Mais um passo rumo à Campanha por uma Cultura de Doação

Aconteceu neste 16 de maio, na sede da agência Edelman Significa em São Paulo, mais uma reunião de planejamento da Campanha por uma Cultura de Doação. Estiveram presentes representantes de diversas organizações que estão construindo esse programa junto conosco, como Abrinq, Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), Greenpeace, GIFE, Instituto Ayrton Senna, Instituto C&A, entre outras. No encontro, foi apresentada e discutida uma proposta de conceito criativo para campanha. O próximo passo é a elaboração do Plano de Ação da Campanha.

Sobre confiança, filantropia e organizações sociais

Por Paula Fabiani*

A confiança, ou melhor, a falta de confiança, é uma preocupação presente ao redor do mundo nos dias atuais. Além do Brasil, países desenvolvidos como os Estados Unidos e a Inglaterra passam por períodos de desconfiança nas instituições e nos governos, o que gera grande ansiedade em relação ao futuro. Estive nas últimas semanas nestes dois países em eventos do universo da filantropia e, enquanto na Inglaterra o clima é mais calmo, apesar de toda a incerteza sobre o futuro, nos Estados Unidos a inquietação é latente.

Na Inglaterra participei de discussões sobre como a tecnologia pode contribuir para o resgate da confiança por meio do aumento da transparência no campo filantrópico. O encontro foi promovido pela Charities Aid Foundation (CAF) para membros da Global Alliance, uma rede de organizações filantrópicas ligadas à CAF, da qual o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – IDIS faz parte.

Um dos casos interessantes apresentados foi a tecnologia de block chains, um sistema digital de controle e validação de transações via redes de computadores, que começa a ser aplicado em start ups com foco na melhoria dos processos de doação e monitoramento dos resultados. A Alice é um bom exemplo. Trata-se de uma plataforma que busca reduzir a falta de confiança nas ONGs por meio de um sistema de pagamentos por resultado, que utiliza a tecnologia dos block chains. A doação é comprometida em um contrato, porém os recursos só vão sendo transferidos conforme o resultado é alcançado.

Nos Estados Unidos, o Global Philanthropy Forum, conferência realizada anualmente com participantes das principais instituições filantrópicas de atuação global, teve como temas transversais Confiança e Legitimidade. O evento apresentou caminhos para organizações filantrópicas e da sociedade civil fomentarem processos de reconstrução da coesão social ao redor de questões fundamentais, para o nosso futuro e do planeta.

As palavras dos presidentes do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostraram que os grandes organismos multilaterais também se afligem com o tema porque a falta de confiança torna mais difícil a atuação em parceria, que é fundamental para a promoção do desenvolvimento. Inspirações para agir vieram de indivíduos que, apesar das dificuldades, trabalham pela paz motivados por experiências pessoais traumáticas, como a perda de um familiar para movimentos extremistas na Síria ou por um sequestro pela guerrilha FARC na Colômbia.

Por fim, tanto na Inglaterra como nos EUA, as discussões giraram em torno de como as organizações filantrópicas e os negócios sociais podem contribuir para a recuperação da confiança e o fortalecimento da sociedade civil na construção de um mundo mais justo e sustentável. E nós no Brasil, será que não precisamos nos debruçar nesta discussão com mais atenção, engajando, além do terceiro setor, o governo e as empresas?

(*) Paula Fabiani é diretora-presidente do IDIS.

Artigo publicado na Folha de S. Paulo em abril de 2017: http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/colunas/2017/04/1879087-sobre-confianca-filantropia-e-organizacoes-sociais.shtml

Plataforma da Filantropia é lançada no Brasil com apoio do IDIS

Fortalecer as parcerias e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão entre as principais propostas da Plataforma de Filantropia lançada no dia 5 de abril no Brasil. É uma iniciativa global que conecta filantropia a conhecimento e redes para aprofundar a cooperação, alavancar recursos e aumentar o impacto, conectando os ODS a um planejamento de desenvolvimento nacional.

O IDIS participou do lançamento, ao lado de outras personalidades do setor filantrópico no Brasil, e participou ativamente da articulação para o lançamento do projeto. “Queremos apoiar as ações de mapeamento e de engajamento de atores sociais para que incluam na plataforma informações sobre suas iniciativas”, informa Raquel Coimbra, diretora de Projetos do IDIS.

A proposta da Plataforma é reduzir a duplicação de esforços em volta dos ODS, alavancar recursos e fomentar a colaboração entre os participantes, que incluem organizações e fundações filantrópicas, as Nações Unidas e outros parceiros de desenvolvimento, governos, sociedade civil e setor privado (incluindo empreendimentos sociais). A intenção é fornecer aos doadores e beneficiários mais voz no plano nacional para a implementação dos ODS.

“O PNUD Brasil reconhece a liderança das fundações e institutos filantrópicos nos vários segmentos da sociedade, com o desenvolvimento de ações que possuem um papel transformador no país. Estamos confiantes de que o trabalho feito aqui, alinhado com a Agenda 2030, vai se tornar referência no investimento privado e social nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, afirma Maristela Baioni, coordenadora de programa do PNUD.

As organizações envolvidas no lançamento da Plataforma no Brasil, entre elas o IDIS, vão realizar um ciclo de cinco reuniões que resultará no mapeamento do ecossistema filantrópico brasileiro e na definição dos temas prioritários, regiões e ODS para os investimentos privados e sociais.

A Plataforma já existe no Quênia, Gana, Zâmbia, Indonésia, Colômbia, Estados Unidos e Índia. É liderada pelo PNUD, Rockfeller Philanthropy Advisors e Foundation Center, e apoiada pela Conrad N. Hilton Foundation, Ford Foundation, MasterCard Foundation, Brach Family Charitable Foundation e UN Foundation.

Projeto vencedor vai beneficiar diretamente 500 crianças

Segundo dados de 2014 do Conselho Federal de Odontologia (CFO), 20% dos brasileiros não vão ao dentista por falta de recursos financeiros, 68% não sabem que têm direito a tratamento público e 16 milhões de pessoas já perderam todos os dentes. O problema tem consequências que vão muito além do campo da Saúde. Fecha-se um círculo de pobreza: a pessoa não cuida dos dentes por não ter dinheiro; perde os dentes; não consegue emprego; e continua sem cuidar dos dentes. Para os jovens, a condição impacta também no convívio social.

Nesse contexto, nasceu a iniciativa Dentista do Bem, da instituição Turma do Bem (TdB), que oferece tratamento odontológico para crianças e jovens de baixa renda entre 11 e 17 anos. A assistência é feita por meio do trabalho voluntário de cirurgiões-dentistas que atendem no próprio consultório. O projeto foi o vencedor do edital Envolver, iniciativa do Instituto Cyrela Commercial Properties (Instituto CCP), que contou com apoio técnico do IDIS, e vai receber o prêmio de R$ 100 mil para potencializar sua atuação. O edital era voltado para ações sociais realizadas no entorno do Shopping Cidade São Paulo, localizado na Avenida Paulista, região da Bela Vista, em São Paulo.

Serão identificados 500 jovens em situação de vulnerabilidade social, com alto índice de comprometimento odontológico e encaminhados para tratamento nas proximidades do shopping – empreendimento administrado pela Cyrela Commercial Properties (CCP). O Instituto CCP é uma organização social sem fins lucrativos, criada e mantida para a gestão das ações de responsabilidade social da companhia.

O Dentista do Bem conta com voluntários espalhados em 1,5 mil municípios brasileiros, além de 12 países da América Latina e Portugal. A TdB faz a ligação entre todos os envolvidos no projeto (o jovem beneficiado, sua família, a escola, o cirurgião-dentista voluntário) e ainda o acompanhamento dos atendimentos. Na região do Shopping Cidade São Paulo, a TdB possui cadastrados 171 dentistas voluntários. A iniciativa é considerada uma das maiores redes de voluntariado especializado do mundo.

Depoimento de Marcos Kisil inaugura canal Grandes Lideranças do Terceiro Setor

“A Filantropia é inata ao ser humano: aqueles que têm, olham para os que não têm”. A afirmação abre o primeiro vídeo sobre a trajetória do fundador do IDIS, Marcos Kisil. O depoimento é o primeiro de uma série de vídeos, que inaugura o canal “Grandes Lideranças do Terceiro Setor”, dentro da plataforma da Escola Aberta do Terceiro Setor.

O projeto foi lançado no dia 7 de abril, durante o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica (FIFE 2017) realizado em Foz do Iguaçu-PR e tem o objetivo de registrar e compartilhar entrevistas com personalidades que fizeram e fazem a história do Terceiro Setor no Brasil.

Marcos Kisil, médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, idealizou e fundou o IDIS em 1999 após atuar durante 14 anos como diretor da Fundação Kellogg para América Latina e Caribe. A ideia de criar o IDIS surgiu quando começou a ser procurado por várias empresas e organizações brasileiras que queriam estruturar sua ação social e não sabiam como. Na época não havia, no Terceiro Setor, nenhuma organização de apoio a famílias, empresas ou comunidades que quisessem fazer investimento social privado.

Neste primeiro vídeo Marcos Kisil aborda as bases da Filantropia e do Investimento Social Privado no Brasil; o conceito de causa; e faz comparações entre a Filantropia realizada no EUA e no Brasil. Confira um trecho do depoimento:
“A filantropia tem uma mãe que é a democracia e um pai que é o capitalismo. O capitalismo permite que você acumule a riqueza através da mais-valia, portanto você tem recursos que podem ser entregues ao outro. Com a democracia você tem a liberdade de tomar a decisão e usar os seus talentos, os seus dons, as suas capacidades de olhar os problemas dos outros e tomar decisões de como quer utilizar o recurso.”

Os próximos vídeos abordarão os temas da filantropia familiar e filantropia comunitária. Eles serão disponibilizados mensalmente no canal do YouTube da Escola Aberta do Terceiro Setor: http://bit.ly/2ozCCgW.

Crianças transformam o bairro do Glicério, em São Paulo

Será que criança entende de espaço urbano? E de políticas públicas? O negócio social Criacidade acredita que as crianças têm muito a dizer sobre esses temas e muitos outros. Baseado nessa convicção foi criado o projeto ‘Criança Fala’, que deu voz às crianças do bairro do Glicério, em São Paulo, para expressassem sua opinião sobre o seu entorno e o que ele oferece de possibilidades para os pequenos moradores. Para isso, foi usada a metodologia da escuta e do brincar visando transformar, ocupar e ressignificar o espaço público do Glicério.

No ano passado, o IDIS foi convidado a avaliar seu impacto sobre as crianças, as famílias e os profissionais dos equipamentos públicos envolvidos (assistência social, educação e saúde) no projeto. A avaliação consultou 40 crianças, adultos de 41 famílias e 36 profissionais, que participaram de grupos focais, entrevistas e questionários.

Entre os impactos do projeto, o maior destaque é que 85% das crianças sentem que fizeram algo que melhorou o bairro. Elas também passaram a ser mais consideradas: 74% dos profissionais afirmaram levar a opinião infantil mais a sério. “Muito se valorizou o ouvir das crianças. Tanto no pedagógico quanto no entorno, passamos a valorizar a criança” afirmou uma das professoras participantes.

Considerando que o objetivo do ‘Criança Fala’ foi tornar a criança protagonista no fortalecimento dos vínculos afetivos e da participação comunitária, através da ressignificação do espaço que ela ocupa, a avaliação concluiu que a iniciativa colaborou para o resultado de longo prazo que a Criacidade busca alcançar no Glicério.

Houve, porém, a constatação de que a mobilização dos moradores, quando se trata da construção de um melhor ambiente para as crianças do bairro, ainda depende da presença dos profissionais do Criacidade. Esse fato é um desafio na busca da sustentabilidade dos resultados, mas ações lideradas por instituições locais são bons indicativos de que é possível ter continuidade nas mudanças, mesmo depois do término do trabalho da Criacidade.

O projeto ‘Criança Fala’ é realizado desde 2013 e já envolveu cerca de 1.200 crianças moradoras do bairro do Glicério. Entre as atividades oferecidas estão cortejo de Maracatu, intervenções e ocupações no espaço público, encontros formativos com as crianças, suas famílias e profissionais de Educação, Saúde e Assistência Social.

Mais crianças brincando nos espaços públicos

Como parte integrante do Criança Fala, nasceu o projeto Cidade que Brinca com o objetivo de transformar espaço públicos em áreas mais adequadas às atividades infantis com o auxílio das próprias crianças. A iniciativa realizou três ações de mutirão no Glicério para a transformação de espaços. Um deles foi denominado ‘Vilinha’’ que se consolidou como um lugar de brincadeiras para quando as crianças voltam da aula. “Hoje tem muito lugar para brincar” declarou uma criança participante do grupo focal.

“O que mais aprendi com as crianças é que a beleza está nas pequenas coisas e que ações simples podem ter grande impacto trazendo grandes mudanças. Escutar as crianças é aprender a ver as sutilezas e bonitezas da vida que criam respiros poéticos pela cidade. É estar e ser consigo e com o outro”, relata Nayana Brettas, fundadora da Criacidade e coordenadora do Projeto Criança Fala.

Projeto leva tratamento para crianças ribeirinhas com anemia ferropriva

A anemia ferropriva, causada pela falta de ferro na alimentação, é a carência nutricional mais frequente em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ela atinge 25% da população mundial, sendo as crianças e as gestantes os grupos mais vulneráveis. Esse problema de saúde pública afeta diretamente o desempenho motor e mental em crianças.

O projeto Tecnologias Sociais no Amazonas (TSA), realizado pelo IDIS e Fundação Banco do Brasil, está aplicando em três municípios amazonenses uma tecnologia social especialmente desenvolvida para permitir o rápido diagnóstico, tratamento e controle da anemia ferropriva em alunos de escolas públicas.

A primeira aplicação da tecnologia foi com 249 alunos da Escola Municipal Francisco Bezerra localizada na comunidade ribeirinha de Axinim, em Borba-AM, entre os dias 19 e 25 de março. O diagnóstico apontou uma alta incidência da doença: 59% dos examinados foram diagnosticados com anemia ferropriva.

Logo após a aplicação, os pais dos alunos receberam os resultados dos exames e a primeira dose da medicação – suplementação de sulfato ferroso e vermífugo. Após seis semanas, as crianças passarão por nova medição de hemoglobina no sangue e eventual reforço. O tratamento completo tem duração de 12 semanas.

“Infelizmente o Brasil ainda não dá a devida atenção ao controle da anemia ferropriva das crianças e adolescentes. A doença é assintomática, mas as consequências podem ser significativas no comprometimento do desenvolvimento destes alunos. A tecnologia social Hb foi premiada pela Fundação Banco do Brasil em 2013 e ficamos felizes em poder realizar esta experiência de reaplicação numa comunidade tão diferente das que estávamos acostumados, o que nos rendeu muito conhecimento que agora será incorporado à tecnologia”, declarou Saulo Faria, do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), idealizador da Tecnologia Social Hb.

No final de junho a mesma equipe que trabalhou nessa ação, formada por profissionais e técnicos do IDIS e do IPTI, além de professores e alunos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), voltará a Axinim para a avaliação final da reaplicação da tecnologia Hb, quando espera-se observar uma redução significativa da presença da doença.

“Tão importante quanto o trabalho realizado durante a semana, é a sensibilização do poder público municipal para levar essa tecnologia a outras comunidades, para que um maior número de crianças com anemia receba tratamento”, afirma a analista de projetos do IDIS, Sofia Rebehy, que acompanhou a ação na comunidade de Axinim.

O projeto Tecnologia Sociais no Amazonas (TSA) conta com o apoio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas. A região ainda será beneficiada com outras duas inciativas, o Banheiro Ecológico e a SODIS (desinfecção de água), todas em comunidades dos municípios de Borba, Nova Olinda do Norte e Itacoatiara.

No dia 10 de março, um evento em Manaus marcou oficialmente o início do projeto.

Peter Karoff, a perda de um amigo e líder

Por Marcos Kisil*

Peter Karoff, renomado contribuinte para o mundo da filantropia e líder empresarial em Boston, morreu em sua casa em Santa Bárbara, Califórnia no dia 9 de março. Ele tinha 79 anos. A causa da morte foi complicações do câncer de pâncreas.

Conheci Peter em 1998. Andava à volta com a ideia de criar o IDIS e passei a buscar organizações que se aproximavam daquilo que de maneira solitária estava concebendo. Peter havia fundado em 1988 The Philanthropic Initiative (TPI), uma empresa pioneira de consultoria a organizações sem fins lucrativos dedicada a aumentar o impacto da filantropia na sociedade. Tínhamos algo em comum. Eu vinha da experiência de atuar em posição de liderança na Fundação W.K. Kellogg. Ele tinha atuado como membro fundador da Fundação para o Desenvolvimento dos Afro-Americanos que viviam em áreas urbanas, em Boston. Tínhamos atuado em projetos em defesa dos direitos civis e justiça social. Éramos orientados pela ideia de combinar a riqueza de poucos com a necessidade de muitos.

Nossa primeira conversa foi inspiradora e provocadora. Contou-me sobre seus sucessos e fracassos, oportunidades e ameaças, e sobre a importância da resiliência do líder em acreditar na organização criada, e nos seus ideais. Enfim, demonstrou um grande apreço pela criação do IDIS, especialmente no universo latino americano. Apreço que se prolongaria e aprofundaria ao longo dos anos. Acreditava que o contexto americano era muito mais favorável para a criação do TPI, devido a cultura filantrópica existente, o que não ocorria na América Latina, especialmente no Brasil.
Resumindo, Peter foi de grande importância em apoiar a ideia originalmente, e nos anos seguintes na implantação do IDIS.

Durante 25 anos o TPI floresceu sob a orientação e direção de Peter, tornando-se uma das principais influências no mundo da filantropia. Trabalhando ora com doadores familiares, ora indivíduos, ora grandes fundações e corporações, Peter empregou empatia e sabedoria para alinhar metas e valores de doadores com comunidades e populações historicamente desatendidas e com projetos que buscavam elevar a condição humana através da arte e da cultura. A riqueza e a profundidade de seu compromisso com as causas progressistas refletiam sua crença fundamental no propósito ético e moral da filantropia, que ele percebeu ao longo de sua vida pessoal e profissional. O impacto do humanismo, da generosidade, da compaixão, do lirismo e do companheirismo de Peter se articulavam com sua preparação intelectual e tirocínio.

Peter frequentemente falava e escrevia sobre questões filantrópicas e sociais. Seu livro “The World We Want”, publicado em 2007 teve grande repercussão no mundo filantrópico. Deslocava as discussões então vigentes sobre os doadores para o impacto que deveria produzir em atendimento e no envolvimento dos eventuais beneficiários da doação. Tive a honra de ser um dos entrevistados por Peter para escrever o livro.

O amor de Peter pela poesia era lendário, e sua necessidade de poetizar era constante e inveterada. Ele praticou a arte ao longo de muitos anos, em discursos em todo o país e no exterior, em salas de aula em Columbia, onde recebeu um Master em poesia com 51 anos de idade, e na Tufts University, Boston Universidade e da Universidade da Califórnia, Santa Barbara, onde ensinou tanto filantropia quanto poesia. Sua última aula foi um seminário de poesia no outono de 2016 intitulado “Poesia e Metáfora – Vivendo uma Vida de. . . ”

Ao longo dos anos, Peter esteve no Conselho de mais de 30 organizações sem fins lucrativos. Deixo aqui para Peter Karoff, amigo e valoroso líder de nosso setor, a minha homenagem e a do IDIS, e para tanto concluo com algumas estrofes de seu poema “If I Had More Time”

What I do what we all do is write the poem of life
You see it isn’t a matter of time but compassion
Call it community or hope or faith or call it love.
That is the floe that is the poem.

Marcos Kisil é consultor estratégico e fundador do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – IDIS. 

A filantropia é uma ação política

Por Paula Fabiani*

Entre os dias 22 e 24 de abril, mais de 300 especialistas em filantropia se reuniram na cidade do México em um Fórum promovido pelo WINGS, uma associação mundial de organizações de apoio a doadores e investidores sociais.
O principal de tema das conversas foi o preocupante encolhimento do espaço da sociedade civil em diversos países. Na Rússia, o governo está controlando a entrada de doações estrangeiras e de recursos para movimentos de defesa dos direitos humanos e outras causas relevantes para a mobilização social. Na Turquia e em alguns países do norte da África e Oriente Médio emergem posturas semelhantes. Na América do Sul, vivemos, há vários anos, a triste repressão a qualquer tipo de manifestação contrária ao regime na Venezuela. Sem falar sobre os Estados Unidos, onde tudo indica que o ambiente para o ativismo e a defesa de causas se tornará mais hostil.

O evento contou com representantes de organizações de 44 países, e o IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) foi uma das instituições brasileiras presentes. O Fórum discutiu questões como a emergência do populismo em vários países e a delicada gestão da relação entre os três setores para a promoção de transformações sociais: governo, empresas e sociedade civil.

Foram apresentados dados sobre a infraestrutura global de apoio à filantropia, com destaque às ações de advocacy que começam a crescer nos últimos anos. Advocacy é como são chamadas as iniciativas que buscam influenciar o poder público para que crie e aprove leis e políticas com foco em agendas socioambientais. Trata-se de uma importante ferramenta do terceiro setor na batalha contra a diminuição do espaço na sociedade civil.
A má notícia para nós é que os recursos financeiros e as organizações doadoras continuam concentrados nas regiões onde a filantropia já está consolidada, EUA e Europa. E os desafios a serem enfrentados, na América Latina, vão precisar de muito advocacy para mudanças regulatórias relativas aos impostos e à falta de incentivos para filantropia, em especial no Brasil.

A mensagem que emergiu, depois de muitos debates, é que doadores e todos que trabalham com doações devem entender que a filantropia, apesar de na maioria dos casos ser apartidária, é uma ação política, que tem impacto político e responsabilidades políticas. A filantropia precisa trabalhar para garantir seu própria espaço, para melhorar seu próprio ambiente regulatório e para fortalecer a sociedade civil, que, em última instância, é porta-voz dos anseios do povo.

Paula Fabiani é diretora-presidente do IDIS
Artigo publicado na Folha de S. Paulo em março de 2017: http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/colunas/2017/03/1867346-a-filantropia-e-uma-acao-politica.shtml

IDIS e Fundação BB lançam projeto que vai beneficiar comunidades do Amazonas

Na manhã do dia 10 de março, o IDIS e a Fundação Banco do Brasil lançaram em Manaus o projeto Tecnologias Sociais no Amazonas (TSA), que tem o apoio da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SUSAM) e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Os municípios de Borba, Nova Olinda do Norte e Itacoatiara vão receber tecnologias para o combate e prevenção de problemas nas áreas de saneamento básico, tratamento de água e saúde, beneficiando cerca de 2 mil famílias ribeirinhas e rurais, com foco especial na primeira infância.

“O projeto vem para diminuir carências muito profundas dessas populações, como a necessidade de tratamento da água e de saneamento e também para combater os casos de diarreia e anemia. São questões fundamentais que precisam ser sanadas para a melhoria de vida das famílias e para o bom desenvolvimento das crianças”, afirma a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani.

Tecnologias sociais são soluções desenvolvidas com comunidades locais e que resolvem um determinado problema social. Com o sucesso da iniciativa, outras regiões também poderão ser beneficiadas.
A escolha das tecnologias foi feita a partir de diagnóstico preliminar, realizado com a participação das populações locais, que auxiliaram na identificação das demandas e carências dessas comunidades. As práticas escolhidas já integram o Banco de Tecnologias Sociais (BTS), da Fundação BB, que reúne 850 experiências, capazes de gerar efetiva transformação social.

A comunidade de Axinim, que fica no município de Borba está recebendo entre os dias 20 e 24 de março a Tecnologia Social HB, um método que ajuda na rápida identificação e tratamento da anemia ferropriva (deficiência de ferro no organismo) em alunos das escolas da rede pública de municípios brasileiros.

“A reaplicação dessas tecnologias sociais possibilitará melhorias significativas na qualidade de vidas das populações atendidas. A efetividade da reaplicação poderá ampliar a atuação da Fundação BB para outros municípios com características semelhantes”, declarou João Júnior, gerente de Parcerias Estratégicas, Modelagem de Programas e Projeto da Fundação BB.

O evento de lançamento contou também com a presença do superintendente estadual do Banco do Brasil na Amazônia, Dermilson Garcia, da coordenadora estadual de Saúde da Criança (SUSAN), Katherine Benevides, da médica pediatra, especialista e infectologista, docente da Escola Superior de Ciências da Saúde da UEA, Ana Luisa Pacheco, do secretário de saúde de Itacoatiara, Braz Rodrigues e do secretário de Meio Ambiente de Itacoatiara, Lúcio Barros.

Conheça as iniciativas escolhidas pelo projeto “Tecnologias Sociais no Amazonas”:

HB: Tecnologia Social de Combate à Anemia Ferropriva
Trata-se de um método que ajuda na rápida identificação e tratamento da anemia ferropriva em alunos das escolas da rede pública de municípios brasileiros.

SODIS: Desinfecção solar da água
Por meio de mecanismos sinergéticos [simplificar] de radiação UV-A solar e temperatura, esta técnica trata a água para o consumo neutralizando os microorganismos/ bactérias elementos patogênicos causadores de diarreia e doenças relacionadas.

Banheiro Ecológico: saneamento descentralizado para comunidades ribeirinhas
Tem como objetivo, reduzir a contaminação de recursos hídricos, oferecendo solução de saneamento.

Conceição do Mato Dentro, em Minas, cria projeto para fomentar desenvolvimento

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O município de Conceição do Mato Dentro é considerado a “Capital Mineira do Ecoturismo” por abrigar inúmeras belezas naturais. Distante 167 km de Belo Horizonte, integra o Circuito Estrada Real e o Circuito Serra do Cipó e por seu patrimônio natural singular, foi declarado em 2005 como reserva da Biosfera pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Com todo esse potencial, o fomento ao turismo local foi um dos projetos que surgiram ao final da primeira oficina do programa de Fortalecimento da Gestão Pública, realizada em fevereiro pelo IDIS.

Com um público de 19 pessoas, entre técnicos e gestores públicos da prefeitura e de diversas secretarias municipais e a vice-prefeita, a oficina teve duração de um dia e meio e abordou como se dá a construção de um projeto social. O desafio colocado aos participantes foi elaborar iniciativas que atendessem aos desafios mais prementes do município. “O grupo apresentou três propostas: uma voltada para a qualificação do município para o avanço do turismo sustentável, outra com foco na gestão adequada dos resíduos e a terceira propondo a construção de um canil municipal. As proposições seguiram as demandas do município levantadas durante o primeiro dia de oficina”, relata Marcela Bernardi. Agora, uma segunda oficina será realizada para mostrar como conseguir recursos para os projetos criados. “No próximo encontro, em março, vamos abordar o tema da diversificação de fonte de recursos e como acessar linhas de financiamento e editais”, conclui Marcela.

O projeto Fortalecimento da Gestão Pública é executado pelo IDIS para a Anglo American em Conceição do Mato Dentro e em outros três municípios – Alvorada de Minas, Dom Joaquim e Serro. O objetivo da iniciativa é apoiar os gestores públicos municipais na elaboração de projetos, na diversificação da captação de recursos e na construção de oportunidades para apresentação de propostas a órgãos financiadores. A meta é que, ao final do percurso de oficinas, cada município tenha realizado a submissão de pelo menos um projeto para uma fonte de financiamento. O intuito de todo esse trabalho é fortalecer o poder público de cada localidade, melhorando, com isso, o atendimento à população e promovendo o desenvolvimento local.

IDIS participa do encontro de Colaboração Internacional da Global Alliance

CAF UK 2017Sair caminhando pelas ruas de Londres em busca de uma pessoa que nunca tinham visto antes. Essa foi a primeiro tarefa enfrentado por duas colaboradoras da equipe do IDIS, que estiveram na sede da Charities Aid Foundation (CAF), na capital inglesa, para o primeiro encontro de Colaboração Internacional da Global Alliance. Tratava-se de uma espécie de ‘caça de tesouro’ que serviu para que membros dos diferentes escritórios da Global Alliance se encontrassem e se conhecessem para o início de um período de duas semanas de reuniões, atividades e interações, com o objetivo de contribuir para potencializar a ação individual de cada escritório, mas principalmente fomentar o trabalho e a atuação em rede. Além do Brasil e Reino Unido, participaram representantes da África do Sul, Estados Unidos, Índia e Rússia. Juntos, todos esses escritórios formam a Global Alliance. O IDIS, foi representado por Andrea Hanai, gerente de projetos, e Celina Yamanaka, gerente financeira (quarta e quinta na foto, respectivamente).

“O desafio que nos foi colocado logo no início do programa foi definir o que é a Global Alliance, o seu papel e o que todos nós estamos buscamos, qual é o nosso objetivo comum que nos leva a atuar conjuntamente. Uma das atividades realizadas foi um workshop no qual discutimos os grandes desafios mundiais e como os membros da Global Alliance estão preparados para a enfrentá-los”, conta Andrea Hanai.

A CAF é uma organização internacional sem fins lucrativos, com origem no Reino Unido, que trabalha para tornar o investimento social privado mais eficaz. Há alguns anos, criou a Global Alliance, consolidando-se como uma das maiores redes de apoio ao investidor social privado no mundo. A CAF Global Alliance é uma parceria que engloba dois dos principais polos do mundo em filantropia (Reino Unido e Estados Unidos) e quatro dos BRICS, países com economia e filantropia emergentes. Na América Latina é o IDIS que representa a CAF, em uma parceria estabelecida em 2005. Foi a primeira vez que representantes dos níveis gerenciais dos membros da Global Alliance se reuniram para compartilhar experiências, discutir sobre oportunidades e desafios e identificar possibilidades de colaboração mútua.

“Acredito que toda viagem que propicie experiências com outras culturas ou costumes gera crescimento pessoal e profissional. O estágio em Londres abriu oportunidades e portas que antes eu não enxergava. Tivemos a chance de trabalhar com um grupo oriundo de diferentes países, criando um desafio maior de pensarmos uma visão comum. Temos muito o que compartilhar e muito o que aprender, mas sem dúvida ‘somos melhores juntos’ na busca de uma sociedade mais consciente do seu papel na construção do seu próprio bem-estar. ‘Tornar o mundo um lugar melhor’ pode parecer lugar comum, mas é justamente o que todos estávamos buscando, cada um em sua área de atuação, cada um em sua especialidade, cada um em sua realidade”, afirma Celina Yamanaka.

De acordo com o diretor da Global Alliance, Michael Mapstone, o programa de estágio marcou uma nova etapa na colaboração internacional entre todos os membros. “O IDIS, nosso parceiro brasileiro, é líder setorial em investimento social, o lugar certo para qualquer pessoa interessada em garantir que sua filantropia tenha impacto. Sua marca e posicionamento no Brasil são muito influentes e a CAF tem a sorte de tê-lo na Aliança”, relatou.

 

IDIS visita projetos sociais de comunidades do Pará

Profissionais da área de projetos do IDIS foram ao Pará, visitar duas cidades: Itaituba, que fica às margens do rio Tapajós, e Barcarena, localizada junto ao rio Pará. Ambas são portos de rios, nos quais a empresa Hidrovias do Brasil (HBSA) mantém operações. Além da ida às instalações da HBSA, Raquel Coimbra e Olivia Castello Branco também foram até as comunidades do entorno dessas cidades para entrar em contato com a realidade local e conhecer melhor os projetos sociais mantidos pela HBSA.

O objetivo dessa viagem foi entrevistar os principais stakeholders da empresa para conhecer as necessidades e os ativos locais que poderiam ser aproveitados e potencializados dentro de uma nova estratégia social da HBSA.

Foram realizadas entrevistas com autoridades do poder executivo e legislativo, Secretarias Municipais de Educação e Assistência Social, líderes comunitários, dentre outros, e visitas a equipamentos como o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), a Escola Estadual Dutra e a Sede Regional da Funai.

A empresa tem se inclinado a contribuir para a educação nos mais variados segmentos das comunidades em que atua, sejam jovens, adultos, idosos, mulheres ou indígenas, que de alguma maneira podem encontrar na educação, empregabilidade e empreendedorismo, instrumentos para melhora das condições de vida.

“Nossa visita ao Pará foi essencial, pois nos permitiu ver de perto a realidade das comunidades e entender suas necessidades mais urgentes. Ficamos surpresas com o alinhamento e a clareza dos entrevistados, que ressaltaram a importância da educação como ferramenta de transformação, focando especialmente na educação profissionalizante”, afirma Olivia, da equipe de Projetos do IDIS.

A HBSA é uma empresa de logística especializada em transporte hidroviário de commodities agrícolas, minérios, produtos siderúrgicos e outras cargas. As operações principais da HBSA no Brasil estão localizadas nos municípios de Itaituba e Barcarena de onde as commodities são transportadas em especial para Ásia e Europa via Canal do Panamá.

A construção da Campanha por um Cultura de Doação já começou!

Em fevereiro teve início a construção da Campanha por uma Cultura de Doação: foi realizada a primeira reunião com as organizações que formam o grupo de apoio para discutir e planejar a Campanha. O encontro foi sede da Edelman Significa, em São Paulo, agência selecionada para fazer o planejamento da Campanha. Estiveram presentes representantes de diversas organizações, entre elas, Fundação Abrinq, Captamos, Acorde, Greenpeace, Instituto Ayrton Senna, Setor 2 e ½ e Base Colaborativa.

“Sabemos que só conseguiremos conceber um planejamento de qualidade se ouvirmos todas as vozes que serão somadas aos insumos e insights fornecidos pela Pesquisa Doação Brasil, divulgada no ano passado pelo IDIS”, afirmou Andrea Wolffenbüttel, diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS. A Pesquisa Doação Brasil foi o primeiro estudo no país sobre o perfil do doador e do não-doador brasileiro. Além de conhecer o pensamento e comportamento da população com relação às doações, a pesquisa identificou fatores que podem facilitar a disseminação da cultura de doar e revelou também as possíveis barreiras.

Os objetivos da reunião na Edelman Significa foram refletir e discutir o conceito da campanha, esclarecer como será essa etapa inicial de planejamento e pensar coletivamente como poderia ser a execução das ações que serão propostas pela campanha. Assim como ocorreu com a Pesquisa Doação Brasil, a Campanha por uma Cultura de Doação será uma construção coletiva liderada pelo IDIS.

Durante a conversa foram debatidos temas tais como objetivo da campanha, público alvo, principais mensagens, metas e quais pontos atacar. A principal conclusão, que conseguiu obter o apoio unânime dos presentes, é que não se trata apenas de uma campanha para aumentar o volume de doações, senão algo mais ambicioso, que pretende mudar a cultura e a forma como o brasileiro entende e pratica a doação.

Por se propor a provocar uma mudança de comportamento, a Campanha terá de cobrir um extenso caminho, durante o qual, outras metas secundárias serão atingidas, tais como a compreensão das pessoas sobre o papel do terceiro setor e o aumento da confiança da sociedade nas organizações sociais.

Como definir indicadores para a captação de recursos?

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Por Paula Fabiani

Todo projeto deve ser avaliado para compreensão de seus resultados em relação às expectativas e objetivo inicial. Não é diferente com planos de captação de recursos. Desde o início, deve ser considerado no plano de captação como serão medidos os resultados alcançados. Com base nas metas que se deseja atingir, devem ser elaborados os indicadores para acompanhamento dessas metas, quem será responsável pela coleta de dados, quais suas atribuições e como será esse processo.

Ter indicadores que qualificam doadores e o atingimento das metas permite às organizações acelerar investimentos em ações bem-sucedidas ou repensar aquelas que não trazem os resultados esperados em relação ao investimento dispendido. Ter bons indicadores é crucial para que esse exercício seja realmente efetivo. Os indicadores devem ser analisados a partir de sua relação custo/benefício e, quando necessário, substituídos por mecanismos de controle mais simples e econômicos. Métricas interessantes para essa análise podem ser custo por real captado (Cost per Dollar Raised) e o retorno do investimento da captação (Fundraising Return On Investment)*.

Os indicadores devem cobrir aspectos gerais da captação (como custo/benefício das ações), das doações (volume, crescimento etc.), dos doadores (número, crescimento etc.) e engajamento deles com a organização (inclusive digital). Dados quantitativos e qualitativos do processo de captação devem ser coletados. Os dados quantitativos são objetivos e servem para conferir se os números esperados foram atingidos e se as atividades planejadas estão sendo realizadas. Como exemplo de indicadores quantitativos podemos citar a taxa de retenção e perda dos doadores e o valor médio das doações. Mas os quantitativos sozinhos não são suficientes. Existe uma curva natural de perda de doadores e é fundamental saber o que motiva e o que não motiva uma pessoa a doar para sua organização e, mais ainda, o que a motiva a se tornar um doador recorrente ou aumentar a doação. Para se conseguir essas informações, em geral, precisamos de um indicador qualitativo que pode variar de acordo com a atividade fim da organização. Os indicadores qualitativos servem para trazer dados subjetivos que demonstram o impacto das atividades realizadas.

Em geral, a captação de recursos financeiros em organizações sem fins lucrativos se utiliza de indicadores de gestão de doadores e recursos, mas também precisa de informações sobre os beneficiários e as atividades da organização para reportar aos doadores. Os dados coletados sobre a captação e o cumprimento do plano devem ser responsabilidade dos profissionais da área de captação, assim como os dados coletados sobre o impacto da organização e o cumprimento de suas metas devem ser responsabilidade dos profissionais da área de programas e projetos. A direção da organização deve ser envolvida e apoiar ambos os processos. E a interação e troca de informação entre as áreas deve ser constante, pois as informações sobre o impacto da organização alimentam o processo de captação, assim como os resultados da captação reforçam a legitimidade das atividades e o impacto gerado pela organização.

Uma vez realizada a coleta de informações, os dados levantados devem ser sistematizados e analisados. Segundo artigo publicado na Revista da USP sobre o tema recomenda-se a ajuda de especialistas no processo avaliativo. Entretanto, mesmo sem a presença de profissional especializado toda organização deve realizar processos avaliativos. A equipe de avaliação pode possuir alguém da área de captação de recursos e alguém com conhecimento de monitoramento e avaliação. Essa equipe deve apresentar suas conclusões e recomendações na forma de um relatório ou apresentação, se possível analisando a relação entre a captação e o impacto gerado pela organização. O conteúdo desse relatório pode ser incorporado em diversos materiais da organização, de acordo com o público a que se destina o material (público interno, externo, doadores etc.). Para os doadores, por exemplo, é importante ressaltar a destinação dos recursos e eventuais economias ou despesas extras. Além de reportar o impacto das atividades da organização realizadas com o recurso doado, sempre que possível.

A concorrência acirrada por recursos aumenta a importância de se criar mecanismos de captação eficientes e eficazes. E para tanto, bons indicadores são ferramentas muito úteis. Ao reportar de forma objetiva, as organizações facilitam a compreensão e aumentam a consciência dos potenciais doadores sobre a organização, seu impacto e o destino dos recursos recebidos, além de apresentar de forma clara os objetivos e as razões pelas quais o possível apoiador deveria oferecer seus recursos. Dessa forma, as organizações aprimoram o seu relacionamento com os doadores e parceiros, permitindo o desenvolvimento de relações mais duradouras e fortalecendo sua relevância na sociedade.

*Mais informações sobre esses indicadores em http://www.donorsearch.net/nonprofit-fundraising-metrics/ 

Paula Fabiani é diretora-presidente do IDIS 

Inscrições abertas para a segunda edição do Curso Mensuração de Impacto Social, do IDIS e Insper

IMG_4059O curso Mensuração de Impacto Social, uma parceria entre o IDIS e o Insper Metricis, está com as inscrições abertas para uma nova turma, que será realizada nos dias 8 e 9 de maio na sede do Insper em São Paulo.

A primeira edição foi realizada em novembro de 2016 e teve muita procura, gerando fila de espera.“Gostei bastante do curso, acredito que foi importante para desmistificar um pouco a temática de impacto social e dar insights sobre como trazer isso para os projetos de uma forma mais concreta,” afirma Gabriela Néspoli, analista de Projetos em Parceria da Fundação Lemann e aluna da primeira turma.

O curso tem carga horária de 16 horas de duração e apresenta algumas metodologias de avaliação, com especial ênfase em Adicionalidade e SROI (Social Return on Investment), abordando os princípios a serem seguidos para a realização de avaliação de projetos ou negócios sociais.

Ao final do curso, o aluno será capaz de compreender os processos que compõem a avaliação de impacto social, conhecer a diversidade de metodologias, além de ser capaz de escolher a mais adequada para cada caso.

Projeto Envolver destinará R$ 100 mil para organização da região da Bela Vista, em São Paulo

EnvolverO Instituto Cyrela Commercial Properties (Instituto CPP), com o apoio técnico do IDIS, lançou no último dia 18 o Edital 2017 do Projeto Envolver, com o intuito de premiar projetos de organizações da sociedade civil que promovam a transformação social. Neste ano, o Edital selecionará projetos no entorno do Shopping Cidade São Paulo, empreendimento administrado pela Cyrela Commercial Properties. O shopping fica na Avenida Paulista, região da Bela Vista, no município de São Paulo.

O Instituto CCP é uma organização social sem fins lucrativos, ligada ao Grupo Cyrela, responsável pelo desenvolvimento, comercialização e administração de imóveis. O foco de atuação do Instituto é o desenvolvimento das comunidades próximas aos empreendimentos da CCP.

O período de inscrições do Edital vai de 18 de janeiro a 24 de fevereiro. Podem se inscrever organizações da sociedade civil que atuam na região de entorno do shopping e que promovam melhorias na qualidade de vida das pessoas. Os beneficiários do projeto deverão ser pessoas em situação de vulnerabilidade social (independentemente de idade, gênero, raça etc.).

O projeto vencedor receberá o prêmio de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para potencializar sua atuação em um projeto já existente ou em um projeto inédito durante o prazo de até 12 (doze) meses. Para inscrição ou mais informações é preciso acessar o site do Shopping Cidade São Paulo.

Projeto vai implantar tecnologias sociais em comunidades do Amazonas

hb anemia ferroprivaUma parceria entre o IDIS, a Fundação Banco do Brasil e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) contribuirá para melhorar a qualidade de vida de populações ribeirinhas do Amazonas (AM) ao fortalecer as condições básicas para o seu desenvolvimento. O projeto vai implantar tecnologias sociais do Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil em comunidades locais beneficiando diretamente mais de 2 mil pessoas. As tecnologias sociais, soluções simples e efetivas para a transformação social, serão implantadas a partir da interação com membros destas comunidades, empoderando-os enquanto agentes do seu próprio desenvolvimento.

A construção do projeto teve início em fevereiro de 2016 quando o IDIS esteve no município de Borba-AM participando da realização de um diagnóstico situacional. Foram aplicados 160 questionários em 17 comunidades entre ribeirinhas, rurais e urbanas. O objetivo foi entender o contexto em que vivem as populações locais, identificar as iniciativas já desenvolvidas no território e verificar as demandas e carências das comunidades relacionadas a água e saneamento básico, segurança alimentar e desenvolvimento infantil.

Para o diretor executivo de Desenvolvimento Social da Fundação, Rogério Biruel, essa parceria com o IDIS fortalece e impulsiona cada vez mais a Fundação a investir no bem-estar das populações tradicionais. “O diagnóstico preliminar que fizemos e a mobilização dos atores locais, do Banco do Brasil e da universidade nos dá a certeza de uma ação com grande poder de efetividade”, disse.

A partir desse diagnóstico, foram escolhidas quatro iniciativas do Banco de Tecnologias Sociais para o projeto.

1) Hb: Tecnologia Social de Combate à Anemia Ferropriva
Trata-se de um método que ajuda na rápida identificação e tratamento da anemia ferropriva em alunos das escolas da rede pública de municípios brasileiros. Saiba mais assistindo ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=N5hVNhsXhP8.

2) Fossa Ecológica TEvap
É um sistema de tratamento e reaproveitamento dos nutrientes do efluente do vaso sanitário domiciliar para promover o destino adequado dos dejetos humanos no meio rural.

3) SODIS: Desinfecção solar da água
Por meio de mecanismos sinergéticos de radiação UV-A solar e temperatura, esta técnica trata a água para o consumo neutralizando elementos patogênicos causadores de diarreia e doenças relacionadas.

4) Banheiro Ecológico: saneamento descentralizado para comunidades ribeirinhas
No objetivo de reduzir a contaminação de recursos hídricos, oferece solução de saneamento básico descentralizado a populações que vivem de forma dispersa no território.

A próxima etapa será sua implantação no município de Borba, acompanhada da capacitação de professores e alunos da UEA e atores locais, pelos idealizadores das tecnologias. Na etapa seguinte, as tecnologias serão expandidas pela UEA para os municípios de Nova Olinda do Norte e Itacoatiara.

Como transformar privatização em filantropia?

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Há aqueles que veem as coisas como elas são e se perguntam: ‘por quê?’ Mas eu sonho coisas que nunca existiram e pergunto: ‘por que não? A frase dita por Robert F. Kennedy, que por sua vez parafraseou George Bernard Shaw, abre o livro “Filantropização via Privatização: garantindo receitas para o bem comum”, do professor da Universidade Johns Hopkins, Lester Salamon, traduzido para o português e lançado pelo IDIS em dezembro durante um evento realizado em parceria com o PLKC Advogados, em São Paulo.
A publicação é fruto de um projeto, desenvolvido dentro do Centro de Estudos da Sociedade Civil do Instituto Johns Hopkins, que explorou as possibilidades de criação de fundos patrimoniais a partir de recursos públicos. A ideia é destinar parte de ativos advindos de privatizações, concessões, repatriação de recursos, devolução de valores desviados por corrupção, entre outros, para o estabelecimento de fundos patrimoniais destinados a garantir a sustentabilidade de organizações e projetos sociais. O autor analisou 21 fundações criadas desta forma e o impacto dessas iniciativas.
O conceito foi cunhado como Philantropication thru Privatization (PtP) e tem sido disseminado em todo o mundo. O IDIS foi o precursor ao defender o processo de filantropização no Brasil e, em 2014, trouxe o professor Salamon para participar do III Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais e debater o tema junto à comunidade filantrópica.
“Nós acreditamos que ativos envolvidos nas operações de privatização e repatriação de recursos de corrupção formam um conjunto que também pertence à sociedade. Portanto, a sociedade merece receber algum benefício concreto destas operações, além dos recursos serem absorvidos pelos orçamentos estatais. Ter pelo menos parte desses ativos reservados para fundações filantrópicas é uma forma muito poderosa e estratégica de atingir esse resultado”, explicou Paula Fabiani, diretora presidente do IDIS durante o evento no PLKC Advogados.

O livro pode ser baixado gratuitamente no endereço http://idis.org.br/filantropizacao-via-privatizacao

Quarta edição do Dia de Doar mobilizou ONGs, empresas e indivíduos em todo país

DDD_REDESSOCIAIS7-002No dia 29 de novembro o Brasil se mobilizou para fortalecer a atuação de organizações sociais e incentivar a participação da sociedade na construção de um país com mais equidade. Neste dia foi realizada a quarta edição do Dia de Doar, um movimento mundial que incentiva a solidariedade e a promoção da cultura de doação. Organizações sociais que atuam em diversas áreas receberam doações.

“O Dia de Doar é mais uma oportunidade para estimular doações, e quem sabe fazer o Brasil subir mais no ranking mundial de solidariedade, medido pelo World Giving Index”, afirma Paula Fabiani, diretora presidente do IDIS. Segundo o Word Giving Index (Índice Mundial da Solidariedade) deste ano, os brasileiros subiram 37 posições no ranking da doação, saindo da 105º para a 68º.

Apesar da melhora, ainda existe muito espaço para evoluir, como apontou a Pesquisa Doação Brasil – estudo liderado pelo IDIS em parceria com diversas organizações sociais. “A pesquisa apontou que, em 2015, 46% dos brasileiros fizeram doações em dinheiro para ONGs, totalizando R$ 13,7 bilhões. O número parece alto, mas representa somente 0,23% do PIB, enquanto em outros países, as doações passam de 1% do PIB.”, completa Paula.

O Dia de Doar é é divulgado pelo Movimento por uma Cultura de Doação, uma coalizão de organizações e indivíduos que promovem a cultura de doação no país, do qual o IDIS faz parte. O Dia de Doar contou com 1 mil parceiros em 2016, entre ONGs, empresas e indivíduos. A campanha é parte de um movimento que surgiu em 2012 nos EUA, com o nome Giving Tuesday, em contraponto ao consumo excessivo do Black Friday. No Brasil, a primeira edição da campanha foi realizada em 2013, e desde 2014 o país faz parte oficialmente da edição global do Giving Tuesday.

Saiba mais: www.diadedoar.org.br

Veja o que os participantes acharam do V Fórum de Filantropos

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O IDIS acaba de subir no seu canal do Youtube o vídeo com algumas opiniões dos palestrantes e participantes sobre o V Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Filantropos, executivos, gestores públicos e empreendedores sociais, entre outros, estiveram juntos para debater “A Iniciativa Individual e a Nova Economia”. Se você não esteve no Fórum, vai poder sentir um pouco do clima e se esteve, vale a pena assistir para lembrar!

Clique aqui!

Promovido anualmente pelo IDIS, o V Fórum foi realizado no dia 6 de outubro de 2016 em São Paulo. O evento reuniu cerca de 200 participantes entre eles a CEO do Global Philanthropy Forum, Jane Wales; o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra; o CEO da Charities Aid Foundation America, Ted Hart; o economista e escritor Eduardo Giannetti da Fonseca; o criador do #givingtuesday, Henry Timms; a fundadora do Instituto Esporte & Educação, Ana Moser, e o presidente do Conselho da Fundação Gol de Letra, Raí Souza Vieira de Oliveira; entre outros.

Em breve todas as palestras serão disponibilizadas também no canal do IDIS no youtube.
Aguarde!

Conceito trazido para o Brasil pelo IDIS é tema de reportagem da Exame

Exame

 

E se o dinheiro movimentado nos processos de privatizações e concessões fosse utilizado para dar impulso ao investimento social e ambiental no país através da criação de fundos patrimoniais? Em 20 países esse caminho foi testado e funcionou muito bem. Um estudo do professor Lester M. Salamon, da Universidade John Hopkins, mapeou cerca de 500 casos de fundações que emergiram de algum tipo de privatização.

Esse processo e o professor Lester foram tema de uma grande entrevista na última edição da revista EXAME na qual se discute como esse conceito poderia ser aplicado no Brasil:

“Hoje, a ideia de privatização no Brasil se materializa nos programas de concessões. A forma de aplicar a ideia da filantropização às concessões ainda é um desafio. O país tem feito um esforço grande para privatizar alguns serviços, como portos, aeroportos e rodovias. Se parte dos recursos oriundos desses programas de concessões for canalizada para fundações, a percepção de benefício social da privatização se ampliará para a sociedade civil. Trata-se de um montante que poderia ser direcionado, por exemplo, à ampliação do acesso à internet no país, ainda muito aquém de seu porte. Há um leque de possibilidades para esses recursos em vez de simplesmente mergulhá-los no orçamento do governo.”

O IDIS foi o precursor, no Brasil, na defesa desse processo de filantropização. Lester Salomon esteve no país em 2014 para participar do III Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais para debater o tema junto à comunidade filantrópica brasileira.

O estudo do professor é apresentado no livro “Filantropização via Privatização: Garantindo Receitas Permanentes para o Bem Comum” (em inglês, Philanthropication thru Privatization: Building Permanent Endowments for the Common Good), que foi traduzido pelo IDIS e teve um pré-lançamento durante o I Fórum Internacional de Endowments Culturais, realizado em novembro no Rio de Janeiro.

“O professor Salamon avança na ideia de que os ativos envolvidos em operações de privatização não são, em última análise, ‘do governo’, mas ‘do povo’, construídos por meio do suor, trabalho árduo e recursos dos cidadãos de um país ou pertencentes ao povo como um direito inato em virtude de sua presença no território que coletivamente ocupam”, afirma o fundador e consultor estratégico do IDIS, Marcos Kisil, no prefácio da edição brasileira.

Assista à palestra do professor Lester Salamon na III Fórum de Filantropos e Investidores Sociais realizado em 2014: https://www.youtube.com/watch?v=_xs4QCXttCg.

Evento apoiado pelo IDIS discutiu a criação de endowments para a área cultural

BNDES

 

Nos anos 90, em meio a um processo de privatizações das empresas públicas, a República Tcheca destinou 1% dos recursos gerados para o estabelecimento de um fundo nacional que financiou a formação de endowments – fundos patrimoniais permanentes – de 73 fundações no país. O fundo patrimonial do Museu do Louvre soma hoje US$ 230 milhões reunidos apenas nos últimos sete anos. O Metropolitan Museum of Art de Nova York possui um fundo patrimonial de US$ 2,7 bilhões investido hoje no mercado financeiro.

Exemplos como esses inspiram uma mudança no meio cultural, empresarial e do mercado financeiro brasileiro. Com esse intuito foi realizado o I Fórum Internacional de Endowments Culturais, apresentado pelo BNDES, criado e realizado pela Levisky Negócios e Cultura em parceria estratégica com a Edelman Significa e com apoio do IDIS e do escritório de advocacia PLKC.

“No Brasil, a criação de fundos patrimoniais é importante para promover a sustentabilidade no longo prazo das organizações da sociedade civil. Um dos obstáculos para a disseminação do endowment é a falta de uma legislação específica que facilite sua criação e de incentivos fiscais. O IDIS lidera uma iniciativa de advocacy, trabalhando em rede para promover o desenvolvimento dos fundos patrimoniais no país”, informa a diretora presidente do IDIS, Paula Fabiani.

O Fórum foi realizado nos dias 17 e 18 de novembro no Rio de Janeiro e reuniu representantes do mercado financeiro, governos, gestores de importantes equipamentos públicos e estudiosos para debater como o Brasil pode entrar no ciclo virtuoso dos fundos patrimoniais de longo prazo para a área cultural. Eles participaram de um debate precedido de apresentação de um estudo realizado especialmente para o evento.

Por meio de entrevistas com importantes atores desse mercado, consultoria jurídica e coletas de dados secundários, o estudo apontou algumas questões como, por exemplo, a insegurança do mercado quanto à transparência da gestão das instituições culturais e o medo de se associar a um equipamento que está em constante crise. Por outro lado, o diagnóstico apontou que há compreensão da urgência na formação desses fundos e uma expectativa de que eles contribuam para o melhor planejamento e gestão das instituições.

Foi apresentado ainda o cenário da situação brasileira do ponto de vista jurídico e financeiro. A atual legislação já permite a formação de endowments para instituições particulares, mas não públicas. Daí a proliferação de associações de amigos e outros que permitem essa captação. Fica clara a necessidade de um ambiente legal mais seguro, mas também a preocupação em não engessar o processo. Já existem dois projetos de lei tramitando no Congresso que precisam entrar na pauta para posterior votação.

O Fórum apontou ainda algumas recomendações relacionadas aos temas da cultura de doação; governança; diversificação das fontes de recursos; regulação e tributação com o intuito de facilitar a criação dos fundos patrimoniais – além de sugerir um passo a passo para a sua estruturação.

“Essa é uma agenda importante para o BNDES. Devemos evoluir do modelo atual de dependência do governo ou de patrocinadores institucionais para um formato mais autossustentável, no qual as instituições busquem incrementar a geração de receitas próprias (de bilheteria, venda de produtos, prestação de serviços) e a atração de novos recursos. O endowment é um modelo consagrado em outros países e pode, com a devida governança, atrair inclusive recursos internacionais de filantropia para o país”, disse a presidenta do BNDES, Maria Silvia Marques.

Segundo Ricardo Levisky, idealizador do evento, a gestão cultural no Brasil ainda se organiza por um raciocínio de curto prazo, dependente da sazonalidade de incentivos públicos e privados que garantam a sobrevida de suas instituições. “Buscamos com esse movimento engajar todos os atores envolvidos no processo e efetivamente elaborar o caminho para a constituição de endowments, que podem assegurar a sustentabilidade financeira e excelência das nossas instituições culturais e artísticas, não apenas no presente, mas também como um legado”, afirma.

O I Fórum Internacional de Endowments Culturais teve patrocínio do BNDES, da Petrobrás e da Caixa Econômica Federal.

Sobre Endowments

Muito difundida no exterior, a prática de criar e gerir fundos patrimoniais permanentes para garantir a sustentabilidade financeira a longo prazo de instituições culturais ainda é rara no Brasil. Nos Estados Unidos é uma realidade e é responsável por parte do financiamento de atividades de equipamentos como a Smithsonian Institution (Washington), a Art Institute of Chicago ou a Boston Symphony Orchestra. Na Inglaterra e na Itália, por exemplo parte dos recursos levantados pela loteria é destinado para fundos de endowment. Outros fundos são criados por doações particulares, de empresas e até dentro de processos de privatização, entre outras fontes de recursos que a pesquisa apontará.

Os endowments têm recursos próprios e são geridos como os fundos de investimento disponíveis no mercado financeiro e dentro das regras legais de mensalmente para a instituição para ajudar na sua manutenção e desenvolvimento de projetos, dentro de um limite predefinido. E o principal do fundo é preservado, sem retiradas, salvo alguma exceção.

Curso Mensuração de Impacto Social, realizado por IDIS e Insper Metricis, foi um sucesso!

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Realizado nos dias 20 e 21 de outubro e com 16 horas de aulas presenciais, o curso Mensuração de Impacto Social superou a expectativa em termos de procura e gerou fila de espera, que deve ser atendida com nova edição no primeiro semestre de 2017.

A formação apresentou algumas metodologias de avaliação, com especial ênfase em Adicionalidade e Social Return on Investment (SROI). O intuito foi oferecer subsídios para que organizações do Terceiro Setor pudessem compreender a importância da mensuração do valor das ações sociais empreendidas para conhecer a diversidade metodológica em avaliação de impacto social.

No primeiro dia, abordou-se o processo de avaliação de impacto, metodologias existentes, metodologias de avaliação com base em Adicionalidade, entre outros temas. As apresentações foram conduzidas pelo diretor da cátedra do Instituto Ayrton Senna (IAS) no Insper, Ricardo Paes de Barros, pelo coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, Naercio Menezes Filho, e pelo coordenador do Insper Metricis, Sérgio Lazzarini.

No segundo dia, a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, ministrou aula sobre o SROI, uma ferramenta trazida para o Brasil pelo IDIS e que faz uma avaliação completa dos impactos sociais do projeto sobre todos os envolvidos. “O SROI permite atribuir valores financeiros aos benefícios, de modo a poder comunicar os resultados de uma maneira mais facilmente compreensível para financiadores ligados ao setor privado. É uma ferramenta criteriosa e útil”, aponta Paula.

Para ajudar no entendimento da metodologia, foram apresentados os cases de duas avaliações SROI conduzidas pelo IDIS: do Programa Infância Ribeirinha (PIR) e Programa Valorizando uma Infância Melhor (VIM) – este último promovido pela Fundação Lucia e Pelerson Penido (FLUPP). Ambas as avaliações apontaram que todo o investimento financeiro realizado se converteu em alto valor social.

O curso, que contou com 42 alunos, é voltado para profissionais do Terceiro Setor, de fundações (corporativas ou familiares), institutos, organizações sem fins lucrativos, empreendedores sociais e fundos de investimento de impacto.

A psicóloga do programa Espaço Escuta e aluna da formação, Carla Rigamonti, pretende colocar em prática os  ensinamentos recebidos. “Gostei muito do curso, pois ofereceu um panorama geral sobre a importância da avaliação de impacto e também sobre as diferentes possibilidades de mensuração do efeito do meu trabalho. Saí positivamente afetada pela ideia,” contou Carla.

Brasil sobe 37 posições no ranking mundial de solidariedade e tem melhor resultado desde 2009

O Brasil está mais generoso de acordo com o World Giving Index (WGI) da Charities Aid Foundation (CAF), o único índice global que mede a generosidade, divulgado no dia 25 de outubro. O WGI é elaborado pela CAF, uma instituição filantrópica internacional, com sede no Reino Unido e com escritórios parceiros no Brasil, EUA, Canadá, Rússia, África do Sul e Índia. O representante brasileiro da CAF é o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, o IDIS. O WGI registra o número de pessoas que ajudaram um estranho, fizeram trabalho voluntário ou doaram dinheiro para uma organização da sociedade civil no mês anterior ao levantamento. Este ano, foram entrevistadas 148 mil pessoas de 140 países como parte do Gallup World Poll.

O país teve grande aumento no número de pessoas doando para organizações da sociedade civil, fazendo trabalho voluntário e ajudando um estranho – os três aspectos medidos que compõem o WGI. No geral, 54% dos brasileiros disseram que ajudaram um estranho no mês anterior à pesquisa – um aumento expressivo em relação aos 41% do levantamento passado. A parcela de pessoas que doam dinheiro aumentou de 20% para 30% em relação ao ano anterior, enquanto a proporção dos que fizeram trabalho voluntário aumentou de 13% para 18% na mesma comparação.

“Esses resultados confirmam o que a Pesquisa Doação Brasil, a primeira pesquisa de alcance nacional sobre o comportamento dos doadores, apontou: que o brasileiro é um povo solidário e que sabe responder em um momento de crise”, avalia Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS. Ela lembra que ambas as pesquisas foram realizadas no ano passado, antes do sucesso dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. “Esperamos novos aumentos após esses eventos, que reuniram tantos voluntários para ajudar a mostrar o nosso país para o mundo”, diz.

No geral, o Brasil é o 68º no WGI, e, apesar do crescimento significativo, ainda está atrás do Chile, Uruguai e Peru. O Instituto Gallup, responsável pela realização da pesquisa, entrevistou presencialmente 1.004 brasileiros, entre 20 de outubro e 16 de novembro de 2015.

Brasil

Mundo

Mais pessoas do que nunca estão ajudando um estranho em países em todo o mundo, de acordo com o World Giving Index da CAF. Pela primeira vez desde que o índice começou a ser apurado, em 2009, mais da metade das pessoas nos 140 países disseram que ajudaram um estranho e um número recorde de pessoas fez trabalho voluntário. O número de pessoas no mundo que doou dinheiro também foi ligeiramente maior. No geral, Mianmar foi o país mais generoso do mundo pelo terceiro ano consecutivo. Os Estados Unidos foram o segundo, sendo o país mais generoso do mundo ocidental, seguido pela Austrália.

Mundo

O índice é publicado um mês antes do Dia de Doar (#GivingTuesday), que será dia 29 de novembro, quando as pessoas são convidadas a doar o seu tempo, dinheiro ou voz para uma boa causa.

Alguns destaques

A África é o continente que registou o maior aumento de generosidade no ano passado. Mais uma vez, nota-se que desastres e adversidades inspiram atos de generosidade. O índice, agora em seu sétimo ano, mostra altos níveis de generosidade em países que enfrentam guerra civil, conflitos e instabilidade, evidenciando como o impulso humano para ajudar os outros se mostra mais forte em condições mais problemáticas.

O WGI deste ano apurou grande volume de doações no Iraque e na Líbia, apesar dos conflitos sangrentos, e o Nepal, que atinge sua classificação mais alta logo após os terremotos devastadores de 2015. Dos sete países mais industrializados e ricos do mundo, o G7, apenas três aparecem entre os Top 10 do ranking: Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. Em muitos países, os homens são significativamente mais propensos que as mulheres a se envolver em trabalho voluntário ou em ajudar um estranho. No entanto, em nível global, há pouca diferença entre homens e mulheres quando se trata de doação de dinheiro.

Metodologia

O World Giving Index baseia-se em dados coletados pelo Instituto Gallup em seu projeto World View World Poll, uma pesquisa realizada em mais de 140 países em 2015 que, juntos, representam cerca de 96% da população mundial (cerca de 5,1 bilhões de pessoas). A pesquisa faz perguntas sobre diversos aspectos da vida contemporânea, incluindo o comportamento de doação. Os países pesquisados e as perguntas feitas em cada região variam de ano para ano e são determinados pelo Gallup. Mais detalhes sobre a metodologia do Gallup podem ser vistos online.

CEO da CAF America falou sobre captação no exterior em evento realizado em SP

14657346_1152782814806973_6855218457344908864_nOs desafios enfrentados pelas organizações sociais no Brasil são os mesmos pelos quais organizações do mundo todo passam: como garantir a sustentabilidade financeira e como captar recursos com regularidade. Esse cenário foi apresentado pelo CEO da Charities Aid Foundation (CAF) America, Ted Hart, durante uma palestra que abordou a captação de recursos no exterior realizada no dia 7 de outubro. O evento foi uma parceria entre o IDIS e o Centro Ruth Cardoso e contou com a presença de cerca de 60 representantes de organizações sociais que atuam em diversas áreas.

A CAF America é uma organização da sociedade civil dedicada ao investimento social privado, com sede no Reino Unido e com mais de 90 anos de experiência. A CAF apoia doadores – indivíduos, grandes doadores e empresas – a obter o maior impacto possível a partir da sua doação. Além da sede no Reino Unido, a CAF também atua na África do Sul, na Austrália, no Brasil, na Bulgária, nos Estados Unidos, na Índia, na Rússia e em Cingapura. No Brasil é o IDIS que atua em nome da CAF, em uma parceria estabelecida em 2005.

“Para convencer uma pessoa ou empresa a doar recursos é preciso fazê-la acreditar em sua causa. E isso vocês já fazem”, disse durante a sua apresentação. De acordo com Hart, o que difere são apenas as legislações vigentes em cada país e esse trabalho de adaptação a regras específicas pode ser conduzido por organizações como a CAF. “Nos EUA, por exemplo, não pode ser realizada doação direta, então fazemos a intermediação. Já no Canadá, é permitido fazer doação apenas para o desenvolvimento de projetos”, explicou.

Na sua opinião, projetos que já existem e têm históricos mensuráveis atraem mais doadores estrangeiros. “Não é necessariamente impossível captar recursos para um projeto inicial ou uma organização social que está começando. Mas, nesses casos, orientamos que faça parceria com outros institutos que já têm uma atuação reconhecida, para que gere mais interesse do doador”, exemplificou.

Em sua palestra Hart abordou também os tipos de doação praticados na CAF. Um deles é a CAF America Friends Fund (Fundo de Amigos), uma alternativa para organizações que buscam ampliar o apoio de doadores dos EUA. Nessa modalidade, as entidades economizam dinheiro, pois não precisam se configurar como uma entidade filantrópica. Mais informações sobre o fundo podem ser encontradas no site da CAF America: www.cafamerica.org.

IDIS realiza a 5º edição do Fórum de Filantropos e Investidores Sociais

idis-evento-66Ao som do quinteto de sopros do Instituto Baccarelli teve início o V Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais em São Paulo no último dia 6 de outubro. O evento reuniu cerca de 200 participantes entre eles a CEO do Global Philanthropy Forum, Jane Wales; o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra; o CEO da Charities Aid Foundation America, Ted Hart; o CEO da Fundação Lemann, Denis Mizne; a gerente executiva do Instituto Ayrton Senna, Inês Miskalo; o criador do #givingtuesday, Henry Timms; entre outros.

O tema escolhido nesta edição foi “A Iniciativa Individual e a Nova Economia” e as plenárias foram norteadas pelo desafio de repensar o atual modelo econômico em busca de alternativas mais inclusivas e ambientalmente sustentáveis. Foram discutidas questões como shared value, o papel da filantropia na agenda social do governo, novos negócios com impacto socioambiental positivo, cases inovadores de empreendedorismo social e o espírito olímpico e a responsabilidade individual.

Para a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, a escolha do tema foi estratégica. “Cada um de nós precisa se colocar à disposição do benefício de todos para encontrarmos saídas para questões como o esgotamento do modelo de consumo e a desigualdade social para que as crianças, que são nosso futuro, tenham seu desenvolvimento pleno assegurado”, explica.

A palestra de abertura, “As Fronteiras do Capitalismo” foi com o economista e escritor Eduardo Giannetti da Fonseca. “Estamos aqui para diminuir a distância entre o mundo ideal e o mundo real. Fazer filantropia é ter uma disposição para ajudar a transformar uma realidade”, disse na abertura dos trabalhos.

Na plenária “A filantropia como valor familiar”, foi anunciada a criação do The Giving Pledge Brasil pelo IDIS com o apoio do fundador da Cyrela, Elie Horn. O programa já existe nos Estados Unidos e foi criado em 2010 por Bill Gates e Warren Buffett para reunir bilionários dispostos a doar parte de suas fortunas ao longo da vida para investir em causas sociais. “Para nós, foi muito importante tornar pública o nosso compromisso com o Giving Pledge. Não quero morrer pobre de ações, temos que sempre fazer o bem. A gente só escolhe na vida entre fazer o bem e o mal”, disse o empresário durante a sessão. Ele e a esposa, Suzy Horn, falaram da experiência e a importância dos valores filantrópicos defendidos pela família. O fundador da Cyrela também anunciou a doação de R$ 2 milhões por ano durante 10 anos para a criação de uma campanha e realização de ações de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes.

Durante o Fórum, foi lançado o livro “Pesquisa Doação Brasil”, que traz dados inéditos e detalhados da pesquisa realizada pelo IDIS/Gallup e parceiros e inclui três análises distintas sobre os resultados que mostram o perfil do doador brasileiro. Outra publicação lançada foi o guia “Investimento de Impacto: uma introdução”. Com o apoio do Instituto Sabin, o IDIS fez a tradução e a publicação deste segundo volume da coleção “Seu Roteiro para Filantropia”, produzida originalmente pela Rockefeller Philantropy Advisors. As publicações estão disponíveis para download no site do IDIS.

O encerramento do Fórum contou com a participação da fundadora do Instituto Esporte & Educação, Ana Moser, e do presidente do Conselho da Fundação Gol de Letra, Raí Souza Vieira de Oliveira em uma plenária que convidou os participantes a refletirem sobre o espírito olímpico e a responsabilidade individual. O Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais é uma iniciativa conjunta do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e do Global Philanthropy Forum (GPF).

Confira o álbum de fotos do evento.

Medindo o Retorno do Investimento em Captação

paulaPor Paula Fabiani

A busca por dados para apoiar esforços de captação de recursos ganhou maior importância na última década no Brasil. Dentre esses esforços vale mencionar a Pesquisa Doação Brasil , cujos resultados podem beneficiar muito esse campo, trazendo informações tais como as formas preferidas, pelos doadores, de abordagem e de pagamento. Saber que os brasileiros preferem fazer doações em dinheiro vivo e não gostam de cobranças via cartão de crédito, por exemplo, ajuda quem precisa ir a campo captar recursos.

Nesta busca por números, vale mencionar também a relevância que vem ganhando a avaliação de impacto. Entretanto, enquanto a avaliação de impacto ganha destaque no Brasil com a realização de eventos sobre o assunto, publicações e a incorporação desse tema por parte de grandes fundações e institutos, pouco se fala sobre a avaliação de resultados da captação de recursos. Não encontramos modelos prontos para esta medição e pouco se discute o assunto.

A medição dos resultados dos esforços de captação pode ser muito importante para justificar as despesas atreladas a essa ação, já que se trata de uma “área meio” e, portanto, muitas vezes desvalorizada em sua relevância para o alcance dos objetivos da organização. É preciso despertar para a valorização da contribuição (ou não) de uma área tão relevante de uma organização.

Mas como realizar esta avaliação? Em primeiro lugar é necessário estabelecer mecanismos de medição robustos, que tragam a informação desejada. Quanto é realmente gasto na conquista de um novo doador? Quais os processos e pessoas da organização estão envolvidos? Quanto tempo a organização leva nesse processo? Como menciona uma análise sobre o tema em relação à universidade, o tempo do líder da organização na captação de recursos deve ser incorporado nos cálculos . Em países como os Estados Unidos, já encontramos um bom número de mecanismos e literatura sobre o tema como por exemplo: Measuring Fundraising Return on Investment and the Impact (Medindo o Retorno do Investimento e Impacto da Captação de Recursos) da Wealth Engine, Financing not Fundraising (Financiando ao Invés de Captando) da Social Velocity e até um software para isso da Webserves.

Mas é preciso ir além da análise “custo-benefício” da conquista de um doador. É necessário refletir sobre a qualidade desse doador e seu potencial de fidelização à causa e à organização. Uma vez considerados os aspectos monetários e qualitativos de um novo doador, é possível estimar o retorno do valor investido em um determinado esforço de captação. Essa avaliação gerará muito mais do que um número, também indicará caminhos para uma captação mais efetiva. Além de permitir um diálogo mais objetivo entre a organização que precisa investir para colher frutos futuros na sua captação e um potencial financiador desse esforço de captação, que muitas vezes compreende uma linguagem econômica ou financeira. O processo de captação exige tempo para dar resultados, bons números ajudam a justificar o investimento.

Apesar de não existirem muitas análises de “custo-benefício” sobre esforços de captação no Brasil, é possível comparar com valores apurados por organizações estrangeiras semelhantes. Certamente análises dessa natureza pode alavancar o potencial de esforços de captação, pois aumentam as possibilidades de aproveitamento das iniciativas. E, por fim, ajudam as organizações a realizarem sua missão e transformarem o Brasil em um país mais justo e sustentável.

Paula Fabiani é diretora-presidente do IDIS 

IDIS e FLUPP finalizam projeto de gestão da educação em três municípios paulistas

14263982_1797902497111594_4318274142314785549_nO IDIS participou neste mês, nos dias 12 e 13, da última etapa do projeto Fortalecimento da Gestão Municipal de Educação executado em parceria com a FLUPP – Fundação Lucia e Pelerson Penido nos municípios paulistas de Lagoinha, Natividade da Serra e Redenção da Serra. Raquel Coimbra, diretora de projetos do IDIS, e Marcela Bernardi, coordenadora de projetos de investimento social do IDIS, apresentaram aos gestores os infográficos com as metas priorizadas nas oficinas realizadas pelo IDIS com os técnicos das secretarias municipais de Educação.

No dia 12 foi feita a apresentação do infográfico de Lagoinha aos vereadores e professores do município na Câmara Municipal. A Secretaria de Educação do município esperou, inclusive, a chegada do infográfico para divulgar o Ideb do município, que atingiu, em 2015, a meta de 2017. No dia 13, pela manhã, foi apresentado o infográfico de Natividade da Serra na Prefeitura Municipal. E no período da tarde, em Redenção da Serra, a apresentação ocorreu em uma escola municipal, com a presença do prefeito, gestores e docentes.

Veja os infográficos.

Programa desenvolvido pelo IDIS para primeira infância é destaque na imprensa internacional

IMG_0166O IDIS foi destaque na edição de setembro da Alliance Magazine, a principal revista sobre filantropia e investimento social em todo o mundo. A matéria “Influenciando as políticas públicas – desenvolvimento da primeira infância no Brasil” destaca o projeto Primeira Infância Ribeirinha (PIR), realizado na Amazônia de 2011 a 2016 pelo IDIS e seus parceiros: Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas e Fundação Amazônia Sustentável (FAS), com o apoio financeiro da Fundação Bernard van Leer. A publicação mostra que a maioria dos indicadores sociais no estado do Amazonas é pior do que a média nacional, principalmente por se tratar de uma região isolada, à beira dos rios da floresta tropical e carente de muitos serviços básicos.

A matéria da Alliance detalha o projeto piloto que foi criado para capacitar os agentes comunitários para que, durante as visitas domiciliares, orientassem as famílias sobre cuidados básicos de saúde para gestantes e crianças pequenas. Após essa fase, o projeto passou por uma avaliação na qual ficaram claros os resultados obtidos. Diante disso, foi proposto ao governo criar uma política pública para expandir esse atendimento a todos os municípios do Amazonas. O IDIS e seus parceiros redigiram uma proposta de lei que foi aprovada neste ano pela Assembleia Legislativa.

A reportagem reforça ser particularmente importante debater o papel dos recursos privados na esfera pública e destaca ser fundamental um processo de monitoramento e avaliação das políticas desenvolvidas a partir de um projeto piloto, que neste caso específico contou com a participação de órgãos públicos, da sociedade civil e acadêmicos.
A matéria completa pode ser lida em: http://www.alliancemagazine.org/feature/what-influence-does-philanthropy-exert

IDIS e Insper promovem curso sobre avaliação de impacto social

mensuracao-postO IDIS e o Insper Metricis lançam o curso “Mensuração de Impacto Social” com a proposta de permitir que o aluno compreenda os processos que compõem a avaliação de impacto social e entre em contato com métodos inovadores. Um dos desafios comuns em organizações sem fins lucrativos e negócios sociais é a mensuração de resultados, ou seja, como transformar em números ações que visam mudanças sociais.

O curso é direcionado aos profissionais que atuam em instituições do terceiro setor, investidores sociais, empreendedores sociais e fundos de investimento de impacto. A carga horária é de 16 horas e as aulas serão nos dias 20 e 21 de outubro, das 9 às 18 horas, no Insper em São Paulo. Será dada ênfase na metodologia de avaliação com base em Adicionalidade e a SROI (Social Return on Investment), abordando os princípios a serem seguidos para a realização de avaliação de projetos ou negócios sociais, implementados por fundações, institutos, organizações da sociedade civil, empresas, negócios sociais ou fundos de investimento de impacto.

Entres os professores do curso estão Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS; Ricardo Paes de Barros, diretor da cátedra do Instituto Ayrton Senna (IAS) no Insper; Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper; e Sérgio Lazzarini, coordenador do Insper Metricis.

Serviço: Mensuração de Impacto Social
Duração do curso: dias 20 e 21/10
Horário: das 9 às 18 horas
Local: Insper (Rua Quatá, 300, Vila Olímpia, São Paulo/SP)
Outras informações: Núcleo de Orientação ao Candidato, telefone (11)4504-2400 ou pelo e-mail candidato@insper.edu.br
Inscrições pelo site: http://www.insper.edu.br/educacao-executiva/cursos-de-curta-duracao/mensuracao-de-impacto-social-integral/#aba1

Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais vai discutir “A Iniciativa Individual e a Nova Economia”

LO_SaveDate_4O economista e escritor Eduardo Giannetti, o mega-empresário Elie Horn, fundador e sócio da Cyrela, e os campões Raí e Ana Moser, têm um encontro marcado no próximo dia 6 de outubro, no próximo Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais. Todos eles vão discutir como a filantropia e a chamada Nova Economia podem trabalhar juntas na construção de um modelo econômico mais inclusivo e sustentável, no qual os benefícios da riqueza sejam distribuídos de forma mais equilibrada.

“A Iniciativa Individual e a Nova Economia” é o tema do evento deste ano, que reúne a comunidade filantrópica para troca de experiências e fortalecimento da filantropia estratégica na promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira.

Além dos palestrantes já mencionados, o Fórum ainda vai contar com Osmar Terra, ministro do Desenvolvimento Social, Jane Wales, CEO do Global Philanthropy Forum, Ted Hart, CEO da Charities Aid Foundation/EUA e Henry Timms, fundador do Giving Tuesday.

A programação completa do Fórum pode ser consultada em www.idis.org.br/forum. A participação no evento é exclusiva para convidados, mas, posteriormente, todos os vídeos das palestras são disponibilizados na internet.

Projeto desenvolvido pelo IDIS prevê a implantação de tecnologias sociais em comunidades do Amazonas

IMG_8734O Amazonas é o maior estado do Brasil, conhecido pela sua natureza exuberante e biodiversidade. O estado tem a maior população indígena do país e inúmeras comunidades tradicionais de pescadores artesanais e seringueiros vivendo em locais distantes de centros urbanos, onde o acesso a serviços essenciais é naturalmente complexo. Tendo em vista essa realidade, o IDIS está trabalhando em um projeto piloto de implantação de tecnologias sociais que atendam às necessidades de um desenvolvimento sustentável em comunidades rurais e ribeirinhas. A iniciativa é uma parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

A primeira etapa foi a realização de um diagnóstico situacional no município de Borba-AM com a participação da comunidade e do poder público local. Por meio de pesquisas e análise de dados primários e secundários foi possível entender o contexto em que vivem os habitantes de Borba e também mapear as iniciativas já desenvolvidas na região. A partir das demandas mais prementes foram pré-seleciondadas 16 tecnologias do Banco de Tecnologias Sociais da FBB. O município de Borba foi escolhido para servir de referência ao diagnóstico pois a UEA realiza na cidade um projeto piloto que envolve estudantes universitários, o Programa de Apoio à Primeira Infância (PAPI).

O trabalho de campo foi realizado em fevereiro deste ano com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde. Foram aplicados 181 questionários em 17 comunidades – seis rurais, seis ribeirinhas e cinco urbanas. A equipe multidisciplinar de trabalho de campo foi constituída pela UEA, profissionais do IDIS e da área da Saúde da Criança da Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas. “Para facilitar a seleção das tecnologias sociais, as prioridades locais foram separadas em quatro categorias: água, saneamento básico, segurança alimentar e saúde infantil”, explica Sofia Rebehy, analista de projetos de investimento social do IDIS e que integrou a equipe de campo.

Os resultados do diagnóstico foram compartilhados com o município com o intuito de orientá-lo na definição das Tecnologias Sociais e respectivas comunidades para a implantação. Esta seleção foi feita pelo poder público local em reunião coordenada pela Secretaria Municipal de Saúde e levou em consideração não somente os dados levantados pelo diagnóstico, mas também as peculiaridades de cada comunidade. As tecnologias foram apresentadas ainda para as comunidades envolvidas para confirmar sua aceitação e interesse.

Desde a finalização do diagnóstico, em junho, o IDIS tem trabalhado no desenho da continuidade do projeto, que prevê a capacitação de equipe da UEA pelos idealizadores das Tecnologias Sociais selecionadas e a implantação piloto em três comunidades de Borba. A UEA será o agente responsável pela replicação das tecnologias em comunidades de outros dois municípios – Nova Olinda do Norte e Itacoatiara – em consonância com suas principais carências e a partir do envolvimento comunitário.

O IDIS atua desde 2011 na promoção do desenvolvimento da Primeira Infância no Amazonas. Em parceria com a Secretaria de Saúde do Amazonas, Fundação Bernard van Leer e Fundação Amazônia Sustentável realizou o Programa Infância Ribeirinha (PIR). Voltado para a melhoria das condições de vida de gestantes e crianças de 0 a 6 anos em comunidades ribeirinhas amazonenses, o PIR inspirou a criação de uma política pública especialmente voltada para a primeira infância. O Programa Primeira Infância Amazonense (PIA) foi sancionado pelo Governo do Estado do Amazonas em março deste ano e está em processo de implantação.

Fundo Areguá, endowment estruturado com apoio do IDIS, visa reter talentos na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

IMG_3805Cursar uma faculdade de medicina é o sonho de muitos jovens, mas por questões econômicas e sociais muitos abandonam este ideal – mesmo certos de sua vocação e talento. Com o intuito de ajudar essas pessoas a realizar esse sonho e atrair talentos para a carreira nasceu o Fundo Areguá – um fundo patrimonial que vai dar bolsas de estudos para alunos da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa (FCMSC) de São Paulo. Idealizado pelo dr. José Luiz Setúbal, ex-aluno da FCMSC e atual provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o Fundo Areguá foi estruturado com o apoio do IDIS.

O lançamento do Fundo reuniu professores e ex-alunos da FCMSC em três encontros de apresentação realizados em agosto no Salão Nobre da Santa Casa. O intuito é iniciar o quanto antes a captação dos recursos necessários para que ele comece a funcionar. O nome do Fundo – Areguá – faz referência à saudação e grito de guerra que une alunos e ex-alunos da FCMSC. Além das bolsas de estudo, os recursos captados serão destinados ainda para apoiar pesquisas e promover melhorias na infraestrutura da faculdade. Há três formas possíveis de participação: doação pontual, doação recorrente e ainda pode-se optar em fazer parte da Associação Fundo Areguá. O Fundo é uma entidade independente da estrutura da faculdade.

Fundos Patrimoniais (endowments, em inglês) são estruturas criadas para dar sustentabilidade financeira a causas e organizações sem fins lucrativos. Para isso, a administração de seus recursos, que são provenientes de doações, tem por princípio a conservação no longo prazo do valor doado. O trabalho desenvolvido pelo IDIS teve o objetivo de estruturar o Fundo Areguá, definindo especificamente seu veículo, missão, composição, governança e spending rate (regra de resgate). O IDIS é referência na criação desses fundos e faz um trabalho de advocacy trabalhando em rede para promover o desenvolvimento dos fundos patrimoniais no Brasil.

Assista ao vídeo e conheça essa história: https://vimeo.com/178203353

Campanha mobiliza candidatos à prefeitura e eleitores em defesa dos direitos das crianças

Crianca e prioridade Original (002)Vagas em creche para todas as crianças, atendimento de qualidade e gratuito na rede pública de saúde, espaços públicos para brincar e expressar sua criatividade, profissionais com especialização e treinamento constantes para cuidarem das crianças. Esses são alguns dos direitos das crianças na primeira infância que estão sendo promovidos pela campanha suprapartidária “Criança é Prioridade – Compromisso dos candidatos à prefeitura com os direitos da primeira infância”, lançada pela Rede Nacional pela Primeira Infância (RNPI) e que vai mobilizar a população durante a corrida eleitoral para que os candidatos assumam um compromisso público pelos direitos das crianças.

Organizações e cidadãos podem participar dessa mobilização nacional se inscrever através do site da RNPI – www.primeirainfancia.org.br – e receber o material, que inclui a carta e o termo de compromisso para entregar aos candidatos, um guia informativo da campanha, e imagens para promover os direitos das crianças que podem ser compartilhadas através das redes sociais. No site, há também um mapa do Brasil que vai informar os candidatos que assinarem o compromisso.

O objetivo da ação é sensibilizar os candidatos à prefeitura e informar os eleitores sobre a prioridade absoluta dos direitos das crianças brasileiras – prevista na Constituição Federal – e para os ganhos sociais com a melhoria da vida das crianças na primeira infância. Em uma carta, que será entregue pelas organizações integrantes da Rede Nacional Primeira Infância e demais inscritos na campanha, os candidatos são convidados a assinar um termo de compromisso expressando seu compromisso em priorizar o atendimento aos direitos crianças em seu plano de governo, e elaborar um Plano Municipal pela Primeira Infância (PMPI). A Lei Federal nº13.257/2016 – conhecida como Marco Legal da Primeira Infância – prevê a implantação, em cada cidade, de um PMPI. Com esse instrumento de planejamento e gestão, o prefeito pode utilizar melhor seus recursos, articulando a sociedade e as diferentes secretarias municipais responsáveis por atender as crianças – como educação, saúde, assistência social, planejamento urbano, entre outras.

A identidade visual da campanha foi criada por Claudius Ceccon, coordenador da Secretaria Executiva da Rede Nacional Primeira Infância / CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular, que faz a realização da campanha com o apoio da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Instituto Alana, Fundação Bernard van Leer e Instituto C&A.

A Rede Nacional Primeira Infância é um foro de articulação que reúne mais de 200 organizações da sociedade civil e governamentais que atuam na promoção, defesa e garantia dos direitos das crianças na primeira infância, e que estão presentes em todos os estados brasileiros. Saiba mais sobre a RNPI em: www.primeirainfancia.org.br.

 

 

IDIS lança segunda parte da Pesquisa Doação Brasil

2016-08-18 10.15.01No dia 18 de agosto, o IDIS divulgou novos dados da Pesquisa Doação Brasil em uma Roda de Conversa realizada no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo. O foco foi o relacionamento dos brasileiros com as organizações não governamentais (ONGs). Entre os dados revelados estão que 71% da população entende que as ONGs dependem de doações para obter recursos e funcionar e 44% concorda que essas instituições fazem um trabalho competente. Porém, apenas 26% dos entrevistados acham que a maioria das ONGs é confiável.

A pesquisa mostrou ainda que 64% dos doadores contribui apenas para uma instituição, sendo que 39% dos doadores já visitou pessoalmente a organização para a qual doa. A fidelidade se destaca neste item, já que 70% dos doadores disse que costuma doar sempre para a mesma ONG, ano após ano. Em 2015, as doações individuais dos brasileiros totalizaram R$ 13,7 bilhões – valor que corresponde a 0,23% do PIB do Brasil.

Quase dois terços dos entrevistados (61%) afirmam que as ONGs insistem demais ao pedir doações e 64% acreditam que ao se fazer uma doação, corre-se o risco de ser procurado por outras organizações. O levantamento serve de orientação para o trabalho dessas instituições, já que as pessoas deixaram bem claro rejeitar abordagens em domicílio e locais públicos.

“A pesquisa mostra que os brasileiros entendem a importância e valorizam o trabalho das ONGs, mas elas, como muitas outras instituições, acabaram se contaminando pela onda de escândalos e desconfiança que atinge o Brasil”, avalia Paula Fabiani, presidente do IDIS.

Estiveram presentes na Roda de Conversa cerca de 70 pessoas, representantes de organizações sociais que atuam nas mais diversas áreas. A pesquisa mapeou os hábitos de doação dos indivíduos e foi realizada sob encomenda pelo Instituto Gallup, que conversou com mais de dois mil entrevistados em todo país, com 18 anos ou mais, residentes em áreas urbanas e com renda familiar mensal a partir de um salário mínimo.

A Pesquisa Doação Brasil é uma iniciativa coordenada pelo IDIS, em parceria com um grupo de especialistas e atores relevantes para o campo da cultura de doação no Brasil. Uma sequência de encontros de trabalho foi realizada envolvendo representantes de organizações da sociedade civil, universidades, mídia, fundações e redes e associações de classe ligadas aos temas de cultura de doação e captação de recursos.

A íntegra da Pesquisa Doação Brasil está disponível no site do IDIS, no endereço www.idis.org.br/pesquisadoacaobrasil.

IDIS realiza capacitações com organizações de municípios mineiros

Dom joaquim 1Em julho consultores do IDIS reuniram-se com organizações não governamentais dos municípios mineiros de Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Serro. A atividade é parte do projeto Fortalecimento da Sociedade Civil dos Municípios da Região da Mina executado pelo IDIS no âmbito do Germinar – programa social desenvolvido pela Anglo American nas cidades de influência direta e indireta do Sistema Minas-Rio. O empreendimento inclui uma mina de minério de ferro e unidade de beneficiamento em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas; mineroduto com 529 km de extensão e que atravessa 33 municípios mineiros e fluminenses; e o terminal de minério de ferro do Porto de Açu, no qual a Anglo American é parceira da Prumo Logística com 50% de participação, localizado em São João da Barra (RJ).

Foram realizadas oficinas de um dia e meio em cada uma das cidades com o objetivo de desenvolver a capacidade das ONGs de elaborar um plano de mobilização de recursos alinhado à sua estratégia de ação. A atividade é dividida em duas etapas: na parte teórica são apresentados os elementos que devem fazer parte de um plano de mobilização de recursos (Abordagem e Conversão, Programa de Doação, Cultivo e Relacionamento, Comunicação, Cronograma de Atividades, Back-Office e Infraestrutura, Orçamento e Metas e Indicadores). “E na parte prática fazemos juntos um exercício passo-a-passo de desenvolvimento do plano de mobilização”, explica Raquel Coimbra, diretora de Projetos do IDIS. Essas oficinas são a finalização do ciclo de capacitações do programa Germinar.

Em 2015 o IDIS também apoiou a Anglo American na fase inicial do programa Germinar realizando o diagnóstico local utilizando a metodologia ‘Desenvolvimento Comunitário baseado nos Talentos e Recursos Locais – ABCD (Asset-Based Community Development)’. Na ocasião os consultores do IDIS mapearam 84 organizações atuantes nessas localidades, que participaram de uma capacitação composta de três ciclos: elaboração de projetos sociais, gestão desses projetos e captação de recursos via leis de incentivo fiscal.

‘A Iniciativa Individual e a Nova Economia’ será o tema do V Fórum de Filantropos

Negóci14os sociais, bens compartilhados, empresas B, investimentos de impacto… Essas e outras novas expressões e conceitos chegaram ao mercado propondo uma atividade econômica mais inclusiva e sustentável. Como acontece sempre com as novidades, não se sabe se todo o conjunto veio para ficar, mas é indiscutível que as iniciativas buscam humanizar o modelo econômico atual e encontrar um caminho para que os benefícios da riqueza e do patrimônio sejam distribuídos de forma mais equilibrada. É com essas constatações e essas perguntas que o IDIS está organizando o V Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, que vai acontecer no dia 6 de outubro, em São Paulo.

O evento será o palco para discutir de que forma a nova economia encontra a filantropia e como as duas podem se unir para aumentar o impacto das ações de ambas. “Ao mesmo tempo, é importante nos perguntar qual o papel da filantropia, do filantropo e da iniciativa individual dentro desse contexto”, explica diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS, Andrea Wolffenbuttel. Até o momento, já estão confirmados os seguintes palestrantes: Américo Mattar (Fundação Telefônica), Eduardo Gianetti (Insper), Elie Horn (Cyrela), Linda Murasawa (Santander), Mozart Neves Ramos (Instituto Ayrton Senna) e Ted Hart (Charities Aid Foundation America).

Em sua quinta edição, o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais tem como objetivo oferecer um espaço exclusivo para a comunidade filantrópica reunir-se, trocar experiências e aprender com seus pares, fortalecendo a filantropia estratégica para a promoção do desenvolvimento da sociedade brasileira. Nas edições anteriores, o evento reuniu cerca de 650 participantes, entre filantropos, líderes e especialistas nacionais e internacionais. Para mapear e discutir o papel da filantropia para o desenvolvimento do Brasil, o Fórum já contou com a presença de nomes como Jorge Gerdau Johannpeter, Lester M. Salamon, Swanee Hunt, Ana Paula Padrão, José Guimarães Monforte, Jane Wales, Gilberto Carvalho, Rob Garris, Viviane Senna, Peter Eigen, Guilherme Leal, Ana Lúcia Vilela, Carlos Alberto Sardenberg, entre outros. O Fórum é uma iniciativa conjunta do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e do Global Philanthropy Forum (GPF).

Líderes cívicos da RAPS conhecem o Programa Eleitoral da Rede

raps debateNo início de julho foi realizado, em São Paulo, o Encontro de Formação dos Empreendedores Cívicos da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) 2016. A diretora presidente do IDIS, Paula Fabiani, faz parte dessa rede de lideranças comprometidas e alinhadas com a ética e com os valores e princípios da sustentabilidade.

O objetivo do encontro, além de ampliar o conhecimento a respeito da sustentabilidade e do papel destes Empreendedores Cívicos no contexto político atual, foi promover a integração da rede e propiciar uma discussão de ideias e troca de experiências. Entre as atividades realizadas no primeiro dia de formação, os Empreendedores dividiram-se em grupos temáticos, de acordo com suas atuações sociais, para debater sobre sustentabilidade, educação e controle social, aproveitando a polêmica do projeto de lei conhecido como Escola sem Partido.

No segundo dia de encontro, o Líder RAPS Zysman Neiman e professor de ciências ambientais da UNIFESP apresentou o painel Conceituação de Sustentabilidade e o caminho para a implantação de Cidades Sustentáveis. A formação foi concluída com o debate Democracia e Governança Política de transição rumo a uma sociedade sustentável. Além das discussões, foi apresentado também o Programa Eleitoral da RAPS, que faz parte da estratégia de formação de lideranças políticas. “A RAPS é um espaço de muita troca de saberes e experiências. Nesta última reunião, um dos pontos de destaque e reflexão foi identificar como podemos contribuir para o país, neste ambiente político conturbado”, conta diretora presidente do IDIS, Paula Fabiani.

Sobre a RAPS
Constituída em maio de 2012, a RAPS se propõe a fortalecer e aperfeiçoar a democracia e as instituições republicanas mediante o apoio à formação de lideranças políticas que colaborem com a transformação do Brasil em um país mais justo, próspero, solidário, democrático e sustentável. Para ingressar no projeto e ser um Empreendedor Cívico RAPS é preciso ter uma sólida ação política já constituída na esfera da sociedade civil. Além disso, é necessário participar de um processo de seleção que ocorre todos os anos entre novembro e janeiro. A formação realizada em julho faz parte de uma séria de atividades oferecidas aos Empreendedores Cívicos RAPS.

Sobre o Programa Eleitoral RAPS
A iniciativa é direcionada exclusivamente aos membros da entidade. Podem participar integrantes de todas as turmas dos projetos – Líderes RAPS, Empreendedores Cívicos e Jovens RAPS – que desejem contribuir ativamente nas eleições municipais de 2016. O programa faz parte da estratégia de formação de lideranças políticas e tem como um de seus principais objetivos qualificar e potencializar as campanhas eleitorais dos Líderes RAPS pré-candidatos às eleições deste ano. Além disso tem o intuito de propiciar oportunidade de aprendizado aos membros interessados, fortalecendo relações ao ampliar a troca de conhecimento, com base na missão, nos princípios e nos valores da organização.
Mais informações sobre o projeto em www.raps.org.br

 

Muito além de gráficos e tabelas: como a psicanálise enxerga a Pesquisa Doação Brasil

psicoQuantos doam? Quanto doam? Para quem doam? Essas foram as perguntas norteadoras e motivadoras da Pesquisa Doação Brasil, que geraram, como resposta, diversos números e percentuais sobre o comportamento do doador e não doador brasileiro. Mas nem tudo o que a Pesquisa identificou pode ser expresso por gráficos e tabelas. Com a intenção de aprofundar a análise, o IDIS convidou um grupo de psicanalistas da Sociedade Brasileira de Psicanálise/Seção São Paulo para se debruçar sobre os resultados da Pesquisa.

Em julho, um grupo de seis psicanalistas reuniu-se com a diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS, Andrea Wolffenbuttel. Durante um sábado inteiro os especialistas relacionaram o tema da doação com conceitos como desenvolvimento emocional, prazer, auto percepção, compensação, identificação, culpa, onipotência, narcisismo e desamparo, entre outros. “São insumos preciosos já que temos a intenção de fazer uma campanha por uma cultura de doação e precisamos compreender os mecanismos psicológicos que levam as pessoas a doar”, afirma Andrea.

Um dos resultados interessantes da Pesquisa foi que mesmo os brasileiros de baixa renda têm o hábito de doar. A dra. Regina Elisabeth Lordello Coimbra, que coordenou o grupo, afirmou não se surpreender com a informação. “A decisão de doar quase sempre depende mais da pessoa sentir que tem algo de bom dentro de si, que pode compartilhar, do que do fato objetivo de ter muito dinheiro ou não”, explica.

As reflexões e discussões foram registradas e serão transformadas em um texto a ser publicado junto com a íntegra dos resultados da Pesquisa. O lançamento deste material está previsto para outubro de 2016. “Para construir a Pesquisa, o IDIS precisou da ajuda de organizações, especialistas, pesquisadores, jornalistas, filantropos e doadores. É natural que, para entender os resultados, também sejam necessários os saberes de muitas áreas de conhecimento”, conclui a diretora de Comunicação e Relações Institucionais do IDIS.

Folha de São Paulo conta a história do projeto de recuperação financeira das Santas Casas

Em julho o projeto de mobilização de recursos para as Santas Casas de São Paulo foi tema de matéria publicada pela editoria Empreendedor Social da Folha de S. Paulo. Para construir o texto a jornalista Patricia Pamplona entrevistou o consultor estratégico do IDIS, Marcos Kisil, o novo provedor da Santa Casa de São Paulo, José Luís Setúbal, e o diretor administrativo do hospital Nossa Senhora da Piedade de Lençóis Paulistas, Ricardo Conti Barbeiro.

http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/2016/07/1763703-santas-casas-de-sao-paulo-mantem-portas-abertas-com-ajuda-de-doacoes.shtml

Resultados foram divulgados em evento em São Paulo

idis-doacoes-117A pesquisa Doação Brasil foi extremamente bem recebida por todos que acompanharam a divulgação durante evento realizado no dia 15 de junho, na Oxigênio Aceleradora, em São Paulo. Começamos a manhã ao lado de tantos amigos e parceiros e ainda mais com a boa notícia de que o brasileiro é solidário. Tudo isso nos deixou muito felizes, mas sabemos que ainda há um longo caminho pela frente para construirmos uma verdadeira e sólida cultura de doação no Brasil.

O evento reuniu muitos apoiadores da Pesquisa, tanto aqueles que contribuíram financeiramente, quanto os que colaboraram doando tempo e conhecimento.

A representante de uma das apoiadoras, Joana Castello Branco, do Instituto C&A, disse que, ao traçar o perfil do doador no Brasil, o IDIS abre espaço para um importante diálogo sobre como podemos fomentar a cultura de doação, fortalecendo assim as organizações da sociedade civil. “Os dados gerados pela pesquisa são importantes e revelam que temos muito trabalho e muitas oportunidades pela frente”, ressaltou Joana.

Marcelo Furtado, diretor executivo do Instituto Arapyaú relembrou o processo de criação coletiva que norteou a Pesquisa e expressou o desejo de que os resultados sirvam de instrumento para o desenvolvimento de novas iniciativas que venham fortalecer o terceiro setor.

Para a head de SMB e ONGs da PayPal Brasil, Gabriela Szprinc, o apoio à pesquisa Doação Brasil reforça o objetivo da empresa em estimular o aumento do conhecimento sobre este setor tão relevante para o país e a sociedade e contribuir, assim, com seu desenvolvimento.

O diretor de negócios do Instituto Ayrton Senna, Thiago Fernandes, afirmou que a pesquisa feita pelo IDIS é pioneira e muito importante para que as ONGs possam começar a entender o perfil e as motivações do doador brasileiro. Além disso, segundo ele, as informações também vão permitir que as ONGs trabalhem melhor a comunicação com seus stakeholders, mostrando não só o resultado do seu trabalho e a importância dele para a sociedade brasileira, mas também reforçando a cultura do giving back. “Parabéns IDIS pela iniciativa e pioneirismo”, disse.

E nós não só agradecemos mas também damos os parabéns a todos que, junto conosco, buscam uma sociedade mais justa e acreditam no potencial do povo brasileiro.

Confira as fotos do evento de lançamento: https://www.facebook.com/IDISNews/photos/?tab=album&album_id=1760376834197494