropos para se unirem contra a crise e por um país mais correto e justo. Paula, no seu discurso de boas-vindas ao IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, lembrou que o momento pelo qual passamos requer atenção não apenas pelas questões econômicas, mas pela exposição global de práticas das quais não temos motivos para nos orgulhar. A corrupção endêmica praticamente, é o oposto do que ser quer para o país.

“Hoje a exceção virou regra”, lembrou a presidente, que alertou que os filantropos não podem assistir quietos os agravamentos sociais e as rupturas de valores que estamos presenciando, e que é preciso, mais do que nunca, a união de forças.

 

Assista à mensagem de Paula Fabiani

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Como e o que pensam os jovens filantropos

Logo Fórum 2015O que as novas gerações estão trazendo em termos de transformação para a filantropia brasileira? O que pensam esses jovens que estão hoje à frente de instituições sejam mais antigas ou que surgiram mais recentemente, mas que têm um forte viés familiar? Como mudar e trazer novas ideias e enfrentar os desafios para seguir adiante e ao mesmo tempo resgatar valores importantes que se perderam diante da atual crise que vivemos?

Esses temas foram debatidos no painel “O olhar da próxima geração de filantropos”, durante o IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais . O mediador foi o Secretário Geral do GIFE, André Degenszajn, que recebeu Inês Mindlin Lafer, diretora do Instituto Betty e Jacob Lafer, Eduarda Penido Della Vecchia, diretora da Fundação Lúcia e Pelerson Penido e Raphael Klein, fundador do Instituto Samuel Klein.

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Grandes filantropos, grandes palestras

Logo Fórum 2015O tema proposto pelo IDIS neste IV Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, ‘Filantropia em Tempos de Crise’, suscitou muitas discussões sobre o futuro das instituições filantrópicas, sobre o papel das novas gerações de filantropos e o poder de mobilização da sociedade para ajudar mudar o cenário do Brasil em um momento de crise como o atual. Como bem disse a diretora do Global Philanthropy Forum, Suzy Antounian, “…nas crises surgem oportunidades para mudanças estratégicas”.  Aqui estão algumas das questões levantadas durante o encontro para a nossa reflexão e que mostram os desafios que temos pela frente não apenas para superar as adversidades, mas também para buscarmos a consolidação de uma cultura de doação no país.

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Daniel Feffer, vice-presidente da Suzano Holding: “Empresas que estão começando agora dificilmente se preocupam com responsabilidade social. Elas precisam se sustentar primeiro”, diz Feffer.

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Afonso Carrillo, filantropo guatemalteco e fundador do do Movimento MelmportaGuate, se mostrou encantado com o Brasil. “É um grande povo, um país maravilhoso …não podemos esperar por novas crises. É hora de agir, mas sei que não é fácil. Temos que resgatar valores e princípios”.

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Elie Horn, presidente do Instituto Cyrela, falou sobre como promover a filantropia: “Conscientizando os ricos. Sem dinheiro não se faz nada”.

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Guilherme Leal, co-presidente do Conselho da Natura, disse que um dos problemas que enfrentamos, é que o Brasil não estimula você a ser filantropo: “A filantropia é essencial, mas é absolutamente insuficiente”, diz. “O que faz um jovem mudar o rumo da vida? É querer ser milionário. Isso é muito pouco!”.

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1º de dezembro é o Dia de Doar

Cartaz Dia de Doar

 

O primeiro dia do mês de dezembro deste ano será o Dia de Doar. Um dia especialmente dedicado para que as pessoas prestem atenção a todas as possibilidades existentes para se fazer uma doação a alguém ou a alguma organização necessitada. Pode ser doação em dinheiro, pode ser doação de tempo, de atenção, de carinho. O importante é doar algo para transformar a vida do outro e para transformar o entorno em um lugar mais acolhedor para todos.

O site www.diadedoar.org.br tem sugestões de ações para indivíduos, empresas, governo e organizações não governamentais. O IDIS produziu material de divulgação do Dia de Doar e doou boa parte para a Associação Brasileira de Captadores de Recursos, que visitou várias cidades brasileiros convidando todos a aderir à data.

Não deixe o Dia de Doar passar em branco! Ainda dá tempo!

 

 

Brasil perde 15 posições no ranking mundial de solidariedade

O estudo anual World Giving Index, da Charities Aid Foundation (CAF), mostra que cada vez menos brasileiros doam dinheiro ou tempo de voluntariado para ajudar boas causas, apesar da quantidade de brasileiros que ajudam pessoas desconhecidas ter registrado um discreto crescimento em 2014, subindo de 40% em 2013 para 41% no ano passado, o que representa um acréscimo de cerca de 2,5 milhões de pessoas.

O World Giving Index, divulgado no Brasil pelo IDIS, é um estudo anual sobre o comportamento global de solidariedade baseado em pesquisas realizadas em 145 países, analisando três indicadores de doação: a porcentagem de pessoas que fizeram doações em dinheiro, dedicaram tempo de voluntariado e ajudaram um desconhecido no último mês anterior à pesquisa. O Brasil caiu 15 posições no índice, saindo da 90ª para a 105ª posição.

Gráfico WGI 2015 Brasil

Para a presidente do IDIS, Paula Fabiani, ainda há um longo caminho a percorrer até que a doação no Brasil alcance níveis de países similares ao nosso. “Em virtude da situação econômica, é provável que as pessoas sintam que têm menos tempo e dinheiro para doar”, diz Paula.

Em 2014, uma em cada cinco pessoas (20%) afirmou ter doado dinheiro no Brasil. Isso é menos do que os 22% de 2013 e é a porcentagem mais baixa registrada nos últimos seis anos. Os brasileiros com 50 anos ou mais continuam sendo os mais propensos a doar, apesar do segmento ter registrado queda no ano passado. Já entre os mais jovens, que são o grupo menos propenso a doar, o percentual de doadores está aumentando.

Clique aqui para acessar a íntegra do relatório World Giving Index 2014-15.

Campanha de crowdfunding para Pesquisa Doação Brasil termina com sucesso

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NOSSO MUITO OBRIGADO A TODOS OS QUE PAGARAM PARA VER!

Depois de 60 dias no ar, a campanha de crowdfunding ‘Você paga para ver?’ terminou com sucesso e atingiu a meta de arrecadar 50 mil reais. Criada para complementar os recursos necessários para a realização de uma pesquisa sobre doação no Brasil, a campanha, veiculada na plataforma Juntos.com.vc, mostrou que o tema ainda não sensibiliza muito o público, e foi necessário o apoio de grandes doadores para alcançar o valor estipulado, o que contraria um pouco o espírito do crowdfunding.

Mesmo assim, estamos muito contentes. Foram 84 doadores, majoritariamente pessoas físicas, que atenderam ao convite de contribuir com para a pesquisa. O crowfunding contou com o apoio o Instituto Arapyaú, que se comprometeu a dobrar o volume de doações, ou seja, ao final, foram captados 100 mil reais.

Com o sucesso desta etapa, foi possível contratar o Instituto Gallup para começar os trabalhos da pesquisa, cuja etapa qualitativa estará concluída ainda em 2015.

O IDIS agradece a todas aquelas pessoas que confiaram no projeto da Pesquisa Doação Brasil e doaram recursos para que a ele se torne realidade e seja o primeiro passo para o desenvolvimento de uma grande campanha pela cultura de doação no Brasil!

 

 

Missão cumprida em 2015 para o projeto das Santas Casas

Vídeo Santas CasasO presidente da Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado do São Paulo), Edson Rogatti, avaliou que a parceria com o IDIS foi positiva e que todas as Santas Casas devem mostrar os resultados do Projeto de Captação de Recursos. Ele fez esta declação em discurso no evento de encerramento do projeto no Hotel Royal Palm, em Campinas, no dia 16 de novembro. Rogatti ponderou que “o projeto trouxe mais um mecanismo para manter os hospitais com as portas abertas”.

A presidente do IDIS Paula Fabiani agradeceu à Fehosp e à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo pelo desenvolvimento do projeto e lembrou que “as áreas de captação de recursos devem sempre repensar, buscar o processo de troca e achar caminhos para o desenvolvimento junto com a comunidade”.

O fundador e consultor estratégico do IDIS Marcos Kisil comentou que a equipe do Instituto percorreu mais de 10 mil quilômetros para atender todas as Santas Casas que participaram do projeto. “O trabalho de logística foi enorme, mas esse é um projeto de capacitação que veio pra ficar. É para a vida de cada hospital”.

De janeiro a outubro, foram realizadas oficinas em 11 municípios onde as Santas Casas respondem mais da metade dos 65 mil leitos existentes. Os consultores do IDIS fizeram 300 visitas para orientar todos os hospitais na elaboração do projeto. A meta total de captação de recurso de todas as instituições envolvidas é de R$ 92.920.600.

Clique aqui e assista aqui ao vídeo que conta um pouco dessa história.

 

Vamos fazer uma pesquisa juntos?

 

Cover_Juntos2Desde o dia 8 de setembro está no ar uma campanha de crowdfunding (financiamento coletivo), lançada pelo IDIS, para captar recursos para a realização de uma pesquisa para identificar o perfil do doador brasileiro.

Até hoje, não se sabe quanto os brasileiros doam, para quais causas ou por quais motivos. Sem essas informações básicas, é difícil trabalhar por uma cultura de doação.

A pesquisa também vai tentar descobrir por que as pessoas não doam e o que poderia fazê-las mudar de ideia.

Tudo isso vai nos ajudar a entender como criar um Brasil mais solidário e uma sociedade mais proativa na solução de seus próprios problemas.

Mas para que possamos fazer a pesquisa e descobrir como é o doador brasileiro, precisamos de recursos. Já conseguimos o apoio do Instituto Arapyaú, que está fazendo um matching fund e, para cada real captado na plataforma de crowdfunding, ele vai doar outro real.

Junto conosco, tem muita gente que está construindo esta pesquisa, cada um com um jeito de colaborar: o Instituto C&A, o Movimento por uma Cultura de Doação, a Associação Brasileira dos Captadores de Recursos e o Gife, entre outros.

Você vem com a gente? Você paga para ver a ‘cara’ do doador brasileiro?

Como garantir a sustentabilidade financeira de organizações filantrópicas e educacionais

Em artigo publicado no jornal Valor Econômico, a advogada Maria Lúcia de Almeida Prado e Silva fala sobre a importância do Brasil ter uma regulamentação para os fundos patrimoniais vinculados e menciona o IDIS como um dos principais defensores desta causa.

 

FUNDOS PATRIMONIAIS VINCULADOS

Por Maria Lúcia de Almeida Prado e Silva

Artigo publicado originalmente no jornal Valor Econômico em 18 de setembro de 2015

Dois projetos de lei, um de autoria da deputada Bruna Furlan, tendo como relator o deputado Paulo Teixeira, que tramita na Câmara (PL nº 4643/2012), e outro de autoria da senadora Ana Amélia, tendo como relatora a senadora Simone Tebet (PLS nº 16/2015), em trâmite no Senado, buscam regulamentar a criação e o funcionamento de Fundos Patrimoniais Vinculados (FPVs) e concedem benefícios fiscais para as pessoas físicas e jurídicas que tenham interesse em fazer doações aos referidos fundos.

As estruturas de fundos patrimoniais, denominados “endowments” nos EUA e no Reino Unido, existem há séculos e movimentam bilhões de dólares em prol do social. França, Rússia, Índia, República Tcheca, México e China reconhecem os fundos patrimoniais em suas legislações como estruturas para o desenvolvimento social e ambiental do país.

No Brasil, ainda, necessitamos de mecanismos que promovam a sustentabilidade financeira das entidades filantrópicas e educacionais no longo prazo. Os FPVs poderiam ser o veículo para tanto.

Necessitamos de mecanismos que promovam a sustentabilidade de entidades filantrópicas e educacionais

Em outras palavras, os FPVs seriam constituídos para apoiar as atividades de interesse público exercidas por fundações e associações, incluindo instituições de ensino superior, públicas ou privadas. Receberiam e administrariam os recursos provenientes de doações feitas por pessoas físicas e jurídicas, as quais obteriam, em contrapartida, incentivos fiscais, e de outras fontes, dentro de determinadas regras.

Considera-se prever expressamente no Código Civil a figura dos Fundos Patrimoniais Vinculados, como pessoa jurídica de direito privado, com regras específicas de constituição, administração, gestão de recursos, práticas de transparência e dissolução e liquidação.

Para os FPVs que detiverem receita bruta anual ou ativo total superior a determinados valores prevê-se a obrigatoriedade de instituição de conselho de administração e de um comitê de investimentos a ser composto por três membros, que tenham notório conhecimento e experiência no mercado financeiro e de capitais para apoiar a sua gestão. Em adição, para FPVs com patrimônio superior a certo valor prevê-se a obrigatoriedade de auditoria externa independente.

O substitutivo apresentado pelo deputado Paulo Teixeira à Comissão de Finanças e Tributação (CFT), prevê que o FPV destinará à entidade vinculada os rendimentos auferidos pelo seu patrimônio, descontada a inflação do período e, em casos excepcionais, prevê que o fundo poderá destinar à entidade vinculada até 5% do patrimônio do início de cada exercício, mediante parecer favorável de todos os membros de seu órgão máximo de administração.

Da mesma forma, estabelece que o percentual de uso de recursos provenientes de doações recebidas durante o exercício será admitido até o percentual de 20% condicionada à deliberação favorável de todos os membros do conselho de administração.

Veda-se ao fundo patrimonial vinculado a prestação de garantias em benefício da entidade vinculada ou de seus credores, dirigentes e empregados.

Destaca-se que, de acordo com o citado projeto, em caso de dissolução ou extinção de entidade vinculada por um FPV, este passará a apoiar outra entidade com objetivos similares e, na hipótese de extinção do fundo o seu patrimônio líquido será destinado à entidade vinculada ou a outro FPV com objetivos similares, ambas as decisões, por deliberação unânime do seu órgão de administração máximo (do conselho de administração ou diretoria). Estabelece-se ainda que as doações a FPV não poderão ser revogadas por ingratidão do donatário, ou por inexecução de encargo.

Com relação aos incentivos fiscais, prevê o referido substitutivo, a partir da promulgação da lei que vier a ser aprovada, e durante cinco anos, a possibilidade de dedução do imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual para as doações feitas no ano calendário anterior, realizadas por pessoas físicas e jurídicas para: (associações ou fundações, constituídas no Brasil e devidamente inscritas e com regularidade de prestações de contas de suas atividades junto ao Cadastro Nacional de Entidades Sociais do Ministério da Justiça; fundos patrimoniais a elas vinculados, constituídos no Brasil e devidamente inscritos no Cadastro Nacional de Entidades Sociais do Ministério da Justiça; FPV à universidade ou instituição de ensino superior, sejam elas públicas, privadas ou confessionais, constituídos no Brasil e devidamente inscritos no Cadastro Nacional de Entidades Sociais do Ministério da Justiça (6% do imposto devido pela pessoa física e 2% do lucro operacional da pessoa jurídica).

Espera-se que a regulamentação dos fundos patrimoniais, projeto elaborado pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, incentive uma cultura de filantropia sustentável no país, com segurança jurídica e transparência, promovendo o desenvolvimento social.

Maria Lúcia de Almeida Prado e Silva é sócia e responsável pela área societária do escritório Demarest Advogados

 

Um Norte para a Primeira Infância

CabeçalhoProver os cuidados necessários para o desenvolvimento saudável de uma criança pequena é sempre complexo, mas quando falamos de regiões menos favorecidas, com baixa densidade populacional e com obstáculos naturais quase intransponíveis, trata-se de um grande desafio. Essa é a realidade da região Norte do Brasil, com territórios imensos, cobertos por florestas e rios, e uma população que está quase sempre longe dos serviços básicos.

Para discutir os esforços pela primeira infância no Estado do Amazonas e região Norte e enfatizar as políticas públicas federais e estaduais e as estratégias e desafios locais, é que o IDIS, a Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas (Susam) e a Universidade do Estado de Amazonas (UEA) organizaram o Seminário Um Norte para a Primeira Infância, que acontecerá no dia 22 de outubro, na UEA, em Manaus,

O evento abordará como porque investir na primeira infância; programas e políticas de primeira infância; e tentará traçar um mapa da primeira infância. O seminário contará com representantes do poder público, da sociedade civil e de organismos internacionais comprometidos com a primeira infância como Ricardo Paes de Barros, pesquisador e professo do Insper, Paulo Bonilha, coordenador da Área da Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde; Marcos Kisil, fundador e conselheiro do IDIS; e Vital Didonet, assessor da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar (OMEP); entre outros.

Na ocasião também ocorrerá o lançamento do livro ‘Primeira Infância: Panorama, Análise e prática’, que conta o processo de criação da Política Pública para Primeira Infância Amazonense.

Para aqueles que não puderem comparecer, mas queiram assistir, o seminário será transmitido ao vivo, a partir das 9h de Manaus (10h de Brasília)  pelo link: webconf2.rnp.br/uea.

Mudança de hábito: Santas Casas aprendem a captar recursos de forma profissional

Santa Casa São CarlosAs mais de 100 Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do estado que passaram pelo projeto de Captação de Recursos da Fehosp /IDIS deixaram de ver captação como ‘pedir socorro’. Daqui pra frente é estratégia de financiamento.

Durante nove meses de projeto, os hospitais passaram por um processo de aprendizado e treinamento, com três oficinas de capacitação intercaladas com o coaching individual para cada entidade, que serviu para colocar em prática a captação de recursos. O resultado foi surpreendente.

Muitos decidiram criar áreas e departamentos específicos para captação. Outros passaram a realizar mais eventos, valorizar e ampliar o que estava esquecido como doações por meio das contas de água e luz e pela Nota Fiscal Paulista. Tem hospital vendendo rifa para comprar um mamógrafo que beneficiará toda a região, outros participando de leilões e feiras ou vendendo camisetas para construir ou ampliar departamentos.

Para as entidades que lidam diariamente com falta de recursos e pouco apoio da comunidade, o Projeto de Captação de Recursos foi uma luz no fim do túnel e abriu novas perspectivas.

O consultor estratégico e fundador do IDIS, Marcos Kisil, colocou o pé na estrada e fez reuniões com os provedores dos hospitais. Ele citou três pontos que servem como uma injeção de ânimo: desenvolver mecanismos para administrar recursos, mostrar resultados e resgatar a participação da comunidade.

 

O consultor do IDIS, Marcelo Estraviz, um dos muitos envolvidos na iniciativa, também trabalhou com as entidades desde o começo. Percorreu quase todo o estado, de hospital em hospital, treinando os profissionais de saúde. Trabalhou duro. Conheceu gente interessada em mudar e fez amigos. “Eu vi que as Santas Casas e Hospitais Filantrópicos estão preocupados em melhorar a performance. Antes uma arrecadação era o que vinha, agora olham como um processo de melhoria contínua”, avaliou.

 

Outro ponto destacado pelo consultor é que os hospitais aprenderam a pedir de forma profissional e estão animados com a receptividade da comunidade. Hoje, as entidades enxergam os projetos de captação como pilotos para mais arrecadação. Muitos hospitais já definiram patrocinadores para áreas e quartos.

 

 

Paula Fabiani fala sobre cultura de doação na Bandnews FM

Paula 1 _2014A coluna A Política Nossa de Cada De Cada Dia, da rádio BandNews FM, aborda histórias de pessoas e grupos que contribuem para uma sociedade melhor e que vai muito além de exercer o direito do voto.

Na edição do último dia 24 de agosto, a entrevistada da coluna foi Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, que comenta sobre o papel fundamental do setor privado na diminuição das desigualdades.

Apesar dos brasileiros serem considerados solidários, a posição do país ainda está aquém em relação ao hábito de doação para causas sociais, por isso, Paula Fabiani enfatiza a como  é de fundamental importância estabelecer uma cultura de doação no Brasil.

Você pode ouvir a entrevista completa aqui. Confira!

Filantropia e relação governamental: IDIS destaca atuação das organizações da sociedade civil no Brasil para representantes de diversos países em evento na Alemanha

O fundador do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social participou em Berlim, na Alemanha, de um workshop que discutiu perspectivas sobre a filantropia árabe e global. Marcos Kisil foi um dos debatedores na sessão que abordou o papel da filantropia na sociedade e sua relação com governos.

No caso brasileiro, Kisil lembrou que desde a Constituição de 1988, todos os capítulos sociais se iniciam com o refrão “Direito do Cidadão, Dever do Estado”. Esta afirmação constitucional faz com que governos interpretem que a ação social é seu monopólio. Porém, com a incapacidade dos governos em atender as demandas sociais, e devido ao crescimento acelerado e importante da sociedade civil, progressivamente a cidadania passou articular esforços para uma maior participação. Assim, um vibrante setor passou a existir. Tal mudança, porém, não foi acompanhada pelos governos, especialmente a partir de 2003. Nenhuma lei importante foi aprovada para facilitar o desenvolvimento do Investimento Social Privado.

As iniciativas exitosas de mudanças nas ações sociais não permeiam o processo de criação e implantação de políticas públicas. Ocorre o reverso: o governo busca o apoio de recursos privados para apoiar essas políticas.

A outra questão levantada por Kisil é também relevante: o uso de recursos públicos por organizações da sociedade civil sem o devido processo de seleção e controle, gerando casos de uso indevido de recursos devido à corrupção e desmandos administrativos. Mais recentemente, foi aprovada uma nova lei, que busca sanar esses vícios para que o uso de recursos públicos se torne mais transparente e democrático na seleção das organizações. Ainda é necessário tempo para saber se provocará as mudanças esperadas.

Estiveram no evento “Perspectives on Arab & Global Philanthropy” representantes de regiões árabes, além de participantes da África, China, América Latina, Rússia, Turquia, Estados Unidos e países europeus.

Fortuna que transforma

Exame

A reportagem de capa da edição do dia 24 de junho da revista Exame, “Bilionários com causa”, surgiu como um raio de luz em meio aos demais veículos, que há meses trazem manchetes desalentadoras sobre os escândalos de corrupção que abalam o país. Apesar de sabermos do papel fundamental da imprensa na investigação e divulgação das irregularidades realizadas por políticos e empresários, faz muito bem ver que uma revista influente como a Exame apostou em uma capa trazendo histórias de pessoas que dedicam parte de suas fortunas a melhorar as condições de vida da população e a construir uma sociedade mais acolhedora.

São dez páginas traçando um panorama do Investimento Social realizado por famílias e explicando suas motivações, foco de atuação e modelo de investimento, além das facilidades e dificuldades desse caminho, A reportagem também traz números de um levantamento realizado pelo IDIS e pelo Gife especialmente para essa publicação, além de um estudo inédito, feito pela Universidade de Harvard.

Vale muito a pena ler a reportagem e lançar um olhar sobre um Brasil mais iluminado.

 

 

 

Um grande encontro para grandes questões

Por Paula Fabiani, presidente do IDIS

Levamos ao Global Philanthropy Forum uma delegação de doze brasileiros, a maior presente, e trouxemos os principais desafios e tendências do maior encontro mundial de filantropia.

Delegação Brasileira no GPF15

Delegação brasileira no GPF15

A delegação organizada pelo IDIS em parceria com o GIFE levou um importante grupo de brasileiros envolvidos com o investimento social no País para ouvir e compartilhar nossas experiências com filantropos do mundo todo.

“Quando um mundo sem pobreza vai deixar de ser um sonho para começar a ser um projeto?”. Com esta pergunta, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, abriu a 13ª edição do Global Philanthropy Forum (GPF), que aconteceu em Washington, EUA, entre os dias 22 e 24 de abril. A questão colocada pelo médico e antropologista sul-coreano, que está ao comando do Banco desde 2012, transmite a inquietação daqueles que buscam a solução para os grandes problemas sociais e veem seus esforços se diluírem em uma realidade persistentemente desigual.

Os que participaram do GPF – entre eles, três representantes do IDIS – tiveram a oportunidade de assistir a muitas palestras, depoimentos e debates ricos em conteúdo e questionamentos. Registro aqui algumas das mensagens mais significativas do evento, que representam tendências e desafios da filantropia global.

 

Desafio: Precisamos aprender a usar o imenso potencial transformador da internet.

Tendência: “A mudança geracional é grande e só quem entende das novas gerações é a nova geração” – Hadeel Ibrahim, diretora executiva da Mo Ibrahim Foundation.

Alerta: “O alto retorno no capital versus o baixo retorno do trabalho está intensificando a desigualdade social”  Sean Cleary, chairman de Conceitos Estratégicos da Future World Foundation.

Desafio: “Sustentabilidade não é uma maneira de mitigar riscos mas de aumentar os negócios, se colocada como central na condução das atividades da empresa” – Alessandro Carlucci, ex-CEO da Natura.

Alerta: “Onde você tiver pobres marginalizados, pessoas marginalizadas, você terá uma oportunidade para a escravidão”  Stella Dawson, responsável pela área de Governança e Anticorrupção da Thomson Reuters Foundation.

Desafio: As cadeias terceirizadas de produção tornam difícil chegar até quem está na ponta final. O trabalho infantil ainda atinge mais de 2 milhões de crianças no mundo todo e as empresas precisam se comprometer com esse controle.

Tendência: “Que tal lançar um selo ‘produto livre de conflito’?” – Justin Dillon, CEO da Made in a Free World.

Tendência: “Somos pobres pela forma como conduzimos nosso país e administramos nossos recursos… Como mudar isso? Melhorando o governo!” – Mo Ibrahim, fundador e CEO da Mo Ibrahim Foundation, filantropo e empresário que abandonou seu país natal, o Sudão, para progredir nos negócios. Criou um índice para avaliar a qualidade dos governos africanos.

Tendência: “A filantropia tem de parar de evitar o governo. Em vez disso, precisa colaborar com ele para aumentar a capacidade dele de solução dos problemas” – Tony Blair, filantropo e ex-primeiro ministro da Inglaterra.

Desafio: “Precisamos fazer da democracia mais do que apenas eleições. Precisamos conseguir monitorar e avaliar os eleitos” – Tony Blair, filantropo e ex-primeiro ministro da Inglaterra.

 

Vale mencionar a última sessão do evento com Peggy Dulany, filha do filantropo David Rockefeller, que morou e fez vários projetos no Brasil. Peggy reforça a importância de consultar os beneficiários, de buscar a solução dos problemas de forma coletiva. E também a atuação de Jane Wales, a incrível condutora deste evento, que consegue juntar nomes tão importante como Jim Yong Kim, do Banco Mundial, e Tony Blair, ex-primeiro ministro da Inglaterra, e que inicia e finaliza o fórum ressaltando que precisamos de todos para realizar a transformação social que buscamos (“it takes us all”): o setor sem fins lucrativos, o governo e o setor privado. O Brasil já possui modelos interessantes de parceria entre os setores, mas como levar à escala estas soluções ainda é uma questão que partilhamos com outros ao redor do mundo.

O GPF inspirou e trouxe conexões com investidores sociais de todo o mundo, com muitas oportunidades de interação e networking, como o “Speed Networking”, uma sessão na qual a cada 6 minutos conversamos com um participante diferente. As experiências musicais ao longo do evento também nos trouxeram mais sensibilidade para conectar com os outros e com os problemas de outras realidades.

As palestras e as histórias nos fizeram pensar como conduzimos nossas ações no Brasil. Além disso, reforçou a importância de refletir sobre qual nosso papel na filantropia global. O País possui um grande potencial de se tornar um celeiro de inovação social, pois possui problemas socioambientais de grande envergadura e a infraestrutura filantrópica para buscar soluções a estes problemas. Construir as parcerias necessárias é o ponto de partida para colocar o Brasil na liderança da filantropia dos países emergentes.

Quem quiser saber mais pode assistir aos vídeos em http://philanthropyforum.org/talks.

 

Membros da delegação brasileira no Global Philanthropy Forum 2015

  1. Adriana Norte – Instituto Estre
  2. Ana Carolina Velasco – GIFE
  3. Antônio Florence – Florence & Advogados
  4. Helena Monteiro – WINGS
  5. Izabel Toro – Editora FTD
  6. Juliana Ramalho – Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados
  7. Marcos Kisil – IDIS
  8. Paula Fabiani – IDIS
  9. Rafael Gioielli – Instituto Votorantim
  10. Raquel Coimbra – IDIS
  11. Vinícios M. Malfatti – Instituto Lojas Renner
  12. Virgílio Vianna – Fundação Amazonas Sustentável

 

 

 

Confiança dos brasileiros nas organizações sociais cresce, e elas voltam ao segundo lugar no ranking

Apesar de terem ocorrido em 2011, os escândalos envolvendo convênios entre organizações não governamentais e poder público tiveram efeito duradouro na opinião pública brasileira, que generalizou os maus feitos de poucos e passou a desconfiar de todo o setor. A boa notícia é que a tendência parece ter se revertido: a confiança nas organizações da sociedade civil voltou a crescer, e elas novamente são a segunda instituição mais confiável do país.

A constatação é da edição 2015 da pesquisa Trust Barometer, da agência de pesquisa de tendências Edelman Significa. O estudo avalia a confiança em quatro instituições: governos, empresas, mídia e ONGs. Desde 2011, estas amargavam um terceiro lugar, atrás da mídia e das empresas – no resto do mundo, sempre estiveram no topo.

“Foi um período difícil, justamente por conta das poucas instituições que serviram como dutos de dinheiro público”, diz o jornalista Rodolfo Araújo, diretor de Pesquisa, Conhecimento e Inovação da Edelman. Ele menciona mais um item que jogou contra o setor: “Em 2010, ocorreu um pico na confiança dos brasileiros e, ao declínio natural, juntaram-se os escândalos”.

Depois de ficar na terceira posição também nas pesquisas referentes a 2012 e 2013, as ONGs finalmente passaram para o segundo lugar em 2014, resultado de um ganho de oito pontos percentuais em relação ao ano anterior. Elas foram citadas como confiáveis por 70% dos entrevistados, pouco abaixo das empresas, que mantiveram a liderança, com 73%. A mídia perdeu sete pontos percentuais e registrou 56%. Já os governos ficaram na lanterna (37%).

As ONGs, segundo Araújo, se beneficiaram do fato de não terem sido registrados novos escândalos desde 2011. “O efeito memória se dissipou, e elas recuperaram a credibilidade por não ter aparecido nada mais contra elas”.

O segundo lugar, lembra Araújo, não é resultado apenas da melhoria na percepção sobre o terceiro setor. A desconfiança em outras duas instituições caiu. “A mídia foi afetada pelo excesso de notícias negativas dadas, enquanto, em outro momento, elas eram equilibradas com notícias positivas. Houve também um desapontamento da sociedade com os governos em relação a questões públicas.”

As organizações da sociedade civil não devem, portanto, acomodar-se com essa situação. “As ONGs precisam ficar atentas para o cumprimento das expectativas da sociedade. Há desafios de eficácia, gestão e profissionalização a serem enfrentados”, comenta o diretor.

Ao colocar as empresas e as ONGs no topo da confiança, a sociedade também está esperando uma ação conjunta desses dois atores, interpreta Araújo. “Os dois estão dividindo responsabilidade, e as organizações da sociedade civil deveriam atuar em parcerias com as empresas.”

Ele alerta que as ONGs continuam com o mesmo problema de comunicação que as impediram de reagir enquanto setor durante os escândalos de 2011. “Elas têm de aparecer mais para o público, e não ficar falando apenas para os iniciados, até para reverter certos estereótipos. Isso passa menos pelas OSCs individualmente e mais por falarem coletivamente.”

IDIS desenvolve projeto para que Santas Casas conquistem sustentabilidade

Desde o começo do ano o IDIS vem trabalhando num projeto para capacitar representantes de 117 Santas Casas do Estado de São Paulo para captação de recursos e doações. O projeto é feito em parceria com Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes de São Paulo (Fehosp) e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. No total, são 117 Santas Casas ou Hospitais Filantrópicos participantes em todo estado, organizados em 11 grupos, para tornar mais fácil entender a realidade de cada instituição.

A programação das capacitações inclui a realização de 3 oficinas, de 20 horas cada, ministradas por professores convidados e pela equipe do IDIS. Três temas centrais são abordados nos treinamentos: como fazer um diagnóstico da situação de cada hospital e identificar as possíveis pessoas e organizações que podem ser mobilizadas; decidir quais sais as necessidades prioritárias e traçar um plano estratégico para sensibilização da comunidade; e, por fim, como implementar o plano, prevendo os pontos críticos que podem comprometer o sucesso. Entre cada uma das oficinas, cada unidade recebe a visita de equipes do IDIS para um trabalho de coaching que verifica, in loco, como os participantes estão lidando com as ‘lições de casa’ que receberam. A ideia é que cada oficina sirva para retomar e consolidar o conteúdo a partir do que os profissionais encontram na prática.

A primeira rodada de treinamentos começou em janeiro e segue até o fim de março, envolvendo quatro grupos de santas-casas, que se reuniram em quatro municípios: Ourinhos, Votuporanga, São Carlos e Limeira. O segundo grupo receberá capacitação entre os meses de abril e junho, em outros quatro municípios: Araçatuba, Franca, Mogi Guaçu e São José dos Campos. E de julho a setembro, o terceiro grupo, reunindo as cidades de Catanduva, Marília e Marcelina.

Ainda como parte do projeto, será estabelecida uma rede virtual para uso dos hospitais participantes, e para sua interação com a Fehosp. Por meio de uma plataforma, os participantes terão acesso a um espaço virtual para compartilhamento de experiências, documentos de interesse, grupos específicos, realizar fóruns virtuais, postar fotos e vídeos, estabelecer uma sala de bate-papo.

AS SANTAS CASAS HOJE

As Santas Casas e Hospitais Beneficentes são responsáveis por 1/3 do sistema de saúde do País. No Estado de São Paulo, respondem por 33 mil dos 65 mil leitos existentes. Além disso, 70% das unidades estão localizadas em municípios com até 30 mil habitantes, onde, em grande parte, representa a única alternativa de atendimento hospitalar público.

Faz alguns anos que os repasses recebidos do sistema público de Saúde não cobrem as despesas e, diante desta realidade, está cada vez mais difícil para as Santas Casas cumprirem o papel social. Algumas fecharam as portas e muitas estão diminuindo o número de atendimentos para o SUS como forma de atenuar o déficit operacional. A ideia da parceria do IDIS com a Fehosp é criar mecanismos de sustentabilidade para esses hospitais.

Estima-se que as doações no Brasil somam aproximadamente 20 bilhões de reais por ano. A área que mais recebe esse tipo de recurso é a da Educação, e a Saúde aparece em nono lugar, segundo levantamento do GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas. Por isso, existe uma oportunidade real de que o setor da Saúde possa ser redescoberto como área de interesse para uma crescente filantropia no Brasil.

Uma das principais fontes de financiamento desses hospitais no passado, e que caracterizaram as Santas Casas como verdadeiros hospitais comunitários, foi o apoio da sociedade local para a sua construção, instalação e operação. “Antes de serem integradas ao SUS, as Santas Casas eram sustentadas pelas comunidades locais, que cobravam sua boa gestão”, diz Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

A realidade atual é que o apoio comunitário foi diminuindo na medida em que o SUS avançou como principal fonte compradora de serviços. Se a saúde passou a ser um dever constitucional e universal do governo, já não haveria necessidade da participação da comunidade local em seu financiamento. Porém, a conta não fecha.

Terceiro setor precisa unificar voz na relação com a imprensa

As organizações não governamentais podem, vez ou outra, aparecer com destaque positivo no noticiário – mas não como conjunto. Embora já encarado como um segmento específico da sociedade, a ponto de frequentemente vir agrupado sob a designação de “terceiro setor”, esse universo quase sempre é retratado de maneira fragmentado pela mídia. Quando o enfoque é setorial, a tendência é que seja negativo. Foi o que ocorreu, por exemplo, no escândalo de 2011 envolvendo convênios com o governo: o problema era restrito a poucas organizações da sociedade civil (OSC), mas todo o campo acabou sob suspeita frente à opinião pública.

Para especialistas, esse é um sinal de que passou da hora de as organizações da sociedade civil terem atuação mais coordenada para falar com a imprensa. “O modo fragmentado do noticiário sobre as OSCs tem relação direta com o modo de operação desse setor, e isso precisa ser repensado”, avalia a jornalista Suzana Varjão, gerente de qualificação de mídia da Andi Comunicação e Direitos, instituição que promove um diálogo mais qualificado entre organizações da sociedade civil e imprensa.

Um estudo da própria Andi respalda a fala de Suzana. Em 2014, a entidade publicou a pesquisa A imprensa brasileira e as organizações da sociedade civil, análise da relação entre os dois atores. Uma das conclusões é que a mídia nacional tem uma visão muito compartimentada do setor social privado, pulverizado em uma miríade de instituições.

“Há uma característica determinante nesse tipo de noticiário, que tem implicações boas e ruins: seu modo individualizado de produção, centrado em organizações ou ações/projetos específicos (82,8% dos textos analisados), em detrimento de registros sobre o funcionamento geral do setor, seus desafios e potencialidades – 9,2%”, diz o relatório.

Cursos
Por ser um campo com conceitos próprios, por vezes falta aos jornalistas entendimento sobre como funciona o setor social privado. Por isso, cursos de formação também ajudam a aprimorar a cobertura jornalística. “Criar cursos seria uma coisa interessante, e nós temos a intenção de explorar mais isso, e promover encontros e discussões sobre o setor dentro das redações”, afirma Vera.

Em 2013, o IDIS ofereceu uma formação gratuita para profissionais de mídia. A capacitação, que durou uma semana, abordou alguns aspectos do investimento social privado, como os fundos patrimoniais e o marketing relacionado à causa. Além disso, lideranças do setor também participaram de conversas com os jornalistas.

“Claro que existem profissionais preparados para cobrir o assunto – e tão gabaritados que vêm participando, com as OSCs, desse processo de retomada do capital ético desse setor fundamental da democracia brasileira. Mas é preciso compreender que as notícias são construídas por atores das duas esferas, e que ambas são extensas e complexas. Nessa perspectiva, são sempre necessárias iniciativas de qualificação de seus atores”, comenta Suzana.

Mário Magalhães Chave: a perda do Mestre

Marcos Kisil*

Sou uma das pessoas que tiveram o privilégio de conhecer, trabalhar, e principalmente ter em Mário um mestre da vida. Seja ela a vida profissional, a vida em sociedade, a vida em família.

O Dr. Mário, como era mais conhecido, faleceu no último sábado dia 28 de fevereiro tendo a família ao seu lado.

Sua formação profissional como Odontólogo (1941) e Médico (1948) ocorreu na antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro, na cidade do Rio de Janeiro onde nasceu. Na mesma Universidade viria a completar seu doutoramento em Odontologia (1953) e Livre Docência em Patologia e Terapêutica (1953). Tendo em 1951 concluído a sua primeira especialização na Universidade de Illionois, na área de Farmacologia, volta aos Estados Unidos para seu Mestrado em Saúde Pública na Michigan University (1955). E é nesta área de Saúde Pública, que hoje também pode ser chamada de Medicina Coletiva, que Mário passa a atuar de maneira relevante para o benefício da humanidade.

Como sanitarista trabalhou durante dois anos na Fundação SESP (Serviço Especial de Saúde Pública), doze anos na Organização Pan-Americana da Saúde e na Organização Mundial da Saúde, tendo ocupado postos em Washington, Rio de Janeiro, Buenos Aires e Genebra. Chefiou o Departamento de Administração de Saúde na antiga Escola Nacional de Saúde Pública, hoje Instituto Presidente Castello Branco. Foi Diretor Adjunto da Associação Latino-americana de Faculdades de Odontologia e da Federação Pan-Americana de Associações de Faculdades de Medicina.

No mesmo período atuava como diretor de programa da Fundação W. K. Kellogg, tendo sob responsabilidade o programa da Fundação na América Latina. Mário emprestou seu talento e tirocínio para disseminar a fluoração da água e do sal como meios preventivos para a cárie bucal, atuou para a criação de um corpo de conhecimento que hoje conhecemos como Medicina Familiar, participou intensamente da criação e desenvolvimento dos Núcleos de Tecnologia para o ensino profissional na área da Saúde (centros conhecidos como NUTES/CLATES), atuou na criação e ativação de entidades como a Associação de Faculdades de Medicina (FEPAFEM, ABEM), Odontologia (ALAFO), Enfermagem (ABEn), Associação de Programas e Departamentos de Medicina Coletiva (ABRASCO), e na Rede UNIDA (Programas de articulação docente/assistência/comunidade). Colaborou no planejamento e implantação de programas acadêmicos em odontologia social e sanitária, entre outros, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

Sua intensa atividade acadêmica também se reflete nos livros e artigos que publicou (alguns em co-autoria), sendo seminais e pioneiros na discussão de temas valorosos para o entender e agir no setor da Saúde, e que se tornaram verdadeiros oráculos para os estudiosos do setor, tais como: Manual de odontologia sanitária (1960); Odontologia sanitária (1962); Saúde e sistemas (1972); Saúde, uma estratégia de mudança (1982); Odontologia social (edições de 1977 e 1986); Cambios en la educación medica: un analisis de la integración docente asistencial en América Latina (1884); Perspectivas da integração docente-assistencial (1983); Algumas reflexões sobre IDA: antecedentes do ideário UNI (1994)

Suas ações, profissionais e acadêmica, foram reconhecidas com vários títulos honoríficos, cabendo destacar: Doutor Honoris Causa da Universidade do Brasil (1964) da Universidade Federal da Bahia (1985), Universidad de Buenos Aires (1995), bem como de universidades em Medellín, Colômbia (1965), Lima, Peru (1972), Cochabamba, Bolívia (1978) e Santiago de Los Caballeros, República Dominicana (1986).

Mário ocupou a Cadeira 42 da Academia Brasileira de Odontologia

Também será lembrado pelo estímulo, apoio, e generosidade para com os jovens profissionais, especialmente ao recomendar os candidatos às bolsas de estudo da Fundação Kellogg, permitindo assim que uma liderança acadêmica e profissional fosse formada na América Latina e especialmente no Brasil. Contamos em centenas os agraciados que galgaram posições de liderança na região, seja na Universidade, Ministérios da Saúde, ou na própria carreira internacional dentro do sistema OPS/OMS. Mário, como ex-bolsista, conhecia o poder que esta decisão acarretava na vida de um jovem.

Fui bolsista, consultor, e vim a substituir Mário quando de sua aposentadoria como Diretor da Fundação Kellogg. Tive o privilégio de tê-lo como conselheiro e amigo na concepção e implantação de programas extremamente exitosos para a nossa região, entre os quais destaco a Fluoração do Sal, o Programa UNI para as profissões da saúde, e Kellogg International Leadership Program em liderança.
Mário, por meio dessas ações com a Fundação Kellogg, introduziu e nutriu de maneira antecipatória o que viria a ser uma filantropia estratégica, desenvolvimentista, e voltada à emancipação de seus beneficiários como se propõe atualmente em oposição direta ao assistencialismo e paternalismo de doadores.

Sua paciência, mansidão e entusiasmo eram características que ampliavam a importância de sua sabedoria

Não existiria o IDIS, e toda a transformação proposta para o investimento social privado na América Latina, e especialmente no Brasil, se não fosse o seu denodo em fazer da doação um instrumento de mudança social.

Obrigado, Dr. Mário. Descanse em paz!

(*) Ex-Diretor da Fundação W.K.Kellogg para América Latina e Caribe, Fundador do IDIS

SP Sedia Encontro Global Sobre Inclusão Das Mulheres na Economia da América Latina

Enquanto os olhos do mundo se voltam para o Brasil às vésperas da Copa, um grupo de líderes globais vai se reunir em São Paulo para debater o papel das mulheres na economia da América Latina, discutir maneiras de aumentar a inclusão feminina e entender a relação entre negócios, deenvolvimento e direitos humanos.

Essas serão algumas das questões abordadas no 3º Women´s Forum Brazil, que vai acontecer em 26 e 27 de maio, em São Paulo, e cujo tema será “Criando uma economia próspera para todos”.

Entre os palestrantes estarão a ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci de Oliveira; a diretora da Clinton Global Initiative, Penny Abeywardena; a CEO do Magazine Luiza, Luiza Trajano; e a vice-presidente executiva do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Julie Katzman.

O evento é um desdobramento do Women’s Forum for the Economy and Society (http://www.womens-forum.com/), uma iniciativa criada em 2005 em Paris e que se tornou uma importante plataforma mundial para as mulheres expressarem suas vozes e seus pontos de vista sobre temas econômicos e sociais relevantes.

As inscrições para o evento, que acontecerá no hotel Grand Hyatt, vão até o dia da abertura do encontro, e podem ser feitas no sitehttp://www.womens-forum.com/meetings/women-s-forum-brazil-2014/13/apply.

Crescimento Econômico Pode Impulsar Doações no Brasil, Avalia Gerente da CAF

O primeiro módulo brasileiro do Foundation School 2014, realizado pelo IDIS em São Paulo, discutiu as oportunidades de crescimento de doações decorrentes da ampliação da classe média e da classe alta no Brasil e no mundo. O encontro, em 27 de maio, incluiu uma apresentação sobre o tema feita pelo gerente de política internacional da organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), Adam Pickering.

Ele apresentou dados sobre o crescimento dos dois grupos. Segundo o estudo The Wealth Report, por exemplo, o número de pessoas com mais de US$ 100 milhões vai aumentar em todas as regiões do mundo entre 2011 e 2016, com incrementos expressivos principalmente na Ásia, na América do Norte e na América Latina. O Brasil, segundo o Crédit Suisse, tinha, em 2013, cerca de 220 mil milionários. Em 2018, devem ser 407 mil (um salto de 84%).

Já um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico prevê que, entre 2009 e 2030, haverá um crescimento da classe média de 165%, com destaque, principalmente, para Ásia, Oriente Médio e Norte da África.

A classe média brasileira, segundo as estimativas apresentadas por Pickering, terá gastos de cerca de US$ 1,2 trilhão em 2030. Se os brasileiros se comportarem como os britânicos, que doam 0,4% de sua renda, isso representará U$ 4,9 bilhões direcionados ao investimento social privado apenas por indivíduos. Ou seja, o potencial de fortalecimento do setor social privado brasileiro, para Pickering, é enorme.

Apesar das promessas de um futuro brilhante para as doações individuais brasileiras, existem, segundo Pickering, algumas barreiras muito sérias a serem enfrentadas. Por exemplo, o Brasil tem caído no ranking do World Giving Index (WGI), estudo anual da CAF que avalia a solidariedade social com base em três comportamentos: doar, ajudar um estranho, fazer trabalho voluntário. Em 2009, o Brasil estava na 59ª posição; em 2012, caiu para a 91ª.

Além disso, o Brasil sofre com uma desconfiança da sociedade em relação às organizações não governamentais. A pesquisa Trust Barometer, aplicada em vários países, mostra que as ONGs estão sempre no topo da confiança, seguidas pelas empresas, a mídia e o governo. No Brasil, no entanto, as organizações estão em terceiro lugar, à frente apenas do governo.

Uma das propostas apresentadas por Pickering para mudar essa situação e liberar o potencial donativo no país são os incentivos fiscais à doação. Dividindo as nações em quatro faixas de renda (baixa, baixa e média, alta e média, alta), o palestrante mostrou que em todas elas a doação de dinheiro é maior onde há alguma forma de incentivo.

As discussões propostas nos módulos nacionais do Foundation School este ano estão atreladas à iniciativa Future World Giving, da CAF, organização britânica com a qual o IDIS faz parte de uma aliança global para apoiar a filantropia no mundo.

O objetivo da iniciativa Future World Giving é disseminar a mensagem de que se os governos agirem agora o futuro da filantropia pode ser iluminado, com pessoas no mundo todo se engajando no apoio a uma sociedade civil vibrante e que atendam às necessidades sociais.

Este ano serão publicados três relatórios da iniciativa, e o IDIS traduzirá os três para o português.

 

 

Pesquisa IDIS/IPSOS Public Affairs: Retrato da Doação no Brasil

Estudo revela novos aspectos do comportamento do brasileiro em relação à doação: a) Brasileiros não se sentem estimulados para doação e voluntariado; b) Brasileiros doam mais para pedintes de rua e igrejas do que para organizações da sociedade civil; c) 84% da população desconhece que pode fazer doações utilizando parte do Imposto de Renda; d) Crianças e idosos são grupos populacionais que mais sensibilizam a população para doações em dinheiro.

São Paulo, fevereiro de 2014 – O Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e a Ipsos Public Affairs divulgam os resultados da pesquisa Retrato da Doação no Brasil, em um estudo que traça o perfil do brasileiro em relação às doações e causas sociais.

O levantamento realizado em três etapas e que ouviu mil pessoas em cada fase, em 70 cidades do Brasil, sendo nove regiões metropolitanas, concluiu que o hábito de doar, seja tempo ou recursos, não faz parte da cultura do brasileiro. Um exemplo disso é que 73% não se sentem estimulados pelo seu círculo de convivência (família, comunidade, escola e trabalho) a realizar doações ou trabalho voluntário. “A Copa do Mundo Fifa, que se aproxima, bem como os Jogos Olímpicos, em 2016, são eventos que poderão contribuir para incentivar o voluntariado no País e o governo pode aproveitar este momento para fomentar a cultura de doação junto à sociedade”, analisa Paula Jancso Fabiani, diretora executiva do IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.

Em relação à doação em dinheiro, poucos brasileiros tiram a mão do bolso, mas quando o fazem destinam as doações para pedintes (30%), para igrejas (30%) e, em terceiro lugar, para organizações da sociedade civil (14%). “O aumento da renda média da população não parece estar refletida no percentual da população que doa. Um dos motivos que pode explicar essa tendência é a percepção do brasileiro de que o governo está preenchendo essa lacuna, com políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família”, pondera Paula Jancso Fabiani, diretora executiva do IDIS.

1 – Brasileiros ajudam mais pessoas pedintes de rua e igrejas que organizações da sociedade civil:

Ipsos 2014 Graf 1

2 – Os brasileiros da região Nordeste são os mais sensíveis a doar para pedintes, enquanto os da região Norte e Centro-Oeste doam mais para organizações da sociedade civil e igrejas quando comparados com os das outras regiões:

Ipsos 2014 Graf 2

3 – Do total de doações, as classes C, D e E doaram mais para pedintes de rua e para igreja em comparação as classes A e B, que doam em proporção maior para organizações:

Ipsos 2014 Graf 3

4 – Em relação às causas que inspiram os brasileiros a doar, crianças estão em primeiro lugar (33%), seguidas de idosos (18%), saúde (17%) e educação (7%).

5 – Outro ponto que merece atenção é o motivo para poucos brasileiros doarem. Do total de entrevistados, 58% informaram que não têm dinheiro, enquanto 18% afirmaram que não doaram porque ninguém solicitou e 12% porque não confiam nas organizações. A pesquisa também descobriu que 85% dos entrevistados não recebeu nenhum pedido de doação provenientes de organizações nos últimos 12 meses:

Ipsos 2014 Graf 4

“Números indicam que também falta a ‘cultura de pedir’ por parte de quem precisa dos recursos. Esse resultado reforça a percepção de que há muito espaço para o crescimento das doações, a partir de um trabalho de captação estruturado e persistente”, afirma Paula.

6 – Em relação aos mecanismos de doações dedutíveis do Imposto de Renda, o desconhecimento dos brasileiros é grande: 84% disseram não conhecê-los:

Ipsos 2014 Graf 5

Esse percentual é significativo e indica o potencial de crescimento para doações realizadas via incentivos fiscais. Segundo Paula Fabiani, “atualmente a dedução praticamente só pode ser realizada quando a doação é para projetos via leis de incentivos ou Fumcad – Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. O ideal é que haja a ampliação do incentivo fiscal para dar liberdade para o doador beneficiar diretamente as organizações da sociedade civil”.

Metodologia da pesquisa Public Affairs – A pesquisa Ipsos Public Affairs foi realizada em três etapas: julho, outubro e dezembro de 2013, a partir de entrevistas quantitativas com mil pessoas em cada rodada. A primeira etapa foi probabilística para a seleção dos municípios: 70 municípios do Brasil, sendo nove regiões metropolitanas. Na segunda etapa foram selecionados aleatoriamente setores censitários para compor a amostra e as entrevistas foram realizadas nos domicílios a partir de cotas das variáveis  sexo, idade, ocupação, nível sócio econômico e nível de escolaridade. A margem de erro da pesquisa Ipsos Public Affairs é de 3 pontos porcentuais, com coeficiente de confiança de 95%.

** Percentuais baseados nos entrevistados que utilizaram pelo menos um canal de comunicação para entrar em contato com alguma empresa nos últimos 12 meses.

Informações à imprensa – G4 Solutions
Tamer Comunicação Empresarial
Geyse Alencar – geyse@tamer.com.br
(11) 3031-2388// 9-9940-0128

POR QUE OS INVESTIDORES SOCIAIS BRASILEIROS NÃO DIVULGAM O QUANTO DOAM?

O jornal quinzenal “The Chronicle of Philantropy” faz, todo ano, uma lista das maiores doações feitas publicamente por norte-americanos. Considerando apenas as maiores de 1 milhão de dólares, foram doados U$ 9,6 bilhões em 2013. No Brasil esses números são desconhecidos – aqui, não se sabe quanto, ou mesmo se, os detentores de grande fortuna doam a causas sociais. Para entender essa realidade, o IDIS convidou quatro especialistas para comentar. Entre os pontos em comum observados, eles indicam a necessidade de criar uma cultura de doação (ainda incipiente no Brasil, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos) e a importância de falar publicamente sobre doações para inspirar outras pessoas.

Alguns apontaram, no silêncio dos milionários brasileiros, razões de segurança; outros veem um problema mais de fundo, a desigualdade social, que faria a elite viver em uma redoma e, por isso, não ter senso coletivo.

Veja abaixo os principais trechos das respostas.

Joana Mortari, diretora da Associação Acorde:

“Nos Estados Unidos, declarar a doação é algo positivo e valorizado. As pessoas doam para inspirar e também para serem reconhecidas e admiradas. No Brasil, a admiração está apenas no ganhar, e não no doar. Os valores são diferentes.”

“Muitos aqui dizem que o problema é a falta de incentivo fiscal para doação. Mas, se doar fosse um valor e gerasse reconhecimento social (status), as pessoas tirariam do caixa e não ficariam esperando um dinheiro de renúncia fiscal para doar – dinheiro que, aliás, é considerado para muitos como do governo, já que o poder público está abrindo mão de um recolhimento. Incentivo ajuda, mas a falta dele não é o centro do problema.”

“O norte-americano tem um sentimento de construção coletiva da nação, de corresponsabilidade com o governo na construção do país. Já no Brasil nós delegamos ao governo e ponto. Assim, há uma sensação coletiva de que se pagamos os impostos, fizemos nossa parte. Nesse contexto, declarar grandes doações inspira mais críticas do que seguidores. Acrescente a isso que existe um problema de segurança, e pronto: não há nenhum bom motivo mesmo para declarar doações.”

“Precisamos mudar esse sistema de valores ao fomentar a cultura de doação. Quando doar for motivo de orgulho e reconhecimento social, fazer o ranking será o mais fácil.”

Paula Fabiani, diretora-executiva do IDIS:

“Temos poucos dados nessa área. Estudos como o Censo e a Pesquisa de Orçamento Familiar, ambos do IBGE, não abordam de forma direta a questão da doação no país. Os bancos tampouco mapeiam os valores relativos à doação de seus clientes de alto poder aquisitivo. E as informações das declarações de Imposto de Renda também não nos fornecem um bom panorama, pois há poucas possibilidades de utilização de incentivo fiscal (o que não estimula o doador a declarar a doação), a declaração de Imposto de Renda simplificada não permite informar a doação, e o universo de declarações completa se restringe a algo em torno de 10 milhões de brasileiros.”

“Faltam motivadores para a declaração da doação, pois o governo não realiza campanhas nem dá suporte para incentivar esse tipo de atitude.”

“Existem evidências para se pensar que o investidor social privado é relutante em expor os valores de doação. Uma razão importante é o fato de as doações ocorrerem via empresa, para a qual há incentivos fiscais mais abrangentes. Outro motivo reportado por alguns é a questão da segurança. Além disso, a exposição gera um aumento no volume de solicitações de doações.”

“Não existem estudos que demonstram um panorama das grandes doações individuais, como ocorre nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. A inexistência dessa informação dificulta a identificação do tamanho do setor filantrópico e sua evolução ao longo dos anos, assim como a própria ação das organizações da sociedade civil na captação de recursos.”

“Em 2013, assistimos à maior doação individual do ano nos Estados Unidos, e de um indivíduo com menos de 30 anos: Mark Zuckerberg, cofundador do Facebook doou US$ 1 bilhão para a Silicon Valley Community Foundation. Não temos informações dessa natureza para inspirar nossos investidores sociais no Brasil.”

“Os filantropos brasileiros precisam se sentir parte de uma comunidade e, para isso, precisam de informações sobre essa comunidade. É imperativo realizar um mapeamento periódico que permita ao setor e ao governo buscar políticas públicas mais favoráveis e acompanhar o impacto destas no desenvolvimento do setor filantrópico no país.”

Marcos Flávio Azzi, fundador do Instituto Azzi

“O topo de tudo é a falta de senso coletivo, a vida ‘guetizada’ que as pessoas vivem. Pode-se tranquilamente viver num oásis de primeiro mundo, completamente isolado do Brasil como um todo. Disso, derivam todos os problemas.”

“O senso coletivo da classe baixa é maior. Ela vive a realidade, usa os instrumentos públicos, o hospital, a escola, o transporte coletivo, o parque.”

“Aqui, a pessoa não é elogiada por fazer doação nem recriminada por não fazer, e isso já abre um abismo entre a gente e os norte-americanos”

“Ter comportamento altruísta é doar uma parcela relevante do patrimônio, de forma recorrente, com um objetivo específico e impessoal, sem esperar algum tipo de benefício. Aqui, as pessoas de alto poder aquisitivo fazem exatamente o oposto: a doação é esporádica, não é recorrente, é irrelevante em relação ao patrimônio e, geralmente, visando algum benefício – porque um amigo pediu ou tem algum incentivo fiscal”.

“Mais importante do que ter incentivos fiscais é ter desincentivos para não doar. Nos Estados Unidos, as heranças são taxadas em 50%, enquanto em São Paulo são só 4%. Os norte-americanos não doam porque há incentivos, mas sim porque ser filantropo vem de berço – isso é que forçou a criação dos incentivos”.

“Para melhorar a situação do investimento social privado no Brasil, é preciso aproximar cada vez mais a classe alta do coletivo, usando instrumentos que tornem o coletivo mais presente; o incentivo fiscal é importante, claro, mas tem de fazer umas 20 coisas para reverter a situação atual”.

Anna Maria Peliano, pesquisadora do Ipea, coordenadora do estudo “Benchmark do investimento social corporativo”

“Há pesquisas sobre empresas, mas não para doações individuais, ainda que o investimento social privado de negócios familiares tenha a ver com as opiniões dos donos. A situação lembra a da filantropia corporativa de duas décadas atrás. O investimento social corporativo na década de 90 também não era divulgado, não se valorizava falar sobre isso”.

“O brasileiro não tem tradição de divulgar doações, diferentemente dos Estados Unidos. É importante falar sobre investimento social privado, principalmente os grandes doadores. Isso estimula os outros a fazerem o mesmo e cria uma cultura de doação”.

“Para melhorar o ambiente do investimento social privado no Brasil, é preciso estruturar, organizar, divulgar. A sociedade começa a valorizar, a ver que não é só promoção individual. Deve-se trazer exemplos, estruturas, práticas.”

 

 

OSCS Brasileiros Ainda Usam Muito Pouco as Novas Tecnologias

O acesso a computadores e internet é quase universal entre as empresas: 97% estão conectadas à rede mundial de computadores, segundo o Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br). O quadro nas organizações sociais brasileiras (OSCs), no entanto, é outro. “Cerca de 30% das entidades que pesquisamos nem computador têm”, relatou o pesquisador Fábio Senne, do Cetic.br, em seminário durante a ONG Brasil, evento de responsabilidade social que aconteceu em São Paulo entre 28 e 30 de novembro.

A pesquisa, chamada “TIC – Organizações sem fins lucrativos”, mapeou pela primeira vez a infraestrutura tecnológica de 3.546 entidades sem fins lucrativos. O estudo foi apresentado no “Seminário Web Social – nós somos as ponto org ponto br”, organizado pelo Instituto Doar.

O resultado mostra que muitas organizações passam pelas redes sociais antes de criarem um site próprio. “Entre a conectividade e o uso expressivo ainda resta um longo caminho a trilhar”, disse Senne. Para ele, faltam planos de ação para “trabalhar a capacidade e a habilidades das OSCs” em lidar com a internet.

Um dos usos da rede ainda negligenciados pelas entidades brasileiras é a chamada telefonia voice over internet protocol (VoIP), ou seja, usar a internet para fazer ligações. “É uma maneira ótima de trabalhar em redes e conferências, e é barata”, afirmou Senne.

“As organizações têm dificuldade de se apropriar da tecnologia”, acrescentou o diretor de operações da Associação Telecentro de Informação e Negócio, Valter Cegal. As entidades, destacou, amargam falta de experiência no uso de tecnologia com baixa capacitação de seus funcionários.

Essa carência tem impacto direto na administração das OSCs. “As tecnologias de informação melhoram a gestão, a contabilidade, o marketing, a comunicação e a realização de projetos”, apontou Cegal.

Planejamento

A gestão foi tema de outras duas falas no seminário. O diretor presidente da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), Roberto Barth, apresentou a pesquisa “Planejamento estratégico em ONGs”. O levantamento mostrou que, das 38 entidades pesquisadas, 70% disseram ter feito planejamento estratégico nos últimos dois anos. “Só que se trata mais de pensamento do que de planejamento”, comentou Barth.

É que, justificou, frequentemente o plano até existe, foi escrito, “mas ninguém sabe onde está, não foi nem colocado no site da entidade”. Segundo Barth, as grandes entidades até estão mais avançadas em termos de planejamento, mas as pequenas e médias ainda têm muito a avançar.

A apresentação do consultor Eleno Gonçalves Júnior abordou a necessidade de as OSCs terem superavit. “Não ter fins lucrativos é diferente de ser deficitário”, resumiu.

O principal problema, avalia, são as despesas com a manutenção da estrutura das entidades. “Investidores querem financiar projetos”, ressaltou. Ele criticou a prática das entidades de sempre colocarem um valor de 10% acima do preço do projeto para conseguir recursos para infraestrutura. Não faz sentido trabalhar com um percentual fixo para todas, argumentou. “Tem de abandonar esse paradigma, parece garçom; 10% pode ser muito ou pouco”.

Gonçalves Júnior defendeu que as organizações construam uma relação diferente com os financiadores, baseada principalmente na transparência, para que se possa negociar recursos com eles.

Novas ferramentas

O seminário também serviu para apresentar novas ferramentas tecnológicas que estão à disposição das OSCs. Graziela Tanaka, por exemplo, falou sobre a Change.org, plataforma de abaixo-assinados que ela dirige. “A coleta de assinaturas complementa táticas tradicionais de mobilização e advocacy, além de ajudar a conquistar apoiadores que podem se tornar doadores.”

Outra forma de atrair doações é o crowdfunding, um microfinanciamento de iniciativas. “A ideia é viabilizar projetos com muitas pessoas doando pouco”, explicou o CEO do Mobilize, André Gabriel. Segundo ele, o crowdfunding é muito baseado em uma relação de confiança entre doador e organização, e é preciso uma mobilização constante das entidades para conseguir os recursos de que necessitam.

 

 

Investimento Social de Empresas ‘Dribla’ Economia Fraca e Cresce 18% no Brasil

Os investimentos sociais de empresas no Brasil cresceram 18% entre 2011 e 2012, apesar do fraco desempenho da economia no período. Os dados são da pesquisa Benchmark do Investimento Social Corporativo (Bisc), realizada pela Comunitas, organização da sociedade civil fundada por Ruth Cardoso e voltada à gestão e à pesquisa em responsabilidade corporativa. O volume de recursos somou R$ 2,5 bilhões – o maior desde que o levantamento começou a ser feito, em 2008. Em 2011, o valor havia sido de R$ 2,1 bilhões.

Os investimentos sociais de empresas no Brasil cresceram 18% entre 2011 e 2012, apesar do fraco desempenho da economia no período. Os dados são da pesquisa Benchmark do Investimento Social Corporativo(Bisc), realizada pela Comunitas, organização da sociedade civil fundada por Ruth Cardoso e voltada à gestão e à pesquisa em responsabilidade corporativa. O volume de recursos somou R$ 2,5 bilhões – o maior desde que o levantamento começou a ser feito, em 2008. Em 2011, o valor havia sido de R$ 2,1 bilhões.

Os dados foram colhidos de 224 empresas, 30 fundações empresariais, um instituto independente e uma federação de empresas. Além de contrastar com a economia fraca do período, o aumento superou as expectativas das próprias entidades pesquisadas: 81% investiram mais do que previam na edição anterior da pesquisa.

O bom desempenho “reflete a continuidade de um processo de maior envolvimento das empresas com os investimentos sociais, que se manifesta na menor sensibilidade dos valores aplicados a oscilações anuais no ciclo econômico”, avalia o relatório.

O documento também afirma que os projetos se estendem por um período maior do que o calendário anual, o que significa que os aportes frequentemente se mantêm para dar continuidade à ação social. “Uma vez iniciado, o ritmo do projeto pode exigir a continuidade das aplicações, caso contrário, a paralisação das obras ou a interrupção dos serviços prejudicaria as comunidades e comprometeria o relacionamento das empresas com elas”.

Outro ponto positivo apontado pelo texto é que a proporção do investimento social das empresas no Brasil, em relação ao lucro bruto, permanece acima da registrada por companhias norte-americanas. Em 2012, a porcentagem chegou a 1,37%. Nos Estados Unidos, a fatia é de 1%, segundo o Committee Encouraging Corporate Philantropy. Os números nacionais superam os norte-americanos desde 2009, mas a diferença vem crescendo desde então. Isso ocorre mesmo entre as companhias de pequeno ou médio porte (1,39%).

Os motivos mais citados para injetar recursos na área social são a aproximação com as comunidades (70%), o fortalecimento da imagem e da reputação da empresa (65%) e a melhoria na qualidade de vida dos beneficiários (61%).

Perfil do investimento

Educação e cultura continuam sendo as áreas campeãs de investimentos sociais das empresas analisadas pela pesquisa. Em 2012, 44% dos recursos foram para os dois campos. A educação, sozinha, recebeu R$ 679 milhões – 15% a mais do que em 2008.

A participação dos incentivos fiscais nos investimentos sociais chegou a um patamar histórico, mas ainda se restringe a 25% do total investido pelas organizações pesquisadas. Parte significativa das entidades (30%) não usa incentivo fiscal algum para financiar projetos. Por isso, o relatório conclui que os benefícios tributários “não sustentam os investimentos privados nos volumes observados”. A cultura continua a ser a área que mais recebe apoio público, basicamente em razão da Lei Rouanet, responsável por 59% da verba proveniente de incentivo.

Voluntariado

Parte do relatório debruçou-se sobre os programas de voluntariado das empresas. A maioria delas (73%) afirmou que o principal motivo para incentivar essa prática é engajar os funcionários e fornecedores na linha social definida pela corporação. As companhias entrevistadas disseram que o voluntariado fortalece o espírito de equipe dos colaboradores (88%), faz com que eles se identifiquem com a cultura da corporação (88%) e melhora as relações das empresas com as comunidades (81%).

A principal forma de estímulo a essa prática continuam sendo as “atividades em grupo propostas pelas empresas”: 93% das entrevistadas adotavam essa estratégia. Mas a iniciativa de liberar horas de trabalho para que os empregados se dediquem ao voluntariado cresceu muito: 60% adotam programas desse tipo (eram 35% em 2010 e 37% em 2011).

Também surpreendeu o aumento das doações casadas – em que as empresas doam recursos financeiros na medida em que seus funcionários doam horas para trabalho voluntário: 53% usam essa estratégia (eram 35% em 2010 e 26% em 2011).

 

 

Brasil é um Dos Países Com Menos Apoio Governmental Para Organizações da Sociedade Civil, Diz Abong

Os escândalos dos repasses de recursos públicos para algumas organizações da sociedade civil (OSCs) levaram a uma tendência de criminalização de todo o setor. Trouxeram, ainda, a ideia de que muito dinheiro público estava indo para entidades sociais privadas. A realidade, no entanto, é outra, segundo a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong).

“Ao contrário do que se pensa, o Brasil é um dos países em que OSCs menos têm apoio governamental”, afirmou a diretora-executiva da entidade, Vera Masagão, durante a palestra “As parcerias entre Estado e organizações da sociedade civil e o marco regulatório”. O debate foi organizado pela Secretaria-Geral da Presidência da República durante a ONG Brasil, feira que aconteceu em São Paulo entre 28 e 30 de novembro. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, cujos resultados preliminares foram apresentados durante o evento, embasa a queixa da diretora da Abong. Entre 2008 e 2011, apenas 1% das entidades nacionais firmaram parcerias com governo. Além disso, cerca de metade dos convênios envolveram valores menores que R$ 200 mil.

Já pequeno, o apoio minguou após a eclosão dos escândalos. “O governo para o financiamento a todo o setor quando há um problema isolado”, reclamou Vera, observando que isso não acontece, por exemplo, quando se verificam desvios envolvendo empresas privadas. “É fundamental que entidades que atuem no interesse público recebam apoio do governo, algo que acontece em muitos lugares.”

O governo federal busca aprimorar sua relação com o terceiro setor, disse a assessora especial da Secretaria-Geral Lais de Figueiredo Lopes, na mesma palestra. “Nós desenvolvemos uma agenda com três eixos de trabalho interministerial: contratualização, sustentabilidade e certificação.” A presidente Dilma Rousseff, lembrou Lais, comprometeu-se com as demandas das OSCs, que estão sendo tocadas pelo ministro-chefe da Pasta, Gilberto de Carvalho.

Vera Masagão, no entanto, relativizou o comprometimento do governo federal: “Não há um compromisso orgânico. Precisamos de política de governo, não apenas de ações de alguns setores do governo”. Para a diretora da Abong, o poder público federal emite sinais divergentes ao, por um lado, discutir um marco legal para o setor e, por outro, paralisar convênios com as OSCs.

Legislação

O marco legal é peça importante dessa busca por uma relação melhor entre governo e terceiro setor. “A situação atual é de insegurança jurídica, com ausência de uma lei específica para a relação entre governo e OSCs e interpretações distintas das normas existentes por parte dos órgãos de controle”, descreveu Lais. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresentada pelo pesquisador Félix Lopez, reforçou a ideia de que parte do problema está em quem controla os convênios entre poder estatal e OSCs. A pesquisa foi feita com gestores públicos, que admitiram que a burocracia de controle é muito formalista e emite interpretações divergentes sobre as normas. “O controle anula as potencialidades da sociedade civil, e a prestação de contas é o maior gargalo”, disse Lopes.

Até por isso, uma das propostas do projeto de lei para um novo marco regulatório é facilitar a prestação de contas. “Propomos um modelo mais simples para valores abaixo de R$ 600 mil, no qual se encaixa a grande maioria dos convênios”, afirmou Lais.

 

 

Investimento que Alia Preocupação Social e Lucro Ganha Espaço No Brasil

Tradicionalmente, investir implica ter como objetivo primordial fazer o dinheiro render mais dinheiro. Nos últimos anos, porém, vem ganhando espaço no Brasil um conceito já bastante desenvolvido em países como o Reino Unido. Trata-se do investimento de impacto social, um tipo de injeção de recursos que visa promover mudanças na sociedade e gerar retorno financeiro ao mesmo tempo.

Aliando características do segundo e do terceiro setor, o investimento de impacto social já conta com vários adeptos no País. São dez fundos nacionais e internacionais que atuam no Brasil e apostam nesse conceito. “Juntos eles somam R$ 500 milhões, disponíveis para investimento direto em empresas que oferecem produtos e serviços para melhorar a vida da população brasileira”, afirma Daniel Izzo, diretor-executivo e cofundador da Vox Capital, fundo pioneiro no investimento de impacto social no Brasil.

De acordo com ele, apesar de este valor ainda ser pequeno quando comparado com mercados onde o conceito já é mais difundido, as taxas de crescimento no Brasil impressionam. Em 2009, o investimento de impacto social movimentava cerca de R$ 5 milhões no País e hoje esse valor é de R$ 500 milhões – um crescimento de 10.000% em menos de cinco anos. “O momento agora é de desenvolver modelos e empresas de sucesso e de grande escala para começar a provar que é possível unir as duas dimensões (retorno financeiro e impacto social)”, diz Izzo.

Por se tratar de uma iniciativa em fase de amadurecimento, o investimento de impacto social ainda esbarra em alguns obstáculos no País, afirma o diretor da Vox Capital. Segundo ele, o investidor brasileiro tem uma tendência a buscar sempre o maior retorno financeiro possível de suas aplicações, o que afasta alguns desse tipo de iniciativa. Entretanto, ele diz que um número de pessoas ainda pequeno, mas crescente, começa a apoiar o conceito. “Eles estão bastante motivados pela perspectiva de contribuir para o desenvolvimento do País através de algo lucrativo. Se o setor como um todo provar que isso é possível, esperamos ver um grande influxo de recursos.”

Entre as empresas que recebem esse tipo de investimento no Brasil, alguns projetos de sites e plataformas digitais se destacam: o Saútil, buscador que ajuda a população a encontrar serviços do SUS; o Geekie, plataforma de ensino que se adapta às características de cada aluno; o Tamboro, que aposta na aprendizagem por meio de jogos; e o WPensar, sistema de gestão escolar online.

“Os melhores ‘cases’ são aqueles em que o impacto está tão ligado à forma de se fazer dinheiro que a única forma de crescer e lucrar ainda mais será servir um número maior de pessoas e impactá-las positivamente através desse serviço”, finaliza o diretor da Vox Capital.

 

 

Brasil Cai Oito Posições em Ranking Mundial de Solidariedade e Ocupa Último Lugar na América do Sul

O Brasil caiu oito posições em relação ao ano passado e ocupa agora o 91º lugar entre 135 países no “ranking de solidariedade”, uma iniciativa da organização inglesa Charities Aid Foundation (CAF) e do Instituto Gallup.

Os dados são do World Giving Index 2013, lançado mundialmente nesta terça-feira (3 de dezembro) para coincidir com o Giving Tuesday, data criada para incentivar doações em países como Estados Unidos e que se espalhou para o Canadá, Singapura, Austrália, América Latina e outros países. O IDIS, parceiro brasileiro da CAF, realizou um evento no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo, para apresentar e debater os resultados.

A queda do Brasil no ranking é ainda maior em comparação a edições anteriores. Em 2009, o país era o 54º no World Giving Index. Em relação a outros países da América do Sul, o Brasil também vai mal: é o último, junto com a Venezuela. No continente, Chile e Colômbia estão empatados em primeiro.

O Instituto Gallup abordou 155 mil pessoas em vários países. Para avaliar o comportamento solidário, perguntou se, no mês anterior à aplicação do questionário, o entrevistado doou dinheiro, ajudou um estranho ou foi voluntário em alguma organização. O índice é composto por esses três aspectos.

No Brasil, 42% dos entrevistados disseram ter ajudado um estranho no mês anterior (90ª posição nesse quesito), 23% afirmaram ter doado (72ª posição) e 13% ajudaram um estranho (90ª). Ainda assim, ao extrapolar a amostra para toda a população e estimar o número absoluto de “solidários”, o Gallup pôs o Brasil entre os dez primeiros em todos os comportamentos. São 63 milhões que ajudaram estranhos (quinto maior contingente do mundo), 34 milhões que doaram dinheiro (oitavo maior) e 34 milhões de voluntários (nono).

“Existe em nosso país grande desconfiança em relação ao terceiro setor, causada, principalmente, pelos escândalos envolvendo transferências de recursos irregulares a organizações sociais”, afirmou a diretora-executiva do IDIS, Paula Fabiani, ao falar sobre a posição brasileira.

Neste sentido, o presidente do Instituto Arredondar, Ari Weinfeld, disse que, “para o investidor, a doação precisa ser fácil, segura e dar retorno”. Ele ainda ressaltou a necessidade de mais transparência no setor para garantir credibilidade.

Paula também observou que o incremento da renda dos brasileiros não tem se refletido em comportamento donativo: a percepção de que os mais pobres estão melhorando de vida levaria os mais ricos a diminuir a ajuda. “O mundo está economicamente mal, mas as doações subiram. Já o Brasil está economicamente bem, mas as doações caíram”, complementou Weinfeld.

Já o diretor do Instituto Doar, Marcelo Estraviz, iniciou sua fala dizendo ser um otimista, e ressaltou que os números absolutos mostram que, “ao redor de cada um de nós, há uma pessoa que doa”. Ao mesmo tempo, apontou a necessidade de criar uma cultura de pedir doações.

Surpresas no ranking

Os Estados Unidos recuperaram a liderança do ranking, posição que ocuparam em 2011, mas que haviam perdido para a Austrália no ano seguinte. Já os australianos caíram, em 2013, para o 7º lugar. Entre os 20 primeiros do índice há países de cultura de doação consolidada, como Canadá (2º), Nova Zelândia (também em 2º), Reino Unido (6º) e Holanda (8º). A surpresa fica por conta de nações como Mianmar (2º), Sri Lanka (10º), Líbia (14º) e Nigéria (20º). Em Mianmar, 85% dos entrevistados relataram ter feito doações no mês anterior à pesquisa, colocando o país no primeiro lugar para esse comportamento, à frente dos Estados Unidos.

Segundo Paula Fabiani, os dados mostram que “a riqueza de um país não necessariamente se traduz em solidariedade, pois Mianmar, por exemplo, é uma economia pequena, já a China é a segunda economia, mas não está entre os 20 primeiros”. De fato, apenas cinco países do G-20, grupo que reúne as maiores economias do planeta, estão entre os 20 primeiros.

Já o posicionamento da Líbia, segundo o relatório, reflete algo já percebido em pesquisas anteriores. O país se destacou no quesito a ajuda a pessoas estranhas (comportamento relatado por 72% dos entrevistados), repetindo um fenômeno observado em estudos anteriores: o auxílio a desconhecidos tende a aumentar em territórios pós-conflitos, como já ocorrera com Serra Leoa e Libéria.

O relatório também mostra o descolamento entre desempenho econômico e ação solidária ao apontar que os três componentes do índice registraram aumento de 2011 para 2012, enquanto a economia mundial retraiu-se no período.

Houve também o destaque no comportamento dos jovens entre 15 e 24 anos, faixa etária que, em 2008, menos participava de atividades voluntárias. Em 2013, ela passou para o segundo lugar nessa prática – atrás apenas daqueles com 35 a 49 anos. Mais ainda, com 20,6% de participação voluntária, foi a única faixa etária a superar seu pico de 2008. Todas as outras continuam abaixo da participação recorde daquele ano.

Para Weinfeld, isso salienta a necessidade de usar ferramentas tecnológicas para atrair a juventude ao terceiro setor. Paula, por sua vez, lembrou outro estudo da CAF sobre a importância de incentivar o altruísmo já na escola. Estraviz afirmou ter “esperança não em nós, mas nos jovens que têm outra forma de entender a ação social, mas que ainda não têm o dinheiro para doar”.

 

 

CPS-FGV – Pesquisa “De Volta ao País do Futuro: Projeções, Crise Europeia e a Nova Classe Média Brasileira”

A pesquisa “De Volta ao País do Futuro: Projeções, Crise Europeia e a Nova Classe Média Brasileira”, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPS/FGV), coordenada por Marcelo Neri, revela que a classe C deverá chegar a 60% em 2014. O estudo aborda a crise europeia, cenários de classes e suas desigualdades, até 2014, a felicidade futura da população mundial – e também os diferenciais de felicidade futura dos brasileiros e das brasileiras.

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Pesquisa Aponta que 1/4 de Brasileiros doa Dinheiro para Organizações Sociais

14/9/2010 – O World Giving Index, o estudo mais abrangente já realizado sobre doação no mundo, publicado hoje pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e Charities Aid Foundation (CAF), aponta que um quarto dos brasileiros doou dinheiro para as organizações sociais no último mês. (pesquisa disponível apenas em inglês)

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Mais de 90% das Organizações Avaliam Projetos, Aponta Levantamento

Pesquisa do Instituto Fonte com a Fundação Itaú Social indica que, nos últimos 5 anos, 91% das organizações brasileiras da sociedade civil que atuam com projetos sociais utilizaram a avaliação como ferramentas de análise de suas iniciativas.

O estudo A Avaliação de Programas e Projetos Sociais de ONGs no Brasil foi realizado pelo Instituto Paulo Montenegro e pelo Ibope Inteligência entre os meses de julho e setembro de 2009 junto a 363 instituições.

O objetivo foi de mapear quanto e como as organizações brasileiras avaliam seus projetos e conhecer motivações, desafios e tendências no setor. A amostra abrange todas as regiões do país e seu perfil foi selecionado com base nos critérios da pesquisa Fundações e Associações Privadas sem Fins Lucrativos no Brasil (Fasfil), de 2005, e na Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do governo federal.

As instituições responderam a um questionário estruturado de autopreenchimento pela Internet, dividido em dois blocos: o primeiro com perguntas gerais e o segundo com questões para as instituições que afirmaram ter feito ao menos avaliação de um projeto – formando uma base de 574 projetos analisados.

A maioria das organizações (53%) do universo pesquisado concentra-se na região Sudeste, possui até 9 colaboradores (63%) e 76% se formaram a partir de 1991. Mais da metade (58%) são apenas executores de projetos.

O estudo mostra que 80% das instituições consideram a avaliação uma ferramenta muito importante e que 96% pretendem utilizá-la para realizar análises futuras de seus projetos. No questionário, a maioria (79%) considerou que um dos atributos da avaliação é ser parte essencial do processo de planejamento estratégico, além de ajudar a melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo projeto (77%).

Contudo, a análise dos dados indica que 33% dos pesquisados ainda usufruem do modelo apenas como uma ferramenta de promoção dos projetos – para promovê-los positivamente ou empregar os resultados para atrair financiadores e recursos.

Porém, o número não é tão distante do total de instituições que a utilizam como ferramenta estratégica: 26% procuram usar os resultados da avaliação como meio para tomar decisões e melhorar a qualidade dos serviços.

A partir de todas as informações, os analistas concluem que mesmo não sendo mais necessário advogar sobre a importância de se avaliar projetos sociais, é significativo observar que sua finalidade vai além. Quando o foco é no processo, a avaliação potencializa o compartilhamento de saberes entre toda a equipe, que, posteriormente, poderá aplicar os aprendizados em potenciais mudanças. É uma mudança de postura.

A íntegra do relatório da pesquisa está disponível nos sites do Instituto Fonte e da Fundação Itaú Social.

Pesquisa Revela Situação da Educação Corporativa no Brasil

Os sistemas de educação corporativa (SEC), em geral, são recentes no Brasil, suas ações interagem com as estratégias de negócio das empresas e seu resultado desvincula-se de avaliações de desempenho e da remuneração do funcionário. Porém, ainda há potencial de crescimento na área para as práticas de educação a distância e necessidade de aumentar a conscientização e participação dos líderes locais. Esses são apenas alguns dos resultados preliminares que aponta a Pesquisa Nacional sobre Práticas e Resultados da Educação Corporativa. O estudo, de 2009, foi coordenado pela professora Marisa Éboli, do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). Na sondagem, 54 empresas responderam a um questionário estruturado. O objetivo foi de avaliar o panorama geral da educação corporativa no Brasil e identificar as práticas mais recorrentes nas organizações. A maioria das respondentes foram grandes companhias, com mais de hum mil colaboradores (70%) e faturamento acima de R$ 1 bilhão (57%). O estudo aponta que 70% dos SECs estão sob o comando de mulheres e que 40% das corporações investem entre 1% e 3% da folha de pagamento na prática. Os resultados preliminares foram apresentados durante um simpósio internacional sobre o tema, realizado na capital paulista no dia 27 de novembro de 2009. A pesquisa foi apoiada pela Eletrobrás, Grupo Santander Brasil, Itaú-Unibanco, Nestlé e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A íntegra da apresentação pode ser baixada aqui no Portal do Investimento Social.

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Cenário Brasileiro do Marketing Relacionado a Causas – Atitudes e comportamentos das OSCs e Empresas

A pesquisa Cenário Brasileiro do Marketing Relacionado a Causas – Atitudes e Comportamentos das OSCs e Empresas mostra a incidência de ações de Marketing Relacionado a Causas (MRC) no mercado brasileiro, além de apontar o comportamento e as atitudes de instituições com e sem fins lucrativos em relação à temática. O levantamento foi realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e pela Enfoque, empresa de pesquisa em marketing. Os resultados foram apresentados durante o 3º Seminário de Marketing Relacionado a Causas, promovido pelo IDIS no último trimestre de 2007.

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Pesquisa Revela Características da Atuação Social Corporativa Norte-America no Brasil

Levantamento em cinqüenta e nove organizações, entre empresas, fundações e institutos, ajuda a traçar panorama sobre o investimento social corporativo realizado por organizações norte-americanas no Brasil.

Empresas como a Coca-Cola, a IBM, e a Microsoft, ou instituições como o Instituto Avon (apoiado pelo IDIS no seu investimento social corporativo e no monitoramento de ações como a Campanha Um Beijo pela Vida), a Fundação Ford, o Instituto Ronald McDonald e o Instituto Wal-Mart realizaram e apoiaram, juntos, mais de 765 ações sociais 2006.

Dessas, 564 foram programas e projetos de filantropia estratégica divididos nas áreas de educação, saúde, meio ambiente e formação para o trabalho e 201 foram ações de voluntariado promovidas pelas corporações.

Realizado pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) por encomenda do Grupo +Unidos – parceria que reúne a Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), a Câmara de Comércio Americana (AmCham) e 104 companhias norte-americanas que atuam no país –, o relatório Investimento Social Privado dos EUA no Brasil foi lançado em dezembro de 2008. “Uma pesquisa dessa natureza mostra como a responsabilidade social empresarial e o investimento social privado são valorizados pelas empresas norte-americanas”, afirma Fernando Rossetti, secretário-geral do GIFE. “A estratégia conjunta em um país deve servir como inspiração para as empresas brasileiras que estão se globalizando.”

O primeiro mapeamento das ações sociais realizadas pelo grupo revelou a alocação de cerca de 204 milhões de reais  para fins públicos em todos os estados brasileiros.  A maior concentração, porém, ficou na região Sudeste.

O objetivo da pesquisa é dar subsídios para a análise conjunta de tendências e facilitar o planejamento de ações integradas a partir de 2009. Segundo os representantes do Grupo, a agenda comum deve conter iniciativas e tarefas concretas de curto, médio e longo prazos. “Este estudo permitirá uma reflexão profunda sobre os investimentos, identificando pontos fortes e fracos,  e oportunidades de sinergias entre as ações sociais. Como resultado prático, esperamos aumentar o impacto de cada centavo investido pelas empresas americanas no Brasil”, afirma Rodolfo Fücher, diretor de Investimentos Sociais para a América Latina da Microsoft e membro do Comitê +Unidos.

A diversidade do grupo, que reúne companhias de variados portes e diversas áreas, bem como programas de investimento social corporativo em diferentes estágios, deve permitir trocas de experiências entre os participantes e maior abrangência no enfrentamento dos problemas sociais. Entre as principais tendências de ação social do grupo, estão:

  • Investimentos prioritários na área educacional
  • Projetos para prevenção, tratamento de doenças, ações educacionais de nutrição e de higiene, e de combate ao câncer
  • Projetos de preservação de recursos ambientais, com ênfase em conscientização, reflorestamento e reciclagem
  • Ações de apoio à juventude, com projetos de formação para o trabalho
  • Promoção do acesso a novas tecnologias, em especial às de informação e de comunicações
  • Mobilização de grande contingente de mão-de-obra voluntária
  • Utilização de mecanismos de incentivo/renúncia fiscal por menos da metade das empresas
  • Envio de recursos pelas matrizes norte-americanas a 65% das companhias brasileiras destinados a investimento social
  • Dupla estratégia de investimento por mais de 60% das empresas: aplicação simultânea em projetos próprios e projetos de terceiros
  • Utilização de equipes internas para conceber, monitorar e avaliar ações

As ações serão alinhadas aos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, metas criadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) que prevêem desde o combate a doenças como a AIDS e a malária, até a garantia de sustentabilidade ambiental e o ensino básico universal.

Desenvolvimento por meio da educação

As estratégias de investimento das companhias norte-americanas no Brasil passam, necessariamente, pela educação. Entre as 564 ações realizadas, 44% foram focadas em projetos para a educação que vão desde os cuidados da primeira infância até a educação continuada para adultos. São iniciativas como a capacitação de professores, o financiamento de entidades do setor, a adoção de escolas próximas às unidades de negócio e a promoção da participação comunitária. As ações para a saúde, com 153 iniciativas (27%), as de meio ambiente, com 109 programas (19%), e as de formação para o trabalho, compondo 89 ações (16%), foram os segundo, terceiro e quarto maiores grupos, respectivamente.

O relatório também identificou iniciativas que combinam duas ou mais áreas em sua atuação. São projetos de educação em saúde, iniciativas de aprendizagem voltadas para formar jovens para o mercado de trabalho ou de meio ambiente que também colaboram para a geração de trabalho e renda.

Tradição em voluntariado

A 59 organizações estudadas promoveram mais de 200 ações de voluntariado em 2006. “Essa foi uma das características mais marcantes do grupo revelada pela análise”, afirma Rossetti. Pelo menos 80% das companhias afirmaram ter investido em voluntariado em 2006 e 85% em 2007.  Os esforços mobilizaram cerca de 87 mil pessoas, representando 27% do total dos funcionários do +Unidos.

Os modelos de mobilização de voluntários possuíam algumas estratégias comuns:

  • one-to-one match – significa que, a cada valor em dinheiro arrecadado e doado pelos voluntários, a empresa doa igual quantia, fazendo um match ou par de igualdade
  • dollars for doners – empresas destinam quantias em dinheiro a entidades cujos funcionários realizam trabalhos voluntários por um determinado número de horas
  • maratonas de arrecadação e de prestação de serviços – eventos de voluntariado, realizados em períodos definidos, nos quais os funcionários se mobilizam para a arrecadação de itens ou promovem uma série de atividades em prol da comunidade.

Leia o estudo na íntegra.