IDIS conversa com Bial

O Conversa com Bial, um dos talkshows mais assistidos do Brasil, no dia 26 de agosto, teve Cultura de Doação com tema. Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS, foi uma das entrevistadas, ao lado de Rodrigo Pipponzi, fundador da Editora MOL, e Tammy Allersdorfer, superintendente de Desenvolvimento Institucional do GRAACC.

Confira a entrevista completa:

O poder transformador da filantropia, o perfil do doador brasileiro, as barreiras que devemos derrubar para aumentar a doação, a conquista da Lei dos Fundos Patrimoniais, o potencial da microdoação e casos de sucesso foram alguns dos assuntos abordados.

A Cultura de Doação é um tema especialmente caro ao IDIS. Países onde a doação faz parte da cultura, e atravessa os estratos sociais, são também aqueles onde encontramos as empresas e famílias mais engajadas em causas e onde há as maiores taxas de investimento social privado.

Em 2016, adotamos o fortalecimento da cultura de doação como um dos pilares de nossa atuação. Realizamos a Pesquisa Doação Brasil, a primeira que detalhou o perfil do doador no País. Identificamos as barreiras para que o volume crescesse e, em dezembro de 2018, lançamos a plataforma Descubra Sua Causa, um teste online que estimula as pessoas a refletirem e indica organizações as quais podem fazer doações de acordo com seus interesses.

Neste mês, a campanha ganhou páginas próprias nas redes sociais Facebook e Instagram. E temos certeza que a visibilidade gerada pelo Conversa com Bial, vai contribuir muito para a divulgação da causa da Cultura de Doação.

Quer assistir apenas alguns trechos? Selecionamos alguns aqui:

Paula Fabiani reflete sobre cultura de doação no Brasil

Paula Fabiani explica que há uma diferença entre filantropia e caridade

Paula Fabiani fala sobre a nova lei de fundos patrimoniais

Rodrigo Pipponzi e Paula Fabiani falam sobre responsabilidade social entre a nova geração

Juntos podemos transformar o mundo!

O FUTURE-SE pode ser mais simples e eficiente

Por
Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS; e Priscila Pasqualin, sócia do PLKC Advogados*

O Governo Federal colocou em consulta pública o Programa FUTURE-SE, que pretende criar alternativas inovadoras de parceria com a iniciativa privada em prol das universidades públicas, visando “fortalecer a autonomia financeira dos Institutos Federais de Ensino Superior” no país.

O Programa apresenta três eixos louváveis: Gestão, governança e empreendedorismo; Pesquisa e inovação e; Internacionalização. O tema tem movimentado a opinião pública. O prazo para manifestações se encerra no dia 30 de agosto, e mais de 14 mil sugestões de mudança foram recebidas. Entre as críticas ao programa estão a falta de clareza sobre as competências e limites das Organizações Sociais e uma potencial ameaça à autonomia universitária. Um aspecto importante, entretanto, não tem sido considerado: a oportunidade criada pela Lei nº 13.800, ou a ‘Lei dos Fundos Patrimoniais’, recém aprovada pelo Presidente da República, em 4 de janeiro de 2019.

Essa Lei foi desenvolvida com base nas boas práticas internacionais aplicáveis aos ‘Endowments’, como também são conhecidos os Fundos Patrimoniais, um dos pilares de excelência e sustentabilidade de longo prazo de universidades estrangeiras como Harvard, Yale ou Oxford. Ela apresenta contornos de governança e gestão, que também pautam o programa FUTURE-SE, como obrigação de transparência e independência, habituais nas práticas do mercado financeiro.

A referida Lei traz o conceito do Fundo Patrimonial, que é o conjunto de ativos de natureza privada instituído para constituir fonte de recursos de longo prazo, a partir da preservação do principal e do resgate dos rendimentos para financiar atividades das instituições apoiadas. Neste modelo, há uma estrutura segura e sólida para a gestão dos recursos, prevendo três figuras: a da Organização Gestora de Fundo Patrimonial, cuja responsabilidade exclusiva é de captar e gerir os fundos patrimoniais, para a destinação às instituições apoiadas; a Instituição Apoiada, que pode ser a universidade pública ou a IFES – Instituições Federais de Ensino Superior; e a Organização Executora, cuja função é exatamente fazer a execução financeira dos projetos pactuados com a universidade pública ou IFES, inclusive as atividades previstas no programa FUTURE-SE.

É de extrema relevância manter a segregação de papeis prevista na Lei dos Fundos Patrimoniais, que garante a preservação do patrimônio, pois o protege de eventuais passivos e contingências da organização executora dos projetos.

Ao constituir um Fundo Patrimonial e implementar uma gestão transparente, é possível gerar segurança aos grandes doadores e atrair recursos privados, que devem ser investidos no mercado financeiro, ou em outros ativos, com o objetivo de gerar rendimentos e resgates periódicos a serem destinados às instituições apoiadas. Os rendimentos do Fundo Patrimonial podem, perfeitamente, serem aplicados nos projetos de pesquisa realizados nas universidades apoiadas. A Lei traz ainda a possibilidade de o Fundo Patrimonial direcionar seus rendimentos para programas de bolsa e capacitação da equipe da universidade, o que pode incluir a internacionalização e o incentivo ao intercâmbio científico com universidades estrangeiras. Ou seja, a Lei dos Fundos Patrimoniais atende a todos os objetivos do Programa FUTURE-SE e traz ainda outros benefícios.

Os mecanismos de atração do capital privado pelo Programa FUTURE-SE dessa forma, poderiam ser regulamentados, com a criação de mecanismos legais complexos que permitam a contribuição do capital privado às universidades, à luz da Lei dos Fundos Patrimoniais, que já traz os instrumentos propícios para a captação e gestão desses recursos, com segurança e boas práticas de governança. Ao invés de criar novos mecanismos, seria mais econômico fortalecer os Fundos Patrimoniais para que um dia possamos ter, no Brasil, universidades que sejam verdadeiros polos de conhecimento, pesquisa e inovação, tal como vemos em países no exterior.

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* Artigo originalmente publicado no Estadão Política – Blog do Fausto Macedo 

Se interessa pelo tema? Saiba mais no site da Coalização pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos: www.idis.org.br/coalizao/

IDIS participa do Festival Blast U

‘Como empresas podem contribuir para fortalecer a cultura de doação no Brasil’ foi o tema da mesa da qual Paula Fabiani, diretora presidente do IDIS, participou no Festival BlastU, no dia 14 de agosto. Ao lado de Rodrigo Pipponzi, diretor executivo da Editora Mol, e Rafael Marques, supervisor de responsabilidade social da Globo e coordenador do programa Criança Esperança, debateu os desafios desta jornada.

Rafael Marques, que moderou a conversa, destacou que o Brasil ocupa a posição 122 no World Giving Index (Índice Global de Solidariedade).

Paula compartilhou a experiência do IDIS no apoio técnico às empresas para investimento social e apresentou a campanha Descubra Sua Causa, a resposta do IDIS para fomentar a #CulturaDeDoação no Brasil. Trata-se de um teste que estimula a reflexão a respeito de causas e que depois indica organizações que atuam com aquele propósito e podem receber doações. Qualquer pessoas pode fazer o quiz, e empresas podem desenvolver versões em ambientes fechados para descobrir o que move seus colaboradores e apoiar, junto com eles, as causas que fazem sentido para todos.

Rodrigo Pipponzi, da Editora Mol, compartilhou os 12 anos de experiência no Terceiro Setor e apresentou o modelo de microdoação, no qual se baseia sua atividade.

Entre as recomendações para as empresas, destacaram a escolha de causas conectadas aos negócios e o engajamento de todas as pessoas da companhia.

A transparência em relação ao destino e ao impacto gerado pelas doações foi o ponto crucial apresentado para aumentar a confiança das pessoas que desejam doar. As novas gerações são mais exigentes e as empresas e as OSCs precisam se adaptar.

Fomentar um ambiente regulatório favorável e oferecer melhores incentivos fiscais que facilitem a jornada filantrópica foram algumas das sugestões apresentadas para engajar também grandes doadores.

Ao longo de dois dias, o Blast U reuniu líderes de Inovação, Empreendedorismo, Impacto e Criatividade no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo.

Instituto Cyrela lança edital com apoio do IDIS

Guiados pela crença de que os espaços importam e que ambientes de qualidade podem influenciar positivamente uma ação social, o Instituto Cyrela criou, em 2015, o Programa RenovAção, um edital que tem como objetivo transformar espaços de instituições que realizam um relevante trabalho social. Neste ano, selecionará uma instituição social atuante no município de São Paulo (SP), e que faça atendimento direto a crianças e adolescentes de 6 a 14 anos. Ela será premiada com até R$ 100 mil para tirar do papel um projeto de construção ou reforma de espaços. O período de inscrições vai de 1 a 25 de agosto.

Em sua quinta edição, o programa RenovAção já premiou 9 organizações sociais. Especialista em investimento social privado, o IDIS atua como apoiador técnico do RenovAção desde sua concepção. É responsável pela elaboração do regulamento do concurso, pelo recebimento das inscrições, pela gestão da banca examinadora de seleção dos finalistas e ainda pelo monitoramento da aplicação do recurso recebido pela organização vencedora. “Inspirar, apoiar e ampliar o investimento social privado e seu impacto é nossa missão e é gratificante ver organizações assumindo compromissos de longo prazo com uma causa”, comenta Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

O regulamento do edital e as orientações para inscrição estão disponíveis no site do Programa RenovAção – www.programarenovacao.org.

Paula Fabiani participa do Ford Fellowship

Ford Fellows 2019

 

Com a missão de estimular o desenvolvimento humano nas comunidades onde está presente, há dezoito anos, a Ford criou o Fellowship Internacional, um programa para capacitar e apoiar lideranças transformadoras com atuação no Terceiro Setor. Paula Fabiani, nossa diretora-presidente, foi uma das 12 selecionadas para a edição 2019 (conheça aqui o grupo completo) e agora integra uma rede global com 357 pessoas de 74 países. Sobre sua participação, comenta:“É um grande privilégio fazer parte desta rede incrível de pessoas que transformam o mundo!”

No início de julho, a nova turma de fellows participou de um encontro em Salvador. Na agenda, sessões para discutir os desafios do Terceiro Setor e o papel das lideranças, workshops com especialistas e também momentos para a troca de conhecimentos, quando Paula falou sobre gestão de pessoas, construção de confiança e avaliação de impacto. Na manhã dedicada ao compartilhamento de conquistas e desafios, Paula apresentou a campanha Descubra Sua Causa, iniciativa do IDIS para fortalecer a cultura de doação. O cenário político e o combate à corrupção foram discutidos com a participação de Guilherme France (Transparência Internacional) e Ricardo Martins (Pacto Pela Democracia).

A atuação da Ford, a história da empresa, o compromisso com a sustentabilidade e com o fortalecimento de comunidades foi também abordado no encontro, que incluiu uma visita à planta da montadora em Salvador e a alguns dos projetos apoiados na cidade.

Em uma semana intensa de atividades, o grupo se fortaleceu e se uniu. Durante as noites, os jantares foram momentos para integração e também para encontros e conversas com alumnis do programa e outras pessoas que estão revolucionando o Terceiro Setor em Salvador. “Cada participante tinha um projeto único e conhecimentos diferentes para partilhar, e assim, nossos olhares sobre os diversos problemas do país foram ampliados, como as possibilidades de nos apoiarmos nos desafios que enfrentamos e nas causas. Nos sentimos mais fortes juntos!” destaca Fabiani.

Veja aqui mais fotos do encontro.

Sobre o Ford Fellows

O Fellowship Internacional Ford Motor Company da 92Y é um programa intensivo e gratuito de liderança, de cinco dias, projetado para cultivar os líderes transformadores sociais e de organizações da sociedade cvil em todo o Brasil. Com base em quase duas décadas de “fellowships” internacionais, o Fellowship Internacional da Ford tem oficinas de liderança, discussões em grupo e oportunidades para que os participantes se conectem e colaborem na mobilização de suas comunidades e no fortalecimento da capacidade de todo o setor.

Este Fellowship anual é financiado pelo Ford Motor Company Fund e organizado pela organização 92Y para fornecer capacitação e apoio aos líderes comunitários envolvidos no setor sem fins lucrativos. Até hoje, 345 indivíduos de 74 países participaram do Fellowship Internacional, que está em sua décima oitava edição. Saiba mais em https://www.92yfordfellowship.com.br/pt/home.

Planejando a sucessão do fundador

Por Andrea Hanai, gerente de projetos no IDIS

Qualquer mudança na liderança de organizações da sociedade civil pode ser um grande desafio, mas quando se trata da sucessão do fundador da instituição, que geralmente desempenha o papel de principal executivo, esse processo pode ser ainda mais complexo, representando muitas vezes um teste à sua sobrevivência.

Por essa razão, cada vez mais organizações vêm buscando o IDIS para apoiá-las no planejamento da sucessão de seus fundadores, baseados em nosso conhecimento no tema da governança de organizações da sociedade civil e inspirados na experiência do processo sucessório do próprio IDIS. Também é comum a questão surgir como uma preocupação durante o processo de planejamento ou revisão estratégica da organização, passando a ser foco do planejamento de curto e médio prazos da instituição.

A estruturação de um plano de sucessão deve ser iniciada a partir de um bom diagnóstico institucional, focado na governança da organização. Nesse trabalho, procura-se mapear os papéis e responsabilidades assumidos pelo fundador e analisar as forças e fraquezas da organização, seus recursos e competências e a efetividade da participação dos demais membros de sua liderança.

Com base nesse diagnóstico, é possível determinar as ações necessárias para viabilizar um processo de transição de liderança que não comprometa o desempenho e impacto da organização. Usualmente essas ações envolvem a reestruturação da governança (e do estatuto social da instituição) com o engajamento de novos membros; a revisão do processo de mobilização de recursos (em geral dependente da rede de relacionamentos construída pelo fundador); e a formulação (ou atualização) das políticas institucionais e operacionais da organização.

É fundamental que este trabalho se desenvolva de forma transparente, com uma comunicação clara para todos os stakeholders. Além disso, a BoardSouce, importante fonte de informações sobre governança de organizações da sociedade civil, recomenda que o processo conte com a assistência de consultores externos à organização, capazes de lidar com sensibilidade com as questões emocionais que comumente envolvem a sucessão do fundador.

IDIS recebe diretor internacional da CAF

 

Responsável por fortalecer e catalisar a filantropia e o engajamento cívico nos países que integram a rede Global Alliance – além do Brasil, Austrália, Bulgária, Canadá, Índia, Estados Unidos, Rússia, África do Sul e Inglaterra, sede da organização -, Mapstone se reuniu com a equipe do IDIS, com parceiros, representantes do governo, empresas e sociedade civil.

“Foi uma semana intensa. Aprendi muito com as experiências do IDIS no Brasil e conheci mais profundamente o trabalho que conseguiu a regulamentação dos Fundos Patrimoniais no país. Para a CAF, esse progresso torna o ambiente propício para uma filantropia mais eficaz e estamos ansiosos para apoiar ainda mais” comentou Mapstone.

Com visão abrangente, oportunidades de parcerias e colaboração dentro da rede da CAF e com outras organizações locais e globais foram identificadas, em um movimento para ampliar o impacto das ações do IDIS. O fortalecimento da cultura de doação, tema prioritário para a CAF, também foi abordado. No IDIS, a maior ação neste sentido, é a campanha Descubra Sua Causa. O teste, que estimula as pessoas a refletirem sobre causas e as conecta a organizações sociais para as quais podem fazer doações, foi tema de mais de uma reunião e poderá ser exportado a outros países da rede.

Durante sua visita, Mapstone participou também de uma reunião especial do Conselho Deliberativo do IDIS, na qual assumiu a presidência Luiz Sorge (CEO do BNP Paribas Asset Management Brasil), foram integrados dois novos conselheiros , Alex Pinheiro (Diretor e Sócio da Somos Educação) e Luciana Tornovsky (Sócia do Demarest Advogados) substituindo duas conselheiras históricas do IDIS, a ex-presidente Maria Lúcia de Almeida Prado e Silva (Sócia do Demarest) e Zilda Knoploch (Fundadora e Diretora da Enfoque).

A Global Alliance é uma rede dinâmica e bastante ativa. Além de visitas como essas, há encontros semestrais entre os CEOs dos nove escritórios da rede e uma série de atividades online. “Ficamos sempre entusiasmados ao final dessas visitas. A Global Alliance está realmente comprometida em aumentar e qualificar as doações no mundo e a colaboração e a troca de conhecimentos são potencializadas nestes momentos”, expressa Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

Qual é o impacto que você causa no mundo?

Por Raquel Altemani, gerente de projetos no IDIS

Uma das tendências no campo do investimento social é o aumento do interesse das organizações em avaliarem o impacto social de seus projetos e programas.

Afinal, o que é avaliação de impacto e por que uma organização deveria recorrer a esse tipo de estudo? A avaliação de impacto é um processo realizado para descobrir se o projeto realmente provocou a mudança que pretendia. Não é para medir o que foi feito, mas sim as consequências do que foi feito. Por exemplo, um programa de atendimento a gestantes viabiliza várias consultas de pré-natal, mas seu objetivo final é promover a saúde da mãe e do bebê. Portanto, o seu impacto não será avaliado pela quantidade de consultas de pré-natal feitas, senão pelos indicadores de saúde das mães e bebês atendidos. Um programa de contraturno escolar oferece aulas de reforço para alunos em condições de vulnerabilidade. Seu impacto não será avaliado pela quantidade de aulas de reforço que foram dadas, senão pela evolução do desempenho escolar dos estudantes.

Nesse sentido, a avaliação de impacto pode ser entendida como um processo de reflexão. Assim como na nossa vida paramos para refletir sobre as consequências de nossas escolhas e sobre o quanto nossas decisões têm nos aproximado ou afastado de nossos objetivos, os estudos de avaliação de impacto buscam responder as mesmas dúvidas para os programas sociais.

Muitos esforços e recursos são investidos para que um programa seja implementado e mantido e, para não navegar em águas escuras, é preciso criar mecanismos para verificar se as transformações sociais desejadas estão de fato sendo alcançadas. A avaliação de impacto permite identificar eventuais erros de estratégia e realizar ajustes para potencializar o impacto que queremos criar no mundo. Programas sociais são organismos vivos e devem ser permanentemente aprimorados ao longo de sua trajetória com base no processo de aprendizagem das organizações que os mantêm e nas mudanças na própria realidade e contexto do país. Abordagens que funcionavam há cinco anos podem não surtir o mesmo efeito hoje. Portanto, é preciso criar momentos de reflexão estruturada para entender o que está funcionando da maneira que esperamos e o que pode ser aprimorado para termos o maior impacto social possível a partir dos recursos disponíveis.

Além da satisfação de saber o quanto sua atividade transformou a realidade, quanto mais uma organização dispõe de evidências concretas e objetivas para compartilhar sobre as mudanças positivas geradas pelo seu trabalho, maior é a sua capacidade de atrair investidores e parceiros que podem potencializar e aumentar a escala do impacto que se busca obter.

No entanto, mesmo com o ganho de espaço e visibilidade dos estudos de avaliação de impacto entre as organizações, a grande maioria das notícias sobre programas sociais ainda se restringem a informações sobre o número de pessoas atendidas, o número de famílias alcançadas, o número de jovens formados, como mencionei no início do texto. Esses são apenas os ‘resultados’. Os estudos de avaliação de impacto aprofundam a análise bem além dos resultados, explorando as relações de causa e consequência entre as atividades de determinado projeto ou programa social e todos os desdobramentos, diretos e indiretos, de curto prazo ou de longo prazo, que acontecem na vida das pessoas a partir de sua participação na iniciativa.

Isso pode ser bastante complexo, sobretudo em programas que trabalham aspectos intangíveis e abstratos, como, por exemplo, a autoestima, a capacidade de sociabilização, a disposição para sonhar e traçar objetivos e tantos outros. Ainda que sejam impactos facilmente percebidos, são elementos difíceis de se traduzir em números. No entanto, existem várias organizações ao redor do mundo que se dedicam a desenvolver metodologias para traduzir e mensurar impactos intangíveis em indicadores concretos. Uma delas é a organização britânica Social Value*, que há mais de 10 anos se dedica a estabelecer técnicas para mensurar o valor de elementos não comercializáveis, ou seja, métodos para estimar o valor que pessoas atribuem a coisas que não podem ser compradas ou vendidas.

Independentemente dos desafios envolvidos, identificar, mensurar e analisar os impactos de programas sociais é sempre uma medida positiva e recomendável. Entender as transformações decorrentes dos esforços realizados, além de muito gratificante, é uma ferramenta fundamental para a gestão e a tomada de decisão dentro das organizações.

 

Se interessa pelo tema? Leia também a publicação Avaliação de Impacto Social – metodologias e reflexões.

* http://www.socialvalueuk.org/

Artigo originalmente publicado no blog Giro Sustentável, da Gazeta do Povo, em 18 de julho de 2019. O IDIS é parceiro do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável e contribui mensalmente com histórias relacionadas ao Investimento Social Privado.

Doação e Cidadania: como pensa e age o doador brasileiro

O artigo a seguir integra o Boletim de Análise Político-Institucional (Bapi), organizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A edição, composta por onze artigos, está dividida em três partes – ‘O que sabemos sobre as Organizações da Sociedade Civil?’, ‘Trabalho nas OSCs: avanços e desafios’ e ‘Sustentabilidade das OSCs: estratégias e limites’. Conheça aqui o relatório completo.

Por Andréa Wolffenbüttel, Diretora de Comunicação no IDIS

INTRODUÇÃO

Uma sociedade civil forte pressupõe uma vasta gama de organizações que representem os anseios, necessidades, temores e problemas da população. Que consigam ser porta-vozes da sociedade junto ao governo e iniciativa privada. E que trabalhem, de forma independente, na defesa dos direitos individuais e coletivos, e na busca de soluções para a promoção do bem comum.

Para ter realmente voz na mesa de negociações junto aos demais tomadores de decisão, essas organizações, comumente conhecidas pela sigla ONG (organização não governamental), precisam de independência financeira, operacional e ideológica, que lhes permita fazer propostas, exigir garantias e recusar condições sem temer por sua própria sobrevivência.

Essa independência só será verdadeira se ela contar com fontes de financiamento variadas, constantes e confiáveis. Em outras palavras, se ela tiver doadores, fiéis, não relacionados entre si, que garantam sua operação e demonstrem confiança no trabalho desenvolvido pela organização.

Portanto, a figura do doador tem um papel relevante no cenário de uma sociedade saudável, plural e democrática, mas não se sabe, ao certo, se os indivíduos, de um modo geral, têm consciência dessa responsabilidade. Para descobrir é preciso estudar. São necessárias pesquisas qualitativas e quantitativas, o que, em um país das dimensões do Brasil, representa um gasto considerável com o qual poucas ONGs teriam condições de arcar.

Não é de surpreender, então, que a primeira pesquisa de abrangência nacional a tentar entender o comportamento doador do brasileiro tenha vindo de fora do país. Trata-se do World Giving Index, uma pesquisa anual, realizada por iniciativa da Charities Aid Foundation (CAF), uma organização britânica de promoção à filantropia. Essa pesquisa trouxe os primeiros números objetivos sobre o brasileiro como indivíduo solidário e será tema da próxima seção.

Em 2015, seis anos após o aparecimento do World Giving Index, foi feita a mais ampla pesquisa sobre doação individual no Brasil, cobrindo todo o país. Ela foi liderada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), uma organização social brasileira, igualmente promotora da filantropia, que representa a britânica Charities Aid Foundation na América do Sul. Esse levantamento chamado Pesquisa Doação Brasil é tratado na segunda seção.

Inspirada pela Pesquisa Doação Brasil, a Charities Aid Foundation decide, em 2017, fazer investigações mais detalhadas sobre o comportamento dos doadores nos países onde mantem seus principais escritórios de representação, incluindo o Brasil. Essa terceira pesquisa chamada Country Giving Report ocupa uma posição intermediária entre as duas anteriores, em termos de abrangência, e será apresentada na terceira seção deste artigo.

Adotando metodologias diversas e amostras diferentes, as três pesquisas apresentam fotografias do doador brasileiro sob vários ângulos. A penúltima seção traz quadros comparativos que tentam explicar as características de cada uma. Por fim, a reflexão sobre os diferentes dados e os desafios que ainda temos para conhecer mais a fundo o doador brasileiro é conteúdo abordado na Conclusão.

1. WORLD GIVING INDEX – 2009

A mais antiga e sistemática pesquisa sobre o comportamento doador da população brasileira é o World Giving Index (WGI), traduzido no Brasil para Índice Global de Solidariedade. Optou-se por essa tradução não literal porque, como veremos a frente, o índice considera outras iniciativas além da doação de recursos e a tradução fiel, que seria Índice Global de Doação, poderia conduzir a interpretações errôneas.

O World Giving Index é uma pesquisa de frequência anual, promovida pela Charities Aid Foundation (www.cafonline.org), também conhecida como CAF. Trata-se de uma organização inglesa de promoção à filantropia, fundada em 1924 pelo governo britânico e que se tornou independente em 1974. A CAF possui uma rede internacional de escritórios presentes em nove países cobrindo os cinco continentes. No Brasil, a CAF é representada pelo IDIS (www.idis.org.br).

O processo operacional da pesquisa WGI é conduzido pelo Instituto Gallup, abrangendo de 140 a 155 países, variando devido a conflitos ou problemas que, eventualmente, dificultem ou impeçam o acesso a determinadas localidades. O Brasil consta em todas as edições da pesquisa. A quantidade de entrevistados total da WGI gira em torno de 150 mil pessoas, o que permite estimar o comportamento de mais de 90% da população mundial.

A metodologia da pesquisa WGI é bastante simples, de modo a ser aplicada com a mesma objetividade nos diferentes países com culturas e realidades distintas, e também tornar possível a comparação entre os resultados de cada um. Ela mede, basicamente, o percentual da população que, no mês anterior à entrevista, realizou as seguintes ações:

1. Ajudou um desconhecido;
2. Doou dinheiro para uma organização;
3. Fez trabalho voluntário.

Após obter os três percentuais, ela faz a média aritmética deles, resultando no Índice Global de Solidariedade daquele determinado país. Portanto, o Índice pode variar de 0 a 100 por cento, sendo 0 quando ninguém no país realizou alguma dessas ações no mês anterior à entrevista, e 100 quando toda a população realizou as três ações no mesmo período.

A primeira edição da pesquisa WGI foi lançada em setembro de 2010, trazendo resultados referentes ao ano de 2009. Na ocasião, o Brasil apareceu em 76º lugar, em uma lista de 153 países. 49% dos brasileiros haviam afirmado ter ajudado a um desconhecido, 25% declararam ter doado para uma organização, e 15% disseram ter feito trabalho voluntário. É interessante notar que, ao longo dos anos, o tamanho das parcelas se manteve proporcional, ou seja, ainda que a classificação do país suba ou desça, é sempre maior a quantidade de pessoas que ajudou a um desconhecido, seguida das que doaram dinheiro e, por último, com um contingente menor, aquelas que fizeram trabalho voluntário. Essa ordem demonstra claramente o nível de engajamento exigido para cada uma das iniciativas.

Fonte:World Giving Index 2009

Na primeira edição do WGI, a 76ª posição era uma condição confortável para o Brasil, pois estava em 5º lugar na América do Sul, logo abaixo da Argentina e acima de Peru e Uruguai. Também era o primeiro colocado entre os países do BRICS, grupo formado pelas economias em ascensão, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A divulgação do primeiro WGI reafirmou a vocação doadora dos países de cultura anglo-saxã, que ocuparam seis das dez primeiras posições do ranking.

Desde então, oito novas edições do WGI foram realizadas e o desempenho brasileiro variou significativamente. O melhor resultado foi registrado em 2015 quando o Índice do Brasil chegou a 34, o que lhe garantiu a 68ª posição no ranking global. O pior ocorreu dois anos depois, na mais recente pesquisa WGI publicada, na qual o país ficou na 122ª posição com um Índice de 23.


Fonte: World Giving Index, 2015 e 2017

A pesquisa WGI não oferece nenhum tipo de análise que contribua para o entendimento das oscilações no comportamento das pessoas, apenas consolida as respostas recebidas e faz as projeções para toda a população dos países. Porém, no caso do Brasil, vale a pena fazer algumas reflexões.

Entre 2009, ano da primeira pesquisa, e 2017, ano da última pesquisa divulgada, o país passou por três eleições presidenciais e um processo de impeachment, e presenciou uma avassaladora onda de protestos em 2013, que ecoou por alguns anos. Enfrentou uma das maiores, senão a maior, crise econômica de sua história, e viu toda uma geração de políticos e profissionais, dos três poderes, ser soterrada sob uma montanha de escândalos de corrupção. É de se esperar que essa sequência de acontecimentos tenha efeitos significativos sobre a condição e, sobretudo, a disposição das pessoas para a solidariedade.

Nesse período, os níveis de confiança dos brasileiros nas instituições desceram a marcas impressionantes. O noticiário expôs diariamente as denúncias de desonestidade dos agentes do governo, envolvendo diretamente grandes empresas e usando, com frequência, organizações da sociedade civil como fachada legal para operações ilícitas. A pesquisa de confiança global Trust Barometer, divulgada anualmente pela agência de comunicação Edelman (www.edelman.com.br), mostrou que, em apenas um ano, de 2016 para 2017, o grau de confiança dos brasileiros nas instituições caiu 18 pontos percentuais, colocando o país entre os seis mercados nos quais a desconfiança mais aumentou de um ano para o outro. Esse, seguramente, é um elemento que minou a disposição dos brasileiros de contribuir com organizações da sociedade civil, seja com recursos, seja com trabalho voluntário.

2. PESQUISA DOAÇÃO BRASIL – 2015

A mais completa e abrangente pesquisa sobre o comportamento doador do brasileiro é a Pesquisa Doação Brasil, liderada pelo IDIS, realizada nos anos de 2015 e 2016, trazendo dados referentes a 2015. Essa pesquisa surgiu especificamente para responder a perguntas mais complexas como, por exemplo, quais as motivações que levam o brasileiro a doar ou a não doar, como a população enxerga as organizações do terceiro setor e quais suas causas prediletas, entre outras. Além disso, também se propôs a, pela primeira vez, estimar o volume financeiro total das doações realizadas por indivíduos no Brasil, portanto, desconsiderando o investimento social de empresas, institutos e fundações.

Para garantir que o levantamento fosse capaz de responder às principais dúvidas do universo das organizações sociais que dependem de doações, o IDIS optou por um processo coletivo de concepção da pesquisa, do qual participaram cerca de vinte entidades, entre organizações da sociedade civil, empresas e academia. O resultado do trabalho colaborativo foi um questionário com 52 perguntas, que pode ser solicitado ao IDIS pelo email comunicacao@idis.org.br.

A Pesquisa Doação Brasil começou com uma etapa qualitativa, na qual foram formados dez grupos focais, com oito participantes cada, nas cidades de Porto Alegre, Recife e São Paulo. O objetivo dessas conversas foi permitir que a equipe do Instituto Gallup, responsável pela condução dos trabalhos, pudesse entender melhor o contexto, aprofundar-se no tema e obter mais subsídios para a posterior etapa quantitativa, que entrevistou 2.230 pessoas.

A pesquisa demonstrou que, em 2015, dois terços da população brasileira havia se envolvido em algum tipo de doação, seja dinheiro, bens ou tempo (em forma de trabalho voluntário). A prática mais comum é a doação de bens, adotada por 62% dos brasileiros, seguida por doação de dinheiro, com 52%, e do trabalho voluntário, com 34%. Os dados foram bastante surpreendentes para quem supunha que no Brasil não havia uma cultura de doação.

O levantamento das características demográficas mostrou que a região mais doadora é a Nordeste, que as mulheres costumam doar mais que os homens e que ter uma religião influencia positivamente as doações. A prática da doação aumenta com a idade e com a renda, porém tem um leve decréscimo quando a renda familiar mensal supera os 15 salários mínimos. O nível de escolaridade tem um efeito curioso, sendo mais presente a doação entre os que têm até o ensino fundamental e nos que têm ensino superior, e sendo menos frequente no grupo dos que possui até ensino médio. Os resultados da pesquisa podem ser consultados em www.idis.org.br/pesquisadoacaobrasil. A partir desses dados é possível traçar o perfil mais provável do doador brasileiro.

Fonte: Pesquisa Doação Brasil, IDIS, 2015

Além do perfil doador, a Pesquisa Doação Brasil também mapeou as características das doações. E concluiu que 66% dos doadores fazem doações 12 vezes ou mais por ano, o que os coloca na condição de doadores recorrentes, o tipo mais importante para as organizações porque garante uma renda mensal. A partir dos valores declarados pelos entrevistados, foi possível estimar o valor médio doado pelos brasileiros. Essa quantia varia de R$ 240 a R$ 480 por ano, o que representa uma média mensal entre R$ 20 e R$ 40 reais. Essa média permitiu a projeção do total doado pelos indivíduos em 2015. O montante seria de R$ 13,7 bilhões, equivalente a 0,23% do PIB do mesmo ano.

Porém, talvez a maior contribuição da pesquisa tenha sido a investigação sobre o que motiva os doadores a contribuir com as organizações da sociedade civil. Ao responder espontaneamente quase metade dos doadores (49%) afirmou que o que os leva a fazer doações é a solidariedade com os mais necessitados. Já, ao serem convidados a escolher entre diversas razões, 89% dos doadores disseram que são levados a doar porque isso os faz sentir-se bem. É curiosa essa mudança de postura, porém, percebe-se que ambas as respostas têm um forte componente emocional, indicando que a doação é um ato que nasce de uma motivação subjetiva ‘do coração’.

Ao selecionar as causas que mais os sensibilizam, os doadores se concentraram nas seguintes respostas: Saúde, Crianças, Combate à Fome e à Pobreza, e Idosos. As escolhas indicam certa confusão entre causa e público beneficiário, e mostram uma clara preferência pelos problemas presentes no cotidiano da população, enquanto outras questões mais complexas e distantes, como proteção do meio ambiente, por exemplo, quase não são mencionadas.
Outra característica importante da Pesquisa Doação Brasil é que ela é a única a investigar e traçar também o perfil dos não doadores.

Fonte: Pesquisa Doação Brasil, IDIS, 2015

Também vale a pena destacar as principais motivações apresentadas pelos não doadores para não contribuírem com as OSCs. Ao responderem espontaneamente explicam que não dispõem de dinheiro, que não há uma razão específica, que não confiam nas organizações que pedem doações ou que nenhuma causa os sensibiliza. Já quando são colocados diante de várias alternativas, as mais escolhidas são que resolver os problemas sociais é responsabilidade do governo, que não confiam nas organizações que pedem doações, que não têm dinheiro e que têm medo de se comprometer com uma doação periódica e não poder cumprir. É interessante observar que as duas alternativas que permanecem entre as quatro primeira colocadas são a falta de dinheiro e a desconfiança nas organizações. Mais uma vez, o problema da falta de confiança nas instituições aparece como obstáculo às doações.

3. COUNTRY GIVING REPORT – 2016

Ao perceber como a divulgação dos resultados da Pesquisa Doação Brasil provocou discussões e reflexões no campo do investimento social privado e das organizações da sociedade civil no Brasil, a Charities Aid Foundation (CAF) decidiu produzir pesquisas semelhantes nos países onde se encontram seus principais escritórios.

A pesquisa ganhou o nome de Country Giving Report, isto é, Relatório de Doação do País, e em sua primeira edição foi realizada na África do Sul, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Índia Reino Unido e Rússia. A CAF declarou a intenção de repetir anualmente esta pesquisa.

Ao contrário do World Giving Index, o Country Giving Report cobre as ações realizadas nos doze meses anteriores à entrevista, o que proporciona um panorama mais consistente do comportamento dos doadores.

No caso específico do Brasil, os resultados se referem ao período de agosto de 2016 até julho de 2017, e para entender melhor os dados é importante saber que, diferentemente do World Giving Index e da Pesquisa Doação Brasil, as entrevistas para o Country Giving Report foram feitas via questionário on-line, o que exclui do grupo investigado aqueles que não têm acesso à internet. Na ocasião 34% dos brasileiros não tinham acesso à internet, de acordo com levantamento da ‘We are Social & Hootsuite 2017’ . Também é preciso destacar que o Country Giving Report considerou como doação os recursos destinados a templos e igrejas, enquanto a Pesquisa Doação Brasil não os contabilizou como doações a organizações da sociedade civil.

Os resultados do Brazil Giving Report foram ainda mais otimistas do que os da Pesquisa Doação Brasil e é possível entender esse efeito já que há uma parcela da população que não integrou o grupo de entrevistados – os que não têm acesso à internet – e também por ter incluído doações para templos e igrejas.

A pesquisa constatou que mais de dois terços das pessoas pesquisadas havia doado dinheiro no período investigado (68%), seja doando a uma organização social, igreja ou organização religiosa. O apoio às organizações religiosas era a causa mais popular, com cerca de metade das pessoas pesquisadas fazendo doações dessa natureza (49%). A quantia típica (mediana) doada pelos que fizeram doações naqueles 12 meses foi de R$250 e doar dinheiro diretamente na sede/escritório de uma organização social foi a forma de doação mais comum (37%). Mais da metade dos pesquisados (52%) fez trabalho voluntário nos últimos 12 meses, e “ter mais dinheiro” foi o fator mais citado pelos pesquisados como incentivo a doar mais nos 12 meses seguintes, com cerca de seis em cada dez (59%) dizendo que isso seria um grande estímulo.

Um ponto interessante do Country Giving Report é que ele fez o cruzamento entre características do doador e o valor doado. O levantamento mostrou que o grupo com renda familiar anual acima de R$50 mil é o mais propenso a ter realizado alguma atividade de solidariedade (doar dinheiro, bens ou tempo) nos últimos 12 meses, com 86% respondendo afirmativamente em comparação com 71% dos que têm renda familiar anual inferior a R$10 mil. Porém, as pessoas de mais baixa renda tendem a doar mais, proporcionalmente à sua receita, do que aqueles de alta renda. Enquanto os que ganham acima de R$ 100 mil por ano doam, em média, 0,4% de sua renda, aqueles que ganham menos de R$ 10 mil por ano doam, em média, 1,2% de sua renda.

A doação média do brasileiro é de R$ 250 por ano, mas existe uma diferença significativa entre homens e mulheres. Para as mulheres, esse valor é de R$ 200, enquanto para os homens, ele sobe para R$ 350. Porém como há mais mulheres do que homens doando, conforme indicou a Pesquisa Doação Brasil, a média tende a cair.

Em termos de adesão a causas, o Brasil Giving Report identificou que os brasileiros preferem, em primeiro lugar, as causas religiosas, seguida de crianças e de ajuda aos pobres. Quando se trata das motivações para doar, a maior delas é o fato da doação fazer com que se sintam bem, indicaram 51% dos entrevistados, enquanto 41% afirmaram se preocupar com a causa para a qual doam. Considerando que essas foram respostas estimuladas, elas corroboram o apurado pela Pesquisa Doação Brasil, ao perguntar pelas motivações usando a mesma metodologia.

4. COMPARAÇÕES

As três principais pesquisas dedicadas ao perfil do doador brasileiro apresentam algumas diferenças que devem ser levadas em consideração antes de qualquer análise comparativa conforme apresentadas no quadro a seguir.


Fonte: elaboração da autora

Dois fatores influenciaram a definição das características para cada uma delas. O primeiro é o orçamente disponível para sua realização. Esse quesito foi determinante para definir o tipo de entrevista, considerando que levantamentos presenciais são mais caros do que aqueles realizados por telefone, que, por sua vez, são mais caros do que aqueles feitos via internet.

Outro elemento importante na definição da metodologia e do conteúdo das pesquisas foi a necessidade de adequação a diferentes realidades nacionais. O World Giving Index e o Country Giving Report são aplicados em diversos países e precisam adotar critérios e conteúdos neutros o suficiente para não sofrerem com as mudanças de cultura. Já a Pesquisa Doação Brasil foi concebida por uma organização brasileira para ser aplicada especificamente dentro do país, o que deu liberdade maior a seus realizadores.

Isso posto, apresentamos abaixo quadros com as principais vantagens e desvantagens de cada pesquisa.

Fonte: elaboração da autora

CONCLUSÃO

Devido às diversas diferenças expostas no capítulo anterior, não é possível fazer comparações quantitativas diretas entre as três pesquisas, mas elas apontam para valores e tendências muito semelhantes.

A primeira coisa a chamar a atenção é que a maior delas, a Pesquisa Doação Brasil, foi realizada em um ano especialmente generoso, já que 2015 foi quando o Brasil bateu seu recorde histórico de classificação no ranking mundial do World Giving Index. Como o período que se seguiu a 2015 no Brasil foi turbulento e marcado por profunda e prolongada crise econômica, política e moral, tudo indica que os números apresentados pela Pesquisa Doação Brasil podem não se repetir em sua próxima edição, que deverá cobrir o comportamento dos brasileiros em 2020.

Outra coisa que chama a atenção é a sensibilidade dos brasileiros. Estudando as séries históricas do World Giving Index, observa-se sempre que a demonstração mais frequente de solidariedade dos brasileiros é a ‘ajuda a um desconhecido’. Isso demonstra que quando o brasileiro testemunha e percebe a necessidade diante de si, ele se mobiliza. Porém, ações que exigem mais planejamento, tais como doação para uma organização social ou trabalho voluntário, ainda não são tão frequentes.

Trata-se de um doador instintivo, que se move mais pelo que ‘os olhos veem e o coração sente’ do que pelo estímulo racional de realizar uma transformação da realidade. A etapa qualitativa da Pesquisa Doação Brasil trouxe a indicação clara de que os brasileiros enxergam a ajuda ao próximo como uma ação mais do ser humano do que do cidadão. “Aquilo que eu queria que fizessem comigo, eu faço com os outros” é uma afirmação comum entre os entrevistados.

Percebe-se a mesma característica quando o brasileiro é questionado sobre as causas de sua preferência. As causas mais populares são aquelas mais facilmente percebidas pelos sentidos, tais ‘saúde’’ e ‘combate à fome e à pobreza’. Também aparecem, em ambas as pesquisas que cobrem esse item, as ‘crianças’ como uma causa importante. E surpreende que a ‘educação’, considerada por muitos como o mais importante instrumento de transformação de uma sociedade não conste sequer entre as cinco causas mais populares.

Isso mostra que temos um espaço grande para trabalhar e disseminar o conceito de causa com o intuito de mobilizar novos doadores. Também é preciso mobilizar as organizações sociais para que comuniquem melhor sua função e os resultados de seus trabalhos, para (re)conquistar a confiança dos cidadãos brasileiros.

As três pesquisas juntas representam um salto de qualidade, dado nos últimos três anos, no conhecimento sobre o doador brasileiro, porém, ainda não temos dados maduros porque nossos números não foram submetidos a comprovações ao longo dos anos.

Duas lacunas grandes ainda precisam ser preenchidas. Primeiro uma nova estimativa do valor total por indivíduos no Brasil, já que a projeção de R$ 13,7 bilhões, feita pela Pesquisa Doação Brasil pode não estar mais nesse patamar. E em segundo lugar, recortes por gênero, faixa de renda, local de residência e escolaridade, por exemplo, que sirvam de ferramenta de trabalho para aqueles que se dedicam a levantar os recursos necessários para a sobrevivência e o bom desempenho das organizações da sociedade civil no Brasil.

PARA SABER MAIS

Entre as diversas publicações indicadas na Bibliografia, existem duas de especial interesse para quem quer saber mais sobre o estado da cultura de doação no Brasil, pois trazem conteúdo mais reflexivo do que quantitativo. O primeiro deles é a publicação da Pesquisa Doação Brasil, que além de apresentar os resultados do levantamento, também contém artigos que analisam os dados sob diferentes pontos de vista. O olhar psicanalítico, o olhar de uma especialista em pesquisas e o olhar de um acadêmico do campo do Terceiro Setor. Esses três textos, além de outras reflexões dos profissionais envolvidos na realização da pesquisa ajudam a ampliar o conhecimento trazido pelos números.

O segundo é o relatório Perspectivas para a Filantropia Global: O Poder Transformador da Doação da Classe Média. Trata-se de um trabalho que projeta o futuro, propondo uma ação no presente para que esse futuro seja alcançado. É muito interessante por se basear em dados concretos e por trazer um pequeno trecho especificamente dedicado à realidade brasileira, fazendo recomendações para que o engajamento da classe média na cultura de doação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EDELMAN TRUST BAROMETER 2018. Disponível em edelman.com.br/propriedades/trust-barometer-2018/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

GIVING REPORT 2017 BRASIL. Disponível em www.idis.org.br/country-giving-report-2017-brasil/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

PERSPECTVAS PARA A FILANTROPIA GLOBAL: O PODER TRANSFORMADOR DA DOAÇÃO DA CLASSE MÉDIA. Disponível em www.idis.org.br/perspectivas-para-a-filantropia-global-o-poder-transformador-da-doacao-da-classe-media/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

PESQUISA DOAÇÃO BRASIL – PUBLICAÇÃO. Disponível em www.idis.org.br/pesquisa-doacao-brasil/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

PESQUISA DOAÇÃO BRASIL – RESULTADOS. Disponível em www.idis.org.br/pesquisadoacaobrasil/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2010. Disponível em www.cafonline.org/about-us/publications/2010-publications/world-giving-index Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2011. Disponível em www.cafonline.org/about-us/publications/2011-publications/world-giving-index-2011 / Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2012. Disponível em www.cafonline.org/about-us/publications/2012-publications/world-giving-index-2012 / Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2013. Disponível em www.cafonline.org/about-us/publications/2013-publications/world-giving-index-2013 / Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2014. Disponível em www.idis.org.br/caf-world-giving-index-2014/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2015. Disponível em www.idis.org.br/caf-world-giving-index-2015/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2016. Disponível em www.idis.org.br/publicacoes/world-giving-index-2016/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2017. Disponível em www.idis.org.br/world-giving-index-2017/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

WORLD GIVING INDEX 2018. Disponível em www.idis.org.br/world-giving-index-2018/ Acesso em 05 de janeiro de 2019.

 

IDIS busca consultor de avaliação de impacto social

No IDIS, um de nossos pilares de atuação, é o suporte para o investidor social na tomada de decisões estratégicas e táticas. Apoiamos tanto quem está começando na área social quanto o investidor que pretende qualificar suas ações sociais. Buscamos um profissional para atuar como consultor nos projetos de apoio técnico relacionados à avaliação de impacto social, cade vez mais valorizada por nossos parceiros.

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Requisitos

  • Formação superior completa (preferencialmente em Economia, Administração e Estatística).
  • Desejável pós-graduação (latoou stricto sensu) em Administração, Administração Pública, Sustentabilidade, Gestão do Terceiro Setor ou áreas afins.
  • Experiência de, no mínimo, três anos em estudos de avaliação de impacto social, incluindo coleta e análise de informações qualitativas e quantitativas.
  • Experiência de, no mínimo, cinco anos em projetos socioambientais, investimento social privado, responsabilidade social, sustentabilidade ou áreas afins.
  • Capacidade de relacionamento interpessoal e
  • Capacidade de comunicação oral e escrita.
  • Experiência em condução de grupos focais com crianças, jovens e adultos.
  • Capacidade de sistematizar e analisar dados qualitativos e quantitativos.
  • Disponibilidade para viagens.

Funções 

  • Realizar visitas de campo em projetos e programas sociais (pode envolver viagens)
  • Realizar entrevistas individuais e sistematizar o conteúdo da conversa em relatórios qualitativos.
  • Conduzir grupos focais e sistematizar o conteúdo do encontro em relatórios qualitativos.
  • Elaborar questionários quantitativos para coleta de dados e monitorar o recebimento das respostas.
  • Analisar estatisticamente os resultados obtidos com questionários quantitativos.
  • Elaborar relatórios com análises e conclusões do estudo de Avaliação de Impacto Social.

Interessados devem enviar um e-mail para portalidis@idis.org.br (“CONSULTOR DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL” no assunto do e-mail) contendo:

  • CV
  • Pretensão salarial
  • Texto em word com a resposta para a seguinte pergunta: “Qual é relevância de um estudo de Avaliação de Impacto para projetos e programa sociais e quais são os desafios para sua realização?”

Coalizão pelos Fundos Filantrópicos pede esclarecimento sobre tributação federal de Organizações Gestoras Fundos Patrimoniais

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por organizações da sociedade civil e outras instituições, solicitou esclarecimentos sobre benefícios fiscais para Organizações Gestoras de Fundos Patrimoniais (OGPF) na Lei 13.800/19 que regulamenta os fundos filantrópicos no Brasil. Em carta aberta apresentada ao Ministério da Economia e à Receita Federa, a Coalizão solicita o reconhecimento da imunidade a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às causas da Educação, Saúde e Assistência Social, e também o reconhecimento da isenção a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às demais causas de interesse público.
Conheça na íntegra a carta aberta apresentada ao ministério da Economia e receita federal apresentada pela Coalização pelos Fundos Filantrópicos, um movimento coordenado pelo IDIS Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social.

 

CARTA ABERTA AO MINISTÉRIO DA ECONOMIA E RECEITA FEDERAL
Ref: Tributação federal das Organizações Gestoras Fundos Patrimoniais (OGFP)

A Coalizão pelos Fundos Filantrópicos, grupo multissetorial composto por organizações da sociedade civil e outras instituições abaixo-assinadas, vem manifestar publicamente a necessidade de esclarecimento na Lei 13.800/19, sem as quais, a regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil não alcançará seu potencial de contribuição para a sociedade.
Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são instrumentos que contribuem para a sustentabilidade financeira de organizações sem fins lucrativos que trabalham por causas, como educação, saúde, assistência, cultura, direitos humanos, meio ambiente e esportes, entre outras causas de interesse público. Organizações se tornam menos dependentes de novas doações e patrocínios, alcançam maior estabilidade financeira e asseguram sua viabilidade operacional, permitindo que se estruturem e desenvolvam suas atividades de forma sustentável e contínua, realizando transformações importantes em áreas estratégicas.
Com a finalidade de atingirmos maior adesão à lei, solicitamos esclarecimento sobre o reconhecimento da imunidade a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às causas da Educação, Saúde e Assistência Social (art. 12, Lei 9.532 e art. 13, III MP 2.158-35) e reconhecimento da isenção a impostos federais e da isenção a contribuições sociais das OGFPs destinadas às demais causas de interesse público (art. 15, Lei 9.532 e , art. 13, IV, MP 2.158-35). Os tributos abrangidos são: IRPJ IOF, ITR, PIS, COFINS e CSLL. Para as instituições de educação e assistência social, a imunidade do IRPJ alcança o IRRF.
Além disso, é importante esclarecer que a OGFP pode investir financeiramente, de acordo com a Lei 13.800, sem impedimento ao exercício de seu direito à imunidade ou isenção.
Por fim, nos colocamos à disposição para qualquer contribuição que se faça necessária no processo, inclusive na redação das modificações no texto da lei.
São Paulo, 11 de março de 2019
COALIZÃO PELOS FUNDOS FILANTRÓPICOS (www.idis.org.br/coalizao)

Primeira edição do ‘Diálogos do Poder Público com Investidores Sociais’ incentiva o desenvolvimento de parcerias para a solução de desafios nas áreas de Saúde e Desenvolvimento Social

No Brasil, muitas vezes percebemos distanciamento e falta de articulação entre instâncias governamentais e organizações da sociedade civil, em especial os investidores sociais privados. Para contribuir com a transformação dessa realidade, o IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, criou o programa ‘Diálogos do Poder Público com Investidores Sociais’, com o apoio da Fundação José Egydio Setúbal. “Fortalecer a confiança e trabalhar em cooperação são importantes aspectos para o desenvolvimento do país” justifica Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.


A primeira atividade desta primeira edição do ‘Diálogos’, que teve como foco as áreas de Saúde e Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, aconteceu no dia 27 de junho e consistiu em um encontro entre representantes do Governo e da Sociedade Civil, incluindo investidores sociais, organizações sem fins lucrativos, especialistas e acadêmicos. Compartilharam seus desafios o Presidente do Fundo Social do Estado de São Paulo, Filipe Sabará, que apresentou o programa Praça da Cidadania, a Secretária Estadual do Desenvolvimento Social, Celia Parnes, e o coordenador de regiões de saúde da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, Dr. Osmar Mikio Moriwaki. Os 50 convidados presentes foram, então, estimulados a identificar sinergias de atuação e gerar propostas para trabalho conjunto. Entre os temas identificados estão a qualificação da cobertura vacinal e a segurança alimentar.

A iniciativa prevê ainda mais 3 etapas. A próxima será um diagnóstico profundo, a ser produzido em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir das ideias geradas no encontro inicial. A partir do diagnóstico, será elaborado um plano de ação que permita colocar em prática a solução prevista. “Este programa nasce com a intenção de ser replicado em outras áreas e em outros municípios e estados. A experiência vai gerar aprendizados para que possamos alcançar o impacto que queremos ver” completa Fabiani. Toda a experiência, por fim, será registrada em uma publicação a ser compartilhada com o público.

O evento de lançamento teve apoio institucional do Centro Ruth Cardoso, do GIFE e da Charities Aid Foundation (CAF).

Ação de advocacy do IDIS para a regulamentação dos Fundos Patrimoniais no Brasil é destaque em publicação global

Em junho de 2019, a ‘WINGS – Worldwide Initiatives for Grantmaker Support’ lançou o relatório ‘Estudos de Casos de Impacto: Estimulando um ambiente promotor da filantropia e da sociedade civil’. Nesta coleção, ilustra como organizações de apoio à filantropia implementaram estratégias de sucesso para promover um ambiente propício para que a sociedade civil e a filantropia prosperem. Por meio de oito casos de diferentes países, a WINGS dá luz a experiências que muitas vezes permanecem nos bastidores. A publicação também apresenta artigos especializados do International Center for Not-for-Profit Law (ICNL), Forus e CIVICUS. Apesar dos desafios de encolhimento do espaço para a sociedade civil ou falta de ambiente fiscal favorável, essas organizações são criativas e têm um enorme impacto positivo. Nesse sentido, o relatório é tanto uma fonte de inspiração quanto um chamamento à ação.

A experiência de advocacy do IDIS no âmbito da regulamentação dos Fundos Patrimoniais no Brasil é uma das histórias apresentadas. Aqui, trazemos o conteúdo na íntegra, em português. O relatório completo está disponível no site da WINGS.

Visão geral

Até recentemente, não havia legislação que apoiasse a criação de Fundos Patrimoniais Filantrópicos (Endowments) no Brasil. Consequentemente, poucos estímulos existiam e havia apenas um pequeno número de fundos dessa natureza para apoiar Organizações da Sociedade Civil (OSCs). A existência de uma lei para os Fundos Patrimoniais se mostrava relevante para o desenvolvimento deste mecanismo no país. Para isso, em parceria com outras organizações, o IDIS liderou um movimento de advocacy com uma forte produção de conhecimento local, reunindo instituições e profissionais em torno desta causa. Oito anos após o início deste processo, em janeiro de 2019, uma lei foi finalmente promulgada.

Dada a importância dos Fundos Patrimoniais para o crescimento da filantropia em muitos países, esta conquista deve proporcionar um grande impulso à cultura de doação do Brasil.

Contexto

Apesar de Fundos Patrimoniais serem um mecanismo bem conhecido e usualmente aplicado em países da Europa ou América do Norte, eles estão apenas começando a serem implantados em outros lugares.

Alguns dos maiores Endowments do mundo podem ser encontrados nos Estados Unidos e no Reino Unido. Exemplos dos mais relevantes são a ‘Fundação Bill e Melinda Gates’, com um patrimônio avaliado em mais de US $ 50 bilhões, o fundo patrimonial da Universidade de Harvard, avaliado em mais de US$ 37 bilhões e o fundo da Wellcome Trust, avaliado em mais de US$ 30 bilhões.

Nas economias emergentes, essa também emerge como uma tendência com exemplos como a ‘Fundação Mohammed Bin Rashid Al Maktoum’, nos Emirados Árabes Unidos, com US $ 10 bilhões, e na Índia, a ‘Fundação Azim Premji’, que soma US$ 21 bilhões.

No Brasil, até 2019, não havia legislação que regulamentasse esse tipo de mecanismo, ainda que houvesse alguns poucos fundos estabelecidos, como da Fundação Bradesco e da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, ambas ligadas a uma instituição financeira quando fundadas. Até então, não havia um ambiente legal favorável à criação de Fundos Patrimoniais Filantrópicos, tornando a alternativa pouco atraente a investidores.

Realizações

Para mudar este cenário, o IDIS, representante da Charities Aid Foundation (CAF) no Brasil, assumiu o tema como prioritário em sua agenda e buscou criar uma rede de apoio para o desenvolvimento de uma lei nacional de Fundos Patrimoniais. Os pilares inovadores deste movimento incluem uma estratégia dupla de educação e de advocacy. Neste sentido, o IDIS adotou as ações-chave listadas:

1. Lançamento do livro “Fundos Patrimoniais – Criação e Gestão no Brasil”, em 2012, com o apoio da Fundação Vale e da Fundação Ford. Foi o primeiro livro a abordar esse assunto no Brasil e continua sendo uma referência para organizações, filantropos, acadêmicos, gestores de fundos e reguladores.

2. Criação de grupo de estudos e realização de encontros, que resultaram na elaboração de uma proposta de lei para Fundos Patrimoniais Filantrópicos, com base nas melhores práticas internacionais. Entre 2012 e 2013, o IDIS criou o Grupo de Estudos de Endowments com o GIFE, a Endowments do Brasil e o JP Morgan. O grupo contou com 90 membros, entre advogados, executivos do Terceiro Setor, promotores públicos, acadêmicos, entre outros.

3. Desenvolvimento de publicações sobre Fundos Filantrópicos. Em 2016, em parceria com a Levisky Negócios & Cultura e PLKC Advogados, com patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Petrobras e da Caixa Econômica Federal, o IDIS lançou uma série de guias sobre o tema – 1. ‘Conceitos e benefícios dos Endowments como mecanismo de financiamento à cultura’; 2 – ‘Orientações e informações ao poder público: aspectos de regulação e tributação’; 3 – ‘Orientações práticas para implementação de Endowments em instituições culturais’. Também foi traduzido um livro importante sobre filantropia e doações – ‘Filantropização via Privatização’ (PtP) – de autoria do professor Lester M. Salamon, da Universidade John Hopkins, além da produção de diversos artigos sobre o tema.

4. Criação de estratégia de advocacy com parceiros da sociedade civil e do setor privado ligados à filantropia. O grupo definiu princípios fundamentais para uma boa legislação que beneficiaria as OSCs, a filantropia e os investidores sociais. Estes incluíram:

  • Ampla abrangência, contemplando diversas causas sociais e organizações sem fins lucrativos que podem constituir Fundos Patrimoniais Filantrópicos
  • Existência de incentivos fiscais
  • Regras de governança e transparência baseadas nas melhores práticas internacionais

5. Reuniões com representantes do Congresso e autoridades governamentais em vários departamentos, incluindo a Secretaria Geral da Presidência, representantes da Câmara dos Deputados, Senado Federal, BID, BNDES, Ministério da Educação, Cultura e Economia. Ao longo de seis anos, o IDIS sediou eventos e promoveu diálogos que resultaram em 11 projetos de Lei no Congresso Nacional que buscavam regulamentar os Fundos Patrimoniais no Brasil.

6. Criação e coordenação da Coalizão de Fundos Filantrópicos, fortalecendo as etapas finais do movimento pela regulamentação dos endowments. Lideradas pelo IDIS e com assessoria jurídica do PLKC Advogados, organizações relevantes se uniram como apoiadoras do movimento: Associação Paulista de Fundações (APF), Cebraf, GIFE, Humanitas 360 e Levisky. Com a adesão de mais de 60 organizações, a Coalizão foi lançada no Congresso Nacional em 2018.

Desafios

O caminho que levou à aprovação da legislação foi longo e imprevisível e o IDIS precisava estar preparado e, ao mesmo tempo, ser flexível. Em 2018, por exemplo, uma infeliz catástrofe – o incêndio que destruiu mais de 90% dos arquivos do Museu Nacional do Brasil –, foi um catalisador para a ação do governo. Michel Temer, presidente na época, assinou uma Medida Provisória para garantir que museus, universidades, outras instituições públicas e organizações sem fins lucrativos possam se beneficiar da criação de Fundos Patrimoniais, melhorando sua sustentabilidade no longo prazo. O IDIS, em nome da Coalizão, divulgou uma nota pública declarando apoio à medida e destacando a importância da inclusão de todas as causas e organizações sociais na abrangência da Lei.

O sucesso de uma ação de advocacy depende, em grande parte de agilidade organizacional. Identificar representantes-chave do governo que poderiam impulsionar a iniciativa é muito importante, mas a capacidade de responder rapidamente a oportunidades que surgem no processo com alternativas concretas, é crucial. Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS esteve sempre diretamente envolvida e foi realizado um investimento dedicado ao tema nos últimos 3 anos para contribuiu com o sucesso da estratégia.

O que foi alcançado

No início de 2019, oito anos depois do início da atuação do IDIS, o governo brasileiro aprovou a Medida Provisória, transformando-a na Lei 13.800, a “Lei dos Fundos Patrimoniais”.

  • A regulamentação impulsionará a criação de Fundos Patrimoniais, em especial as OSCs culturais, como museus e orquestras, que se beneficiarão de incentivos fiscais.
  • Liderada pelo IDIS, a coalizão se mostrou uma forte estratégia com a adesão de cada vez mais apoiadores da sociedade civil. O tema tornou-se um compromisso fundamental da sociedade civil, a coalizão hoje conta com mais de 70 parceiros e apoiadores para a causa representantes de todos os setores.
  • A Lei estabelece as bases para um impacto de longo prazo. Se as maiores fortunas do Brasil doassem 1% de seus ativos para fundos patrimoniais, teríamos US $ 1,2 bilhão destinado a causas.

Aprendizados

  • As organizações devem estar atentas a eventos externos que podem gerar oportunidades de apoio político – neste caso, a tragédia do incêndio em um museu;
  • Conquistar a aprovação de uma nova lei leva tempo. Uma ação de advocacy bem-sucedida depende de agilidade e perseverança, assim como de disponibilidade ao longo do processo para responder a eventos e oportunidades à medida que surgem;
  • Construir uma base sólida de conhecimento, com referências internacionais, é importante;
  • Criar uma ampla coalizão foi o aspecto crítico inovador que levou ao sucesso.

 

*Estudo de caso originalmente publicado no WINGS – Worldwide Initiatives for Grantmaker Support: Impact Case Studies: Promoting an enabling environment for philanthropy and civil society

Mosaic Fertilizantes divulga os resultados do Edital da Água, projeto realizado em parceria com o IDIS

Signatária do Pacto Global Brasil, a Mosaic Fertilizantes possui uma agenda de iniciativas de sustentabilidade alinhada com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU. Neste contexto desenvolveu, com o apoio técnico do IDIS, o Edital da Água. Por meio da iniciativa, selecionou 10 organizações da sociedade civil e instituições de ensino superior que têm projetos voltados à gestão e disponibilidade de água nos municípios onde a empresa tem atuação. Os prêmios serão destinados à implementação das propostas. Arthur Liacre, vice-presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade, acredita que essa ação reforça o compromisso da empresa em apoiar iniciativas que assegurem a disponibilidade de água de qualidade às gerações futuras nas comunidades em que atuamos. “Escolhemos projetos que refletem os valores da Mosaic Fertilizantes em um dos pilares mais importantes: a água. Ficamos positivamente surpresos com a diversidade de propostas, que vão desde ações efetivas até pesquisas para o desenvolvimento de novas soluções”, afirma.

O IDIS foi também o responsável pela gestão do Edital. Apesar da grande especificidade dos requisitos do Edital, mais de quarenta inscrições foram recebidas e avaliadas por um júri de especialistas que contou com a participação de Wilson Cabral, professor associado do Instituto de Tecnologia Aeronáutica e autor do livro “Gestão das águas no Brasil: reflexões, diagnósticos e desafios”, Giuliana Chaves Moreira, pesquisadora associada do Pacific Institute, responsável por pesquisas e análises de gerenciamento corporativo da água no Brasil e Samuel Barrêto, gerente nacional de água do The Nature Conservancy, além de representantes de diversas áreas da empresa. “Acreditamos que a realização de Editais públicos é um processo transparente e democrático para direcionar recursos. Por meio deles, conseguimos criar pontes entre investidores e projetos e ver ideias saindo do papel” avalia Andrea Hanai, gerente responsável pelo projeto no IDIS.

A Mosaic Fertilizantes é uma das maiores produtoras globais de fosfatados e potássio combinados. Os vencedores foram anunciados no Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho. Conheça no site da empresa as organizações contempladas.

Incentivo à Filantropia Comunitária – novos passos de uma jornada

Desde sua fundação, em 1999, a Filantropia Comunitária é um tema caro ao IDIS e considerado prioritário para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária. Em parceria com outras organizações e investidores sociais, temos atuado no sentido de promover um movimento de incentivo à prática no Brasil.

Neste ano, somamos a esta trajetória um novo marco – o lançamento da publicação ‘FILANTROPIA COMUNITÁRIA: Terreno fértil para o Desenvolvimento Social’, fruto de um estudo realizado com o apoio da Mott Foundation e que traz detalhes sobre o processo de mapeamento de organizações comunitárias, os resultados da pesquisa e ideias de estratégias para fortalecer o movimento no Brasil. A publicação, já disponível no site do IDIS, foi lançada no dia 31 de maio em São Paulo, na presença de Nick Deychakiwsky e Carlos Rios-Santiago, Diretores de Programas na Mott Foundation, cuja visita teve por objetivo dar continuidade ao processo de fortalecimento do tema no Brasil e de aproximar os investidores sociais do conceito de Filantropia Comunitária.

Durante sua estadia no país, Nick e Carlos visitaram organizações voltadas ao fortalecimento de comunidades locais. Acompanhados por Raquel Altemani, gerente de projetos no IDIS, os representantes da Mott Foundation tiveram a oportunidade de conhecer de perto o trabalho desempenhado pela Fundação Urbe9 (em Campinas-SP), IBEAC – Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário e Fundação ABH (ambas no município de São Paulo), ICOM – Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (em Florianópolis) e Redes da Maré (no Rio de janeiro). Além disso, também foram realizados encontros com organizações que trabalham pelo desenvolvimento da Filantropia no país, como o GIFE, WINGS e a Rede de Filantropia para a Justiça Social.

A visita também inclui um encontro entre investidores sociais e a fundação americana. Nick descreveu o conceito de Fundações Comunitárias, apresentando o trabalho da Mott e seu interesse em implementar esse modelo de organização ao Brasil. Em seguida, Raquel Altemani comentou sobre os resultados e insights adquiridos ao longo da pesquisa de mapeamento de organizações comunitárias no Estado de São Paulo em 2018, estimulando o debate e o compartilhamento de percepções entre os investidores sociais.

Tivemos também o prazer de participar do evento Expandindo e Fortalecendo a Filantropia Comunitária no Brasil, organizado pela Rede de Filantropia para a Justiça Social. Foi um dia dedicado à troca de experiências entre fundações, institutos e organizações comunitárias, e mais um passo para a consolidação do tema no Brasil. Nessa ocasião, integramos o painel “Pesquisas e Tendências da Filantropia Comunitária no Brasil”, no qual apresentamos nossa experiência com a Mott Foundation. Além disso, pudemos aprender com a visão internacional de Jenny Hodgson, Diretora Executiva do Global Fund for Community Foundations, sobre experiências de Filantropia Comunitária ao redor do mundo, e com a perspectiva de representantes de organizações comunitárias no Brasil – como a Associação Indígena da Comunidade Kisêdjê, Caranguejo Uçá, Instituto Baixada, Rede de Bancos Comunitários da Bahia, Casa Fluminense, ICOM – e representantes de fundações e associações no Brasil comprometidas com o apoio a organizações comunitárias. Dessa forma, as iniciativas e a mobilização de atores engajados no campo da Filantropia Comunitária refletem a relevância do tema não só para a agenda do IDIS, mas para o desenvolvimento do país como um todo.

Participantes do Programa de Fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil comentam questões relacionadas a planejamento estratégico, captação de recursos e parcerias

A atuação das organizações da sociedade civil é fundamental no Brasil. Apesar da grande competência e conhecimento das causas e localidades nas quais atuam, o segmento tem desafios relacionados à estrutura e gestão, que interferem em sua capacidade de gerar impactos de longo prazo e no acesso a recursos. Foi a partir dessa necessidade que a Charities Aid Foundation (CAF), o IDIS e o Consulado Geral dos EUA em São Paulo se reuniram para criar o Programa de Fortalecimento de Organizações da Sociedade Civil. Por meio de capacitação presencial e uma série de capacitações on-line, o programa, implementado em junho de 2018, teve como objetivo desenvolver três competências em organizações sem fins lucrativos de pequeno a médio porte com atuação na região metropolitana de São Paulo: (1) Planejamento estratégico; (2) Captação de recursos (tanto no Brasil quanto nos EUA para o Brasil); e (3) Formação e participação em parcerias intersetoriais.

Um ano após a conclusão do programa, dezoito dos vinte participantes se disponibilizaram a responder a uma pesquisa para identificar como as organizações evoluíram em relação aos itens abordados ao longo do curso. Entre os entrevistados, quando questionados sobre planejamento estratégico, 72% indicaram que o tema se tornou mais relevante em suas organizações. O mesmo percentual indicou que no último ano houve uma revisão no portfólio de programas e projetos realizados por meio de metodologias formais de análise. Em relação a parcerias, apenas uma organização disse não ter feito contatos no último ano. A percepção sobre captação de recursos foi também positiva – 13 organizações disseram que o volume de recursos de terceiros aumentou no último ano, proveniente, principalmente, de investidores locais. O acesso a recursos estrangeiros mostrou-se o maior desafio, com 56% dos respondentes indicando não ter feito nenhum contato com investidores de fora do Brasil. “Saber como os temas abordados na capacitação reverberam no mundo real é essencial para nosso trabalho. É certo que não podemos afirmar que as conquistas são resultado unicamente do Programa de Fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil, mas as percepções que identificamos nas conversas nos traz insumos para sermos cada vez mais assertivos e relevantes em nossas iniciativas”, comenta Andréa Hanai, gerente de projetos no IDIS responsável pela condução do processo.

Leia também: IDIS, CONSULADO DOS EUA EM SÃO PAULO E CAF AMERICA REALIZAM DOIS DIAS DE TREINAMENTOS PARA ONGS

100 mil pessoas já descobriram sua causa

No mês de junho, a campanha Descubra Sua Causa completou seis meses e os resultados superaram as expectativas – 100 mil testes concluídos. Idealizada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, tem como objetivo promover a cultura de doação no Brasil. Por meio de um quiz, os respondentes expressam seus valores, prioridades e visões de mundo e sociedade. Ao final, são apresentados a um personagem acompanhado de uma descrição, que mostra as causas que são importantes a ele – meio ambiente, educação, igualdade de gênero, saúde, geração de trabalho e renda, entre outras. A partir daí uma lista de organizações alinhadas aos interesses de cada um é apresentada e o usuário pode escolher uma delas para doar recursos ou realizar trabalhos voluntários.

“Queremos que o teste se popularize e seja tema de rodas de conversa para que se fale mais sobre doação. As pessoas devem se acostumar a contar para as outras as doações que fazem. Quando falam a respeito, fazem o outro refletir e se engajar e assim fortalecemos a cultura de doação”, comenta Andréa Wolffenbüttel, Diretora de Comunicação no IDIS.

Este não é um movimento exclusivo do IDIS. Outras organizações também veem o debate como prioridade no Brasil. No Festival ABCR (Associação Brasileira dos Captadores de Recursos), compartilhamos a história da ‘Descubra sua Causa’ – os motivadores, os desafios para colocar a campanha no ar, os pontos de melhoria que gostaríamos de promover e os sonhos que temos para o futuro. A plateia estava cheia, e convidamos todos a se envolverem e pensarem com a gente como podemos fortalecer este movimento.

 

A Campanha Descubra sua Causa não seria possível sem o apoio da Charities Aid Foundation, da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, do Instituto C&A e do Instituto Cyrela. Também tivemos o apoio de diversos veículos que contribuíram com a divulgação de forma pro bono. Em maio, se juntou ao time de apoiadores a 89FM A Rádio Rock, que veiculou o spot da campanha em sua programação.

Descubra você também a sua causa e se junte àqueles que lutam por ela todos os dias! Faça o teste no site: www.descubrasuacausa.net.br. #RumoAos200Mil

O impacto da Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos

Por Paula Fabiani

 

No início deste ano tivemos uma notícia muito boa para o desenvolvimento do setor sem fins lucrativos no Brasil. Foi aprovada pelo presidente Jair Bolsonaro uma legislação importante para a sustentabilidade das causas, organizações sem fins lucrativos e instituições públicas que trabalham nas mais diversas áreas. A Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, que foi publicada sob o nº 13.800 no dia 7 de janeiro.

Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são estruturas criadas para apoiar uma organização ou uma causa. São chamados de endowments nos países anglo-saxões, que são os campeões na estruturação deste mecanismo. São instituídos, em sua maioria, com o compromisso de perpetuar o valor recebido como doação, repassando apenas seus rendimentos para a manutenção de uma organização sem fins lucrativos ou para o financiamento de projetos. Universidades de destaque como Harvard e Yale possuem seus fundos, e organizações bilionárias como as fundações Bill & Melinda Gates, Rockefeller e Ford.

Os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são instrumentos que contribuem para a sustentabilidade financeira de organizações sem fins lucrativos que trabalham pela educação, saúde, assistência, cultura, direitos humanos, meio ambiente, esportes, deficiência, entre outras causas de interesse público. Organizações podem contar com uma fonte perene de recursos e se tornam menos dependentes de novas doações e patrocínios. Com isso, alcançam maior estabilidade financeira e asseguram sua viabilidade operacional, permitindo que se estruturem com profissionalismo e desenvolvam suas atividades de forma sustentável e contínua.

O potencial desta lei é relevante. Segundo estimativas do Hauser Institute for Civil Society e do Banco Mundial, no mundo já encontramos US$ 1,5 trilhão alocados em endowments. Além dos volumosos fundos de universidades e fundações, organizações independentes da sociedade civil já possuem seus fundos patrimoniais. E eles estão sendo estruturados em vários países, como a Índia e os Emirados árabes, onde já encontramos fundos gigantescos.

Importante mencionar que a Lei brasileira determina a instituição de uma organização gestora de fundos patrimoniais, cujo objeto será a captação e gestão de recursos filantrópicos, ou seja, ela não poderá operar programas e projetos. Esta organização pode ser uma fundação ou associação, alternativas legais para uma organização sem fins lucrativos no Brasil. Com isso, dentre os benefícios da Lei, temos a desejada proteção patrimonial dos recursos. Desta forma, o fundo não sofrerá com eventuais passivos das organizações e projetos financiados. Além disso, a legislação estabeleceu regras de governança e incentivos fiscais para as doações para a cultura.

Vale mencionar que o processo de estabelecimento de um fundo patrimonial filantrópico não é simples. São diversas as possibilidades de estrutura e devem ser criteriosos o planejamento societário, tributário, contratual, e de governança. São necessárias regras para os investimentos no mercado financeiro e para o uso dos recursos em programas, projetos e organizações.

A aprovação desta importante legislação para o setor sem fins lucrativos é resultado da ação conjunta de diversos atores da sociedade civil e do governo. O IDIS vem liderando este trabalho desde 2012 e criou, em 2018, a Coalizão pelos Fundos Filantrópicos (www.idis.org.br/coalizao)

Esta legislação pode produzir um grande efeito positivo para o país. A Coalizão e seus membros continuam os esforços para dar clareza ao processo de adoção da lei. Na França, logo após a aprovação de regulamentação similar, mais de 200 fundos foram criados. Com normativas claras e precisas o Brasil certamente pode repetir esse número!

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Artigo originalmente publicado no blog Giro Sustentável, da Gazeta do Povo, em 17 de junho de 2019. O IDIS é parceiro do Instituto GRPCOM no blog Giro Sustentável e contribui mensalmente com histórias relacionadas ao Investimento Social Privado.

Fundos Patrimoniais: Novas Possibilidades

Esse foi o nome escolhido para o encontro que aconteceu no dia 9 de maio, em Brasília, e reuniu cerca de 60 convidados interessados em conhecer mais sobre a legislação que regula os Fundos Patrimoniais Filantrópicos e ouvir a palestra do estudioso Lester Salamon, professor da Johns Hopkins University.

O professor Salamon é o criador da expressão ‘Philanthropication thru Privatization’ ou seja, Filantropização via Privatização, que propõe uma nova fonte de recursos para o estabelecimento de Fundos Patrimoniais. Ele analisou mais de 500 casos, em todo o mundo, de organizações que foram criadas a partir de Fundos alimentados por recursos de privatizações, concessões, multas, loterias e dinheiro recuperado de corrupção.

A proposta é que, em vez de destinar a totalidade desses recursos para os cofres públicos, onde acabarão por se fundir com outras verbas, sem gerar um impacto identificável, os governos destinem parte da arrecadação com transações como as citadas, para a criação de Fundos Patrimoniais Filantrópicos. Isso fará com que a sociedade perceba claramente o impacto positivo desses recursos e se sinta também contemplada por esse tipo de operação.

O professor Salamon destacou que o Brasil se encontra em um momento muito propícia para a adoção dessa prática, devido à recente regulamentação dos Fundos Filantrópicos, pelos processos de privatização que estão previstos e pelos vultuosos valores arrecadados com multas.

O evento ‘Fundos Patrimoniais: Novas Possibilidades’ foi realizado pelo IDIS, com correalização do BNDES, e apoio do PLKC Advogados, APF, Cebraf, Gife, Humanitas360 e Levisky Legados.

Veja aqui o álbum de fotos do evento.

Se interessa pelo tema? O livro Filatropização via Privatização, do Prof. Salamon, está disponível para download gratuito aqui em nosso site.

IDIS oferece capacitação em Captação de Recursos

 

Aconteceu em maio a oficina de capacitação em captação de recursos aos finalistas e vencedores do Prêmio Empreendedor Social, iniciativa da Folha de São Paulo. Oferecida pelo IDIS, tem o objetivo de fortalecer os projetos e trazer uma visão estratégica a esta área tão relevante para a sustentabilidade das organizações. Estiveram presentes representantes do Mapa Educação, Fast Food da Política, Vai de Courri, Editora Mol e Simbiose Social.

O IDIS é parceiro do Prêmio Empreendedor Social, promovido também pela Fundação Schwab, que busca selecionar, premiar e fomentar os líderes socioambientais mais empreendedores do Brasil, que desenvolvam iniciativas inovadoras, sustentáveis e com impacto socioambiental positivo.

Todos os participantes avaliaram muito bem a capacitação e ao serem perguntados sobre o que mais lhes agradou, afirmaram ser os conceitos abordados, as dicas práticas e a condução da aula.

E quando questionados sobre o que não gostaram, todos disseram que lamentaram que o treinamento tivesse curta duração porque queriam permanecer mais tempo para se aprofundar nos conteúdos.

Além da capacitação, o IDIS oferece para os vencedores a oportunidade de apresentarem seus projetos e organizações no Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, em uma plenária exclusiva.

O IDIS parabeniza a todos os vencedores e finalistas desse prêmio, assim como a Folha de S.Paulo e Fundação Schwab pela iniciativa!

Agenda Global: encontro de CEOs da CAF

“Somos como ilhas no mar, separadas na superfície, mas conectadas nas profundezas.” – William James

Essa foi a frase escolhida pela Charities Aid Foundation (CAF) para sintetizar a Aliança Global, uma rede organizações, formada há 25 anos, que hoje integra 9 países e atua em conjunto para aumentar e qualificar as doações no mundo.

Semestralmente os CEOs dessa rede se reúnem. O encontro de maio de 2019 foi intenso, dinâmico e interativo e contou com os líderes do Brasil, Índia, Rússia, África do Sul, Bulgária, Reino Unido, EUA, Canadá e Austrália. Na agenda, discussões sobre as prioridades estratégicas da Aliança Global, o compartilhamento da expertise global e local, uma análise profunda do cenário internacional de doação a partir da análise dos achados do World Giving Index e a imersão em recentes avanços tecnológicos, como o uso de blockchain para doações. No encontro, esteve presente também uma delegação da Turquia, país com iniciativas consistentes em relação à doação e que poderá passar a integrar a rede da CAF em breve. Ao longo da semana também celebramos as conquistas do ano anterior.

Saiba mais sobre as realizações em cada um dos países, em sua história junto à Aliança Global neste infográfico:

Global Alliance Highlights 18-19

Veja aqui as fotos do encontro.

Capacitação em Captação de Recursos é sucesso

Aconteceu em maio a oficina de capacitação em captação de recursos aos finalistas e vencedores do Prêmio Empreendedor Social, iniciativa da Folha de São Paulo. Oferecida pelo IDIS, tem o objetivo de fortalecer os projetos e trazer uma visão estratégica a esta área tão relevante para a sustentabilidade das organizações. Estiveram presentes representantes do Mapa Educação, Fast Food da Política, Vai de Courri, Editora Mol e Simbiose Social.

O IDIS é parceiro do Prêmio Empreendedor Social, promovido também pela Fundação Schwab, que busca selecionar, premiar e fomentar os líderes socioambientais mais empreendedores do Brasil, que desenvolvam iniciativas inovadoras, sustentáveis e com impacto socioambiental positivo.

Todos os participantes avaliaram muito bem a capacitação e ao serem perguntados sobre o que mais lhes agradou, afirmaram ser os conceitos abordados, as dicas práticas e a condução da aula.

E quando questionados sobre o que não gostaram, todos disseram que lamentaram que o treinamento tivesse curta duração porque queriam permanecer mais tempo para se aprofundar nos conteúdos.

Além da capacitação, o IDIS oferece para os vencedores a oportunidade de apresentarem seus projetos e organizações no Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, em uma plenária exclusiva.

O IDIS parabeniza a todos os vencedores e finalistas desse prêmio, assim como a Folha de S.Paulo e Fundação Schwab pela iniciativa!

IDIS lança relatório de atividades 2018

“Representa um grande desafio falar sobre o ano de 2018. Um ano recheado de expectativas, embates e acontecimentos marcantes. Pautado por dois grandes eventos que dominaram o calendário, a Copa do Mundo e as eleições, 2018, não ofereceu um caminho suave para o Brasil. No IDIS, não poderíamos deixar de sentir os reflexos do clima tenso, das angústias do período, mas, podemos dizer com orgulho e satisfação, que o ano nos trouxe boas realizações.” Com esta mensagem de Paula Fabiani, nossa diretora-presidente, começamos a contar a história que escrevemos no ano anterior. Convidamos todos a lerem a publicação, conhecerem mais sobre nossos projetos e conquistas. Entre os destaques, o trabalho de advocacy conduzido pelo IDIS que culminou na aprovação da Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, o lançamento da Campanha Descubra Sua Causa, nossa iniciativa para fortalecer a cultura de doação, e os Serviços de Inteligência prestados para organizações como Doutores da Alegria, Itaú Cultural e Instituto Avon.

Prestes a completar 20 anos de história, somos ainda aprendizes e temos grandes ambições para crescer e acompanhar as transformações que se apresentam a nós diariamente. Agradecemos aos nossos apoiadores, parceiros, conselheiros e colaboradores que sonham conosco e constroem, juntos, o futuro que queremos.

Acesse aqui o Relatório de Atividades IDIS 2018.

Conheça alguns destaques:

Venha fazer um estágio no IDIS!

O IDIS é um dos maiores incentivadores do desenvolvimento social brasileiro, a partir do apoio que proporciona aos doadores, corporativos e familiares. Agimos para que os recursos investidos em projetos sociais e ambientais tenham cada vez mais impacto, assessorando na criação de Fundações e Institutos, no planejamento estratégico, em estudos de viabilidade e avaliações do resultado, etc. No IDIS, nossos profissionais atuam no Terceiro Setor e têm contato com uma rede de filantropia local e internacional.

Buscamos um profissional para atuar em nossa área de Comunicação como estagiário. Aqui terá a oportunidade de conhecer a fundo o cenário do investimento social privado brasileiro, contribuir para promover as causas do IDIS, desenvolver trabalhos junto a grandes doadores, individuais e corporativos, acompanhar projetos e produzir eventos.

Funções:
• Atualizar o site e as mídias sociais;
• Pesquisar conteúdo na internet;
• Alimentar hotsite;
• Inserir vídeos em site/youtube;
• Monitorar desempenho das mídias sociais e do site;
• Organizar clipping virtual e arquivos de imagens;
• Organizar/atualizar mailings;
• Montar apresentações em PPT;
• Produzir e enviar e-mail marketing;
• Apoiar ações de divulgação;
• Apoiar a produção de materiais de divulgação;
• Fazer interlocução com fornecedores;
• Produzir relatórios de eventos;
• Apoiar a produção de eventos;
• Redigir, revisar e editar textos.
• Outras atividades relacionadas.

Requisitos:
• Cursando no mínimo 2° ano de faculdade de relações públicas, design, marketing ou propaganda;
• Experiência ou interesse no terceiro setor nos temas de investimento social privado, responsabilidade social, sustentabilidade ou áreas afins;
• Domínio do pacote Office (Word, PowerPoint, Excel) e internet;
• Facilidade para trabalhar em equipe;
• Prática em mídias sociais (Facebook, Linkedin, Instagram, Youtube e Twitter);
• Noções de realização e produção de eventos;
• Noção de processos de produção gráfica;
• Boa redação;
• Domínio intermediário da língua inglesa.

Desejável:
• Conhecimentos de programação em HTML e WordPress;
• Noções de fotografia e edição de imagens.

Bolsa estágio no valor de R$ 1.100 e vale-transporte.

Aos interessados, encaminhar currículo ao endereço de email RH@idis.org.br, indicando no assunto da mensagem “ESTAGIÁRIO COMUNICAÇÃO” até o dia 31 de maio de 2019.

Proposta de Fundos Filantrópicos criados a partir de verbas de privatização, multas e recursos devolvidos é levada ao Ministro Sergio Moro

A presidente do IDIS, Paula Fabiani, se encontrou nesta quinta-feira, dia 9 de maio, com o Ministro da Justiça, Sergio Moro, para apresentar a proposta de criação de Fundos Patrimoniais Filantrópicos a partir de recursos obtidos com privatizações, multas aplicadas pelo governo e verbas desviadas que são devolvidas aos cofres públicos.

Paula estava acompanhada do professor da Universidade Jonhs Hopkins, dr. Lester Salamon, idealizador da proposta e autor do livro ‘Filantropização via Privatização’, no qual analisa centenas de casos de fundos criadas a partir de verbas desta natureza.

O fundador do IDIS, Marcos Kisil e a sócia do escritório PLKC Advogados, Priscila Pasqualin, também participaram do encontro.

Conheça também o trabalho de advocacy da Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, coordenada pelo IDIS.

Cultura de Doação ou Doação para a Cultura?

Reflexões sobre o incêndio da Notre-Dame e o que ele tem a nos dizer

As chamas que consumiram uma das mais preciosas catedrais da Europa não tiveram impacto apenas na bela Ile de la Citê, onde se encontra a construção medieval. Elas também provocaram lamentações, reflexões e mesmo discussões aqui no Brasil.

Catedral de Notre Dame em chamas – Foto G1

Se por um lado descobríamos que tragédias que destroem tesouros culturais não são exclusividade nossa, também entrávamos em contato com um ímpeto e uma mobilização pela recuperação do patrimônio, que não havíamos visto por aqui.

E então vem o inevitável questionamento: por que não somos assim? Seguido de uma tempestade de respostas imediatas, quase todas com uma certa dose de razão.

O mais fácil é dizer simplesmente que no Brasil não há cultura de doação. Isso não é verdade. A Pesquisa Doação Brasil e muitas outras sobre o tema, já mostraram que cerca de metade da população brasileira costuma fazer doação, pelo menos uma vez ao ano.  Talvez o que falte não seja uma Cultura de Doação e sim uma Doação para a Cultura.

Porque quando temos desastres, como, por exemplo, o rompimento da barragem em Brumadinho, vemos uma grande iniciativa de doadores de todos os tipos, os que dão bens, o que dão recursos financeiros e o que doam seu tempo, trabalhando voluntariamente. Isso acontece porque as pessoas compreendem e se identificam com o sofrimento das vítimas.

Já no caso do incêndio do Museu Nacional, será que as pessoas entendiam a dimensão da perda? Será que se identificavam com aquele acervo e aquela história? Parece que não.

Outro elemento interessante a ser analisado é a atitude das famílias mais ricas da França, que imediatamente anunciaram doações muito volumosas. Esse comportamento certamente inspirou outros doadores a fazerem o mesmo, ainda que com valores bem menores. Mas essas pequenas doações conseguiram dobrar o dinheiro aportado pelas classes mais altas.

Será que se tivéssemos uma iniciativa semelhante no Brasil, ela não teria conseguido também atrair doações para o Museu Nacional? Não podemos desprezar o poder do exemplo e da liderança. Entretanto, também não podemos desprezar o fato de que a França construiu um ambiente propício à filantropia, baseado em generosos incentivos fiscais. Boa parte dos recursos doados pelas grandes fortunas, será abatido de seus impostos.

Por fim, há sempre o clássico argumento que justifica a não doação: a desconfiança. Como vamos saber que o dinheiro chegará mesmo ao seu destino e será aplicado na restauração do Museu? E esta pergunta não vem do nada, ela está respaldada por centenas de denúncias e escândalos de desvio de recursos. É bem verdade que no caso do incêndio da Notre-Dame, as instituições envolvidas são duas das mais antigas e sólidas do mundo: a Igreja Católica e o Estado francês. Nem sempre as instituições implicadas são tão robustas como essas duas. Por isso, precisamos desenvolver instrumentos que nos permitam doar e confiar nas instituições também aqui no Brasil. E no caso específico do incêndio do Museu, o governo (Executivo e Legislativo) reagiram e criaram a Lei dos Fundos Patrimoniais exatamente para conceber um instrumento que desse segurança ao doador de que os recursos que ele entregou serão bem geridos e bem aplicados.

Se o Museu Nacional dispusesse de um Fundo Patrimonial Filantrópico, teria sido muito, mas muito mais fácil fazer doações para sua recuperação. Aliás, caso ele tivesse esse Fundo, o mais provável é que nunca chegasse ao ponto que chegou, porque teria os recursos necessários para a manutenção do prédio e do acervo.

A nossa Lei dos Fundos Patrimoniais é fruto, entre outros, de sete anos de trabalho de advocacy do IDIS e de parceiros, que contribuíram com apoio técnico, redigindo propostas de lei e recomendando melhorias, assim como fazendo articulações para que o processo avançasse no Congresso. O resultado é uma Lei com ampla abrangência de causas e que pressupõe uma governança clara e transparente.

Para nossa satisfação, percebemos que essa conquista está sendo reconhecido até fora do Brasil. Na segunda semana de abril, a diretora-presidente do IDIS viajou até Moscou, onde foi convidada a apresentar o case da criação da Lei dos Fundos Patrimoniais no Brasil, em um evento da Fundação Vladimir Potanin, uma das mais antigas organizações filantrópicas da Rússia.

Paula Fabiani em palestra na cidade de Moscou

 

Democracia e Filantropia no Global Philanthropy Forum

Por Paula Fabiani
Diretora-Presidente do IDIS

O tema do Global Philanthropy Forum não poderia ser mais adequado: a discussão sobre como a filantropia pode desempenhar um papel relevante no fortalecimento da confiança na democracia, em tempos tão turbulentos como os atuais. Estive no Fórum, entre os dias 1 e 3 de abril, em San Franciso, no EUA, e quero compartilhar com os leitores algumas reflexões.

A primeira delas, e talvez a mais séria é que a democracia é frágil e pode ser substituída como podemos ver em muitas partes diferentes do mundo. E a democracia está sendo usada para enfraquecer a própria democracia. O pluralismo está em risco. Respeitar as diferenças e a abertura ao diálogo é a chave para um ambiente positivo. Parece que perdemos a capacidade de escutar diferentes visões, e estamos, cada vez mais polarizando e rotulando pessoas, movimentos e sociedades. Vivemos em tempos de prevalência de ódio e exclusão, com a intensificação da migração. Como apontado por um integrante de um painel, “infelizmente o ódio se espalha muito mais rápido que o amor”. E com as pessoas usando as mídias sociais para espalhar o ódio e as falsas mensagens, ficou muito mais fácil e barato.

Como podemos lidar com essas tendências? Como a filantropia pode contribuir para reforçar a democracia?

A imprensa livre e as instituições fortes são vitais, mas a participação de todos é obrigatória se queremos defender a democracia. A filantropia tem a liberdade de usar seus recursos para nos unir para fortalecer os ambientes democráticos.

O Global Philanthropy Forum trouxe exemplos interessantes, algumas novidades e outras não, como o Luminate Group e o K-Monitor, fazendo uso da tecnologia para o bem, a Latin American Leadership Academy, Wave e Mobdium – Creative Youth e a importância de desenvolver uma nova geração de líderes , o Dia de Doar (Giving Tuesday) e as possibilidades de usar o novo poder que emerge na era digital, além de muitos outros.

Com tais esforços e pensamentos inovadores e positivos, o sentimento no Fórum era de que podemos ter esperança. Relacionamentos podem curar o ódio. Histórias comuns podem criar movimentos, podem reconstruir a confiança. Mais do que nunca, os indivíduos têm o poder de mudar a realidade de maneira positiva. Mais do que nunca, as organizações estão se unindo para desenvolver soluções comunitárias e aumentar o volume das vozes dos excluídos. Há muito a ser feito, mas há muitos dispostos a fazer.

Fundos Patrimoniais: Novas Possibilidades

O livro ‘’Filantropização via Privatização’’, escrito pelo Professor Lester Salamon, da Johns Hopkins University, traduzido pelo IDIS, propõe um debate sobre a utilização de recursos oriundos dos processos de privatização para o desenvolvimento da Filantropia. Eles poderiam ser utilizados para produzir um Fundo Patrimonial, por exemplo, uma forma de garantir a sustentabilidade das organizações.

No dia 09 de maio, o professor Lester Salamon estará em Brasília no evento ‘Fundos Patrimoniais: Novas Possibilidades’. Além de compartilhar sua perspectiva, haverá um debate sobre a nova Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, sancionada em janeiro deste ano. Esta é uma iniciativa do IDIS, com co-realização do BNDES e apoio institucional do PLKC Advogados, APF, CEBRAF, GIFE, Humanitas 360 e Levisky Legado.

O IDIS coordena, desde 2012, uma campanha de advocacy em prol da regulamentação dos Fundos Patrimoniais. Em 2018, mobilizou a criação da Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, um grupo de organizações e pessoas que apoiam o fortalecimento do tema no Brasil. Esta iniciativa integra a agenda da Coalização, que terá representantes no evento.

O debate acontecerá segundo a programação abaixo:

14h00
Boas-vindas

Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS
Felipe Sigolo, Secretário-Executivo adjunto do Ministério da Cidadania

Representantes da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos

Aline Viotto, GIFE
Luciane Gorgulho, BNDES
Priscila Pasqualin, PLKC Advogados
Ricardo Levisky, Levisky Legados

14h30
Fundos Patrimoniais: Novas Possibilidades

Apresentação:
Lester Salamon, professor da Johns Hopkins University

Debatedores:
Eliane Lustosa, diretora de investimento do BNDES
José Sabo Paes, procurador de Fundações do Ministério Público do DF
Roberto Waack, diretor-presidente da Fundação Renova

Moderação:
Marcos Kisil, fundador do IDIS

15h45
Fundos Patrimoniais: Reflexões sobre a Nova Legislação

Debatedores:
Augusto Hirata, pesquisador da FGV
Fabrício Brollo, gerente do Depto de Educação e Cultura do BNDES
Priscila Pasqualin, sócia do PLKC Advogados

Moderação:
Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS

16h45 Encerramento

Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS

O evento é gratuito, sujeito à disponibilidade.

Para participar, envie sua confirmação para o e-mail: comunicação@idis.org.br

 

Fundos Patrimoniais: Novas Possibilidades

Data: 09 de maio de 2019

Local: Auditório do IPEA – SBS – Quadra 1 – Bloco J – Ed. BNDES

Horário: 14h às 17h

 

Impactos positivos do Programa Guri e EMESP Tom Jobim são comprovados em projeto realizado pelo IDIS

Em setembro de 2018, o IDIS iniciou a avaliação SROI (Social Returno On Investment) do Programa Guri e da Escola de Música do Estado de São Paulo Tom Jobim (EMESP Tom Jobim), ambos sob a gestão da Santa Marcelina Cultura, em parceria com o governo do Estado de São Paulo.

De que forma um projeto social contribui para a sociedade? O projeto cumpre efetivamente com o objetivo proposto? É capaz de gerar transformações sociais sustentáveis?

São essas perguntas que o SROI busca responder.

O SROI é um método de avaliação que tem como objetivo mensurar o valor social produzido por um projeto. Em outras palavras, ele busca traduzir em valores monetários as transformações sociais geradas por determinada ação, de modo a identificar se o investimento está, de fato, contribuindo com transformações positivas na sociedade e retornando, em valor social, o investimento realizado.

O Programa Guri, que já atendeu cerca de 26 mil jovens entre 2016 e 2018, oferece formação musical e inclusão sociocultural para crianças e jovens de regiões periféricas da Grande São Paulo, desenvolvendo o seu potencial humano e artístico e fortalecendo o seu papel como cidadãos conscientes e críticos.

Durante a avaliação, contatou-se que a cada R$1 investido no Programa Guri, R$6,53 são gerados em valor social, um resultado muito positivo que reafirma a amplitude das transformações geradas pelo programa e a sua relevância para a sociedade.

Já a EMESP Tom Jobim, referência no ensino brasileiro de música, é uma Escola que forma crianças, jovens e adultos e oferece aos estudantes a oportunidade de se apresentarem em conservatórios renomados e aprender com grandes nomes da música nacional e internacional. A Escola é reconhecida pela qualidade de seu ensino e por promover a difusão artística por meio de seus grupos como a Orquestra Jovem do Estado, a Orquestra Jovem Tom Jobim, a Banda Sinfônica Jovem do Estado, dentre outros.

Entre 2016 e 2018, A EMESP Tom Jobim atendeu mais de 3.000 alunos e o estudo de avaliação de impacto social evidenciou resultados bastante positivos: a cada R$ 1,00 investido na Escola, R$ 3,27 são gerados em benefícios para a sociedade.

Com base no modelo de avaliação SROI, uma organização é capaz de compreender a performance de seus projetos, alinhar-se com seu objetivo e orientar sua estratégia de modo que consiga alcançar impactos cada vez mais relevantes. Trata-se, dessa forma, de uma ferramenta que promove o aprimoramento de projetos sociais e, consequentemente, a transformação positiva da sociedade.

Jovens do Programa Guri

IDIS avalia impacto social do Programa Guri

Ao longo de 2018, o IDIS realizou um estudo de avaliação de impacto social do Programa Guri Capital e Grande São Paulo, uma iniciativa de educação musical e inclusão social que, nesta região, é gerida pela Santa Marcelina Cultura. O estudo seguiu a metodologia SROI (Retorno Social sobre o Investimento), e apresentou resultados muito positivos: para cada R$ 1 que a Secretaria de Cultura e Economia Criativa investe no Programa Guri Capital e Grande São Paulo, são gerados R$ 6,53 em benefícios para a sociedade.

Atualmente, na Grande São Paulo, cerca de 26 mil jovens de 6 a 18 anos participam do Programa, cujas unidades se concentram em regiões periféricas e de alta vulnerabilidade social. Durante a avalição, o IDIS teve a oportunidade de conversar com alunos, ex-alunos, familiares e professores do GURI, e mensurar indicadores concretos sobre o impacto social percebido por eles. Os comentários foram unânimes: o GURI é mais do que um programa de formação musical – é uma ferramenta para a criação de uma sociedade mais justa e mais inclusiva.

Apresentação da Orquestra Sinfônica Infanto Juvenil, do Guri da Santa Marcelina Cultura, com regência de Diego Guzmán, dia 21/07/2018 no Teatro do Ceu São Mateus. Fotos de Roberta Borges.

Aprendendo sobre Filantropia Comunitária em Berlim

Entre 26 de Fevereiro e 1 de Março, Raquel Altemani, nossa gerente de Projetos, esteve em Berlim, capital da Alemanha, acompanhando um workshop promovido pela Mott Foundation* com o objetivo de promover o conceito e a prática de Fundações Comunitárias no mundo.

Estavam no evento, além da equipe da Mott, 22 representantes de organizações da sociedade civil, consultores e pesquisadores de 20 diferentes nacionalidades, envolvendo América Latina, África e Europa, que foram contratados pela fundação para desenvolver uma investigação em seus países com o intuito de responder duas perguntas.

Com base no resultado dessa pesquisa, a Mott espera ser capaz de selecionar alguns dos países como alvo de uma iniciativa de fomento às Fundações Comunitárias. O workshop marcou a início desse trabalho e, para contribuir com os pesquisadores, a Mott convidou pessoas e organizações que já receberam grants no passado para desenvolver Fundações Comunitárias em seus países e tiveram sucesso.

A escolha dos participantes do workshop priorizou países onde a Mott ainda não possui nenhuma iniciativa em curso. O Brasil, representado pelo IDIS, não é um deles, uma vez que a Mott já atua aqui. Mesmo assim, o IDIS foi convidado a participar para se aprofundar no tema e para trocar experiências com os demais participantes.

Em 2018 o IDIS conduziu uma pesquisa, em parceria com Mott, para mapear organizações no estado de São Paulo que desenvolvessem projetos sociais baseados em engajamento comunitário. O objetivo desse projeto foi compreender melhor o perfil dessas organizações e explorar, junto a elas, possíveis estratégias para estimular o crescimento e fortalecimento de iniciativas de Filantropia Comunitária no Brasil. Os resultados dessa pesquisa serão compartilhados em uma publicação a ser lançada pelo IDIS ainda em 2019.

“Para mim, foi uma grande oportunidade participar desse workshop porque pude conhecer pessoas muito experientes no campo da filantropia comunitária, que compartilharam conosco não apenas os casos que deram certo, mas também os erros e as dificuldades” conta Raquel. “Além disso, tivemos a possibilidade de conhecer dirigentes de algumas das Fundações Comunitárias de Berlim e de visitar alguns dos projetos conduzidos por elas”, conclui.

(*)A Mott Foundation é uma fundação norte americana com sede em Flint-Michigan que vem trabalhando desde 1926 para fortalecer comunidades ao redor do mundo. A organização conta com um fundo patrimonial de mais de 3 bilhões de dólares e tem uma expressiva atuação como grantmaker – ao longo de sua história, já investiu mais de 3,2 bilhões em organizações de 62 países.

 

O que é Filantropia Comunitária
No conceito da Mott Foundation, Fundações Comunitárias são organizações filantrópicas com uma agenda ampla e múltipla de causas que contribuem para o desenvolvimento comunitário, comprometidas com resultados de longo prazo e focadas em uma área geográfica específica. Seu objetivo é melhorar a vida das pessoas da região onde atua por meio da mobilização e distribuição de ativos locais e da atração de investidores. São organizações que funcionam como um veículo para o exercício da cidadania dos moradores locais, já que criam espaço para debate sobre as prioridades locais e para a tomada de decisão sobre o uso dos recursos captados. De acordo com James Magowan, Diretor da European Community Foundation Initiative, que foi um dos palestrantes do workshop, as Fundações Comunitárias atuam dentro do modelo de “bounding, bridging & linking”, ou seja, possuem um papel articulador que estimula e promove laços, pontes e conexões entre os diversos atores de uma comunidade.

Mosaic Fertilizantes lança o ‘’Edital da Água’’, com apoio técnico do IDIS

 

Em março (22) foi comemorado o Dia Mundial da Água, um dos recursos naturais mais importantes do mundo.

Pensando na relevância da água, a Mosaic Fertlizantes, uma das maiores produtoras globais de insumos para a produção agrícola, lançou o ‘’Edital da Água’’, com apoio técnico do IDIS.

O objetivo é valorizar e incentivar boas práticas de gestão de recursos hídricos com o apoio aos  projetos focados na disponibilidade de água de qualidade para as futuras gerações.

Dez instituições vão ser escolhidas, sendo oito com prêmios de até R$ 32 mil cada e duas com prêmios de até R$ 52 mil cada.

Podem se inscrever projetos realizados nas seguintes cidades, onde há atuação da Mosaic: Paranaguá (PR); Cajati (SP); Catalão, Ouvidor e Rio Verde (GO); Capela, Rosário do Catete, Japaratuba, General Maynard e Barra dos Coqueiros (SE), Patos de Minas, Patrocínio, Araxá, Tapira, Conquista, Sacramento, Delta e Uberaba (MG); Campo Grande (MS); Sorriso, Rondonópolis e Alto Araguaia (MT); Candeias (BA) e Rio Grande (RS).

Para mais informações e inscrições que, poderão ser realizadas até o dia 22 de abril de 2019, acesse: www.mosaicco.com.br/edital

Flora, a campeã do Descubra sua Causa!

A campanha ‘Descubra sua Causa’, lançada em dezembro pelo IDIS continua a pleno vapor.

Durante os dois primeiros meses de 2019, dois personagens se destacaram por saírem mais vezes nos resultados dos respondentes do teste.

Nelson, o personagem que liderou nas primeiras semanas de campanha (mantinha em média 40% das respostas) sofreu uma virada para a segunda colocada, Flora, que agora está na frente com 37% das respostas enquanto ele detém 35%.

E o que isso significa? Que a principal causa de quem respondeu o teste é: meio-ambiente, seguida de desenvolvimento sustentável, equidade e justiça social.

E você? É mais Nelson ou mais Flora? Ou será que nenhum dos dois? Afinal, ainda temos o Yama, Beto e Catarina que também lutam por importantes causas em prol de uma sociedade melhor.

Faça o teste e descubra sua causa: www.descubrasuacausa.net.br

 

Artigo de Paula Fabiani, em parceria com Rhodri Daves, é destaque em publicação da Universidade de Stanford

A Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, aprovada em janeiro (4) continua conquistando espaço e mostrando sua importância.

Foi publicado no boletim Stanford Social Innovation Review, um veículo voltado a filantropia e mudanças sociais, um artigo escrito pela diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, e pelo líder do Giving Thought da Charities Aid Foundation (CAF), Rhodri Daves.   

O artigo explica como essa lei pode fortalecer a filantropia no Brasil. Uma vez que dá maiores segurança para os doadores e também promove a visão de sustentabilidade no longo prazo para causas e organizações.

Paula e Rhodri também contam como foi o trabalho de seis anos de advocacy para a regulamentação dos Fundos Patrimoniais e como a formação da Coalizão pelos Fundos Filantrópicos e a adesão de novos parceiros acelerou o processo.

Para ler o artigo completo (em inglês) acesse o link.

Internalizando o Design Thinking

O IDIS usa diversos instrumentos para facilitar reuniões, estimular o pensamento criativo, aumentar a integração e produzir boas ideias. Um desses instrumentos é o Design Thinking – que muitos definem como uma ‘forma de pensar’ -, e que o IDIS aplica quando desenvolve projetos junto com parceiros.

Mas, nesse começo de ano, decidimos que o Design Thinking merecia ser incorporado na gestão do próprio IDIS. Para isso, fizemos uma oficina de capacitação com a presença de toda a equipe.

O treinamento, oferecido gentilmente pela consultora Bianca Ferreira, teve duração de um dia e contou com o envolvimento entusiasmado de todos, especialmente dos mais jovens.

Aproveitamos a ocasião para desenvolver o embrião de um novo produto, voltado para o investimento social familiar, que será lançado em breve.

Descubra sua Causa atinge 1,5 milhão de pessoas

A campanha ‘Descubra sua Causa’, lançada em dezembro pelo IDIS, alcançou, em 45 dias, 1,5 milhão de pessoas. 

Inicialmente, a meta era conseguir a marca de 1 milhão de pessoas alcançadas em 90 dias, mas, chegamos lá na metade do tempo.

Queremos agradecer aos parceiros, que nos ajudaram a divulgar a Campanha, assim como aos veículos que exibiram o anúncio gratuitamente: Canal Futura, Revista Carta Capital, Revista Sorria, TV Cultura e TV Globo.

A ótima resposta a campanha indica que o brasileiro se interessa por saber mais a respeito das causas.

Não fez o teste ainda? Acesse www.descubrasuacausa.net.br e se junte aos mais de 50 mil brasileiros que já descobriram sua causa.

O Nelson, Flora, Catarina, Yama e Beto esperam por você, descubra sua causa e comece a contribuir com ela e para um país melhor!

A Campanha Descubra sua Causa não seria possível sem o apoio da Charities Aid Foundation, da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, do Instituto C&A e do Instituto Cyrela. 

 

CAF publica artigo sobre Lei dos Fundos Patrimoniais no Brasil

”Oito anos trabalhando por uma legislação que possibilite mais solidariedade”

Por: Eva Astreinidou

Tradução: IDIS

Ver um Projeto de Lei ser aprovado pode ser um longo e árduo processo, e mesmo que leve uma década, o final pode ainda ser bem-sucedido.

Nosso parceiro no Brasil, o IDIS, começou o debate sobre a regulamentação dos Fundos Patrimoniais em 2011, realizando advocacy sobre os benefícios desse instrumento e construindo relações com o governo e organizações não-governamentais para chegar ao resultado final.

Mas o caminho para a aprovação da Lei foi cheio de surpresas – e com a posse do novo presidente do país, Jair Bolsonaro, neste ano, havia algumas incertezas sobre se a legislação veria a luz do dia.

Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS

Apesar da campanha controversa, Bolsonaro sancionou a relevante medida provisória em seu quarto dia no governo, transformando-a oficialmente em ‘Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos’

Isso cria, pela primeira vez no Brasil, um instrumento financeiro legal de Fundos Patrimoniais que podem sustentar instituições e projetos voltados ao interesse público (educação, ciência, cultura, saúde, meio-ambiente, entre outros)

Após o trágico incêndio, que dizimou 90% da coleção do Museu Nacional Brasileiro, e com uma incerteza sobre o financiamento de organizações sem fins lucrativos, esse projeto de lei era mais importante do que nunca.

“Nós estamos muito otimistas sobre os efeitos da nova legislação, ela reflete como os brasileiros estão percebendo a importância de dar sustentabilidade no longo prazo para organizações e iniciativas culturais e do meio ambiente”, disse a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani.

Preparando o terreno

Fundo Patrimonial é um mecanismo comumente utilizado por filantropos e organizações da sociedade civil ao redor do mundo, mas até pouco tempo atrás nenhuma legislação regulamentava os Fundos Patrimoniais no Brasil, o que trazia insegurança para os doadores.

Para conseguir apoio em todo o Brasil, o IDIS desenvolveu uma estratégia de advocacy e promoveu pesquisas para demonstrar como a Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos poderia beneficiar uma grande variedade de causas e organizações sem fins lucrativos.

A equipe organizou diversas reuniões com representantes no Congresso e autoridades relevantes no Ministério da Cultura, Educação, Câmara dos Deputados e Senado para construir parcerias significativas com o governo.

O IDIS e seus parceiros também promoveram um grande número de eventos para aumentar a conscientização e manter engajamento no debate.

Por fim, a equipe do IDIS conseguiu criar um movimento, reunindo todos os principais parceiros para formar um grupo de advocacy, a Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos.

Formado por mais de 60 organizações, incluindo o Museu Nacional Brasileiro, a Coalizão foi lançada no Congresso Nacional e foi crucial para a aprovação da Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos.

A nova legislação reforça a transparência com o que os recursos devem ser usados, e estabelece um conceito similar a um Trust, uma entidade a parte, criada com o único propósito de gerir e proteger os Fundos Patrimoniais de potenciais fraudes.

Com essas regras, as doações para Fundos Patrimoniais estão melhor protegidas no longo prazo e os doadores podem contar com um melhor ambiente legal para doações via Fundos Patrimoniais Filantrópicos.

Linha do Tempo

– 2011: IDIS lança o livro Fundos Patrimoniais, Criação e Gestão no Brasil com o apoio da Fundação Vale e da Fundação Ford. Esse foi o primeiro livro sobre o assunto no Brasil. Até hoje, o livro serve como referência para organizações, filantropos, acadêmicos, gestores de fundos e reguladores.

– 2012 & 2013: IDIS estabelece o Grupo de Estudos sobre Fundos Patrimoniais. Durante esse período, foram realizadas quatro reuniões em parceria com a Associação Brasileira de Fundações (APF), GIFE, também com o Grupo de Endowments do Brasil e o JP Morgan. O Grupo de Estudos sobre os Fundos Patrimoniais reuniu 90 membros (incluindo advogados, executivos do terceiro setor, procuradores públicos, acadêmicos, entre outros) com o objetivo de escrever uma proposta de lei para o tema.

– 2016
• O IDIS desenvolve três guias com conceitos e orientações para implementação de Fundos Patrimoniais. Esse trabalho é realizado em parceria com a Levisky Negócios & Cultura, PLKC Advogados, BNDES, Petrobras e Caixa Econômica Federal.
• IDIS faz a tradução do livro ‘’Filantropização via privatização”* (PtP). PtP é um modelo que prevê a utilização de parte dos recursos provenientes de processos de privatização e da devolução de dinheiro desviado por corrupção ou lavagem, entre outros, para criação ou expansão de fundações filantrópicas e/ou um fundos patrimoniais, trazendo novos recursos significativos, no longo prazo, para resolver os problemas sociais, econômicos e ambientais.

-2018 – Um incêndio destrói mais de 90% da coleção do Museu Nacional Brasileiro – o prédio não tinha seguro, além da perda do acervo. Esse incidente foi determinante para que Michel Temer, o presidente na época, assinasse uma Medida Provisória para garantir que museus, e outras organizações não-governamentais, se beneficiassem do mecanismo dos Fundos Patrimoniais para garantir a sustentabilidade no longo-prazo. A Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos foi instituída.

Fundos Patrimoniais no mundo

Alguns dos maiores Fundos Patrimoniais Filantrópicos no mundo são encontrados nos Estados Unidos e no Reino Unidos. Alguns exemplos são: Fundação Bill & Melinda Gates (um fundo patrimonial de mais de 40 bilhões de dólares), Universidade de Harvard (avaliado em 37 bilhões de dólares), e o fundo patrimonial Wellcome Trust (avaliado em mais de 27 bilhões de dólares).

Em economias emergentes, alguns exemplos incluem os Emirados Arábes Unidos, com a Fundação Mohammed Bin Rashid Al Maktoum e com a Fundação Azim Premji, ambas com fundo patrimonial de 10 bilhões de dólares.

IDIS e a Aliança Global da CAF

O IDIS é parte da Aliança Global da CAF, uma rede de nove organizações locais, independentes que estão espalhadas pelos 6 continentes.

Há mais de 25 anos, a Aliança Global e sua presença internacional conduz avanços e mudanças sociais que tiveram um efeito positivo na vida de milhões de pessoas e comunidades em situação de vulnerabilidade.

Em seu núcleo, a Aliança Global trabalha para ajudar no fortalecimento da sociedade civil pelo mundo todo, como parte da Charities Aid Foundation, uma organização campeã ajudar doadores, empresas e organizações a terem maior impacto.

*Livro escrito por Lester Salomon

 

Versão original (em inglês)

 

As novas gerações de brasileiros são mais engajadas e doam mais

As novas gerações de brasileiros são mais engajadas, e doam mais, aponta o Country Giving Report 2018, o mais recente estudo sobre a doação individual no Brasil realizado pela Charities Aid Foundation (CAF) e  lançado nesta quarta-feira, dia 6 de fevereiro, pelo IDIS.        

O estudo mostra que pessoas entre 25-34 anos doaram mais dinheiro do que as pessoas com mais de 55 anos (75% vs 64%). Além disso, o estudo também constata que a faixa etária 18-24 anos é a que percebe mais o impacto positivo da atuação das organizações da sociedade civil no Brasil (85% vs 73% da média geral).

Sendo assim, é possível notar no estudo que com o passar dos anos, a cultura de doação tende a crescer, já que os jovens estão cada vez mais engajados. “É fantástico ver tantos brasileiros dispostos a doar seu tempo e dinheiro para aqueles que mais necessitam.”, afirma Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS.

As principais descobertas do estudo são:

– 7 em cada 10 pessoas, ou seja, 70% realizou uma doação em dinheiro nos últimos 12 meses, tanto para alguma organização sem fins lucrativos/caridade, para uma igreja ou organização religiosa, ou doando para uma outra pessoa.

– Doações em dinheiro são as mais populares, 68% das pessoas fizeram doações dessa forma

– Aproximadamente 8 em 10 pessoas disseram ter realizado alguma atividade de doação nos últimos 12 meses, sendo a mais comum doar dinheiro para a igreja ou alguma outra organização religiosa.

– A principal razão que leva os brasileiros a doarem é se sentir bem sobre eles mesmos (metade dos doares disseram isso), se importam com a causa (42%) e vontade de ajudar os mais necessitados (40%) como principais razões para doar.

– 76% dos entrevistados afirmaram que as doações têm um impacto positivo internacionalmente; uma proporção similar de pessoas disse que as doações têm impacto positivo nas comunidades locais e no Brasil como um todo (73%).

Para ler o relatório completo, acesse o link

Educação para o trabalho e para a vida: história de uma avaliação de impacto

No ano passado, o IDIS teve a oportunidade de aplicar a metodologia Social Return on Investment (SROI) para avaliar o impacto de diversos projetos sociais.

Raquel Altemani realizando um grupo focal com alunos do CEAP

Um deles foram os Cursos Técnicos do Centro Educacional Assistencial Profissionalizante, mais conhecido como CEAP. A organização esperava que, caso a avaliação se mostrasse positiva, poderia contribuir para a arrecadação de recursos para seu recém-criado Fundo Patrimonial Filantrópico.

Técnico e humano Apesar da palavra ‘profissionalizante’ constar no nome da organização, a verdade é que, desde meados da década de 1980, os cursos do CEAP se propõem não só a preparar jovens em situação de vulnerabilidade para terem uma profissão, senão para que também consigam conduzir suas próprias vidas e contribuir para a sociedade.

Esse diferencial representou um grande desafio para o IDIS porque exigiu, além da mensuração do impacto no campo profissional, também a avaliação dos efeitos em termos de desenvolvimento humano, que envolve aspectos muito mais subjetivos.

Um dos pontos importantes do processo realizado pelo IDIS foi a construção de uma Teoria de Mudança dos Cursos Técnicos que indique claramente quais as transformações sociais pretendidas e os objetivos de longo prazo da iniciativa. Raquel Altemani, gerente de Projetos do IDIS, que liderou os trabalhos com o CEAP, pôde constatar, em parceria com as principais lideranças da organização, que os Cursos Técnicos buscam impactar os alunos em quatro eixos de mudança.

  • Formação técnica de excelência;
  • Ética e responsabilidade na relação com famílias, amigos e sociedade
  • Habilidades sociais desenvolvidas;
  • Perspectivas de futuro e disposição para perseguir objetivos.

A Teoria de Mudança foi a base para as etapas seguintes, de conversas com grupos focais e aplicação de questionário para coleta de dados qualitativos e quantitativos com os principais stakeholders.

Medindo transformações O próximo passo foi a montagem do modelo de cálculo do SROI, que compara o impacto positivo gerado com o volume total de recursos aplicados. Este é o momento mais desafiador porque exige que o avaliador consiga transformar mudanças e impactos abstratos em bens e serviços com valores mensuráveis e monetários.

Mas a ferramenta SROI oferece diversas alternativas e soluções para essa transformação e o resultado final da comparação dos recursos investidos versus os impactos positivos gerados foi muito positiva.


O CÁLCULO APONTOU QUE

PARA CADA R$1,00 APLICADO NOS CURSOS PROFISSIONALIZANTES DO CEAP,

R$3,00 SÃO GERADOS EM IMPACTO SOCIAL POSITIVO


“Trabalhar com o IDIS e aplicar o SROI foi uma grande oportunidade de entender melhor a percepção dos alunos, antigos alunos e das famílias sobre os cursos e sobre o CEAP” avalia Gustavo Henrique Pena de Castro, gerente de Desenvolvimento Institucional do CEAP.  “O resultado alcançado é muito significativo com um impacto oferecido à sociedade de extrema relevância. Esse resultado só nos motiva a melhorar ainda mais a Educação oferecida e atender ainda mais pessoas!”, conclui.

O levantamento mostrou que os alunos do CEAP conseguem continuar os estudos por mais tempo do que a média normal de sua região (periferia da Zona Sul da cidade de São Paulo), o que acaba por se refletir em progressão de carreira e aumento de renda.

Cuidados individuais e familiares Um importante elemento do curso, que contribuiu muito para o resultado positivo é o CEAP faz com que cada aluno tenha um preceptor, que mantém conversas individuais com ele, sobre os mais variados assuntos, desde orientação de carreira até relacionamento com a família e os amigos.

Além disso, a família também precisa se engajar na formação dos jovens, já que devem comparecer oito encontros por ano, anuais visando ajudá-los a desempenhar melhor a missão de orientar seus filhos. As amizades, a questão das drogas, a formação do caráter e a gestão do orçamento familiar são exemplos de assuntos abordados nesses encontros. Os cursos têm dois anos de duração, o que representa 16 formações voltadas para os familiares no total.

O IDIS parabeniza o CEAP pela excelência de seu trabalho, fazendo votos que os bons frutos comprovados na avaliação sejam revertidos em recursos para o novo Fundo Patrimonial Filantrópico.

Aproveitamos a ocasião para publicar alguns depoimentos espontâneos de alunos e ex-alunos, que ratificam os resultados da avaliação de impacto.


“Formação humana é o grande diferencial do CEAP”

“Tem ótima infraestrutura: diferente de qualquer outra escola”.

“No CEAP me ensinaram que, mesmo que eu escolha o melhor caminho, haverá dificuldades e eu preciso saber lidar com isso”.

“Eu me recordo todos os dias do CEAP e não tem como mensurar o quanto foi positivo para mim. Todos os envolvidos estão permanentemente empenhados com a excelência contínua, fazendo com que eu não tenha o que comentar para melhorar algo que para mim já é excelente em tudo o que faz”.


Brumadinho: e depois da comoção?

IDIS propõe que parte dos recursos arrecadados com a punição às empresas seja destinado ao Fundo Patrimonial Filantrópico de apoio à comunidade afetada

Sobrevoo da região atingida pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho/MG.

Quando acontece uma tragédia, como o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, todos as atenções se voltam para lá. As perdas humanas e ambientais são tão grandes, que todos levamos um tempo até acreditar que possa ter acontecido, que é verdade, e, pior ainda, que é a segunda vez que esse tipo de acidente acontece no Brasil em três anos.

Todos queremos ajudar, fazer qualquer coisa para aliviar o sofrimento das vítimas e suas famílias. E queremos acompanhar todas as notícias na esperança de saber que a situação já está, nem que seja um pouquinho, melhorando.

Porém, o tempo passa, a vida cotidiana vai retomando o seu lugar e, aos poucos, as cicatrizes daquele susto imenso vão se fechando. Os noticiários já não falam tanto e outros fatos começam a chamar a atenção popular. Isso aconteceu no caso da tragédia em Mariana.

E chega o momento que deixamos de acompanhar o que está acontecendo em Brumadinho e voltamos a viver nossas vidas. É normal que isso aconteça com quem não tem uma ligação direta com o desastre, mas isso não quer dizer que a comunidade e o meio ambiente em Brumadinho tenham deixado de precisar de atenção, de cuidados e de apoio para se reconstruírem.

Por isso, este é o momento de se criar uma estrutura definitiva para cuidar das vítimas e da comunidade marcada por essa tragédia. Este é o momento em que existem os recursos necessários para o estabelecimento de um Fundo Patrimonial Filantrópico, cujos rendimentos serão sempre destinados a garantir que a comunidade de Brumadinho tenha toda a ajuda necessária para se recuperar da catástrofe e reencontrar formas de se reerguer. Que serão destinados a garantir que os melhores esforços e técnicas serão usados para que a flora e fauna da região sejam reconstituídas e preservadas. Que serão destinados a evitar que essa população volte a correr riscos como este.

O IDIS, como uma das organizações que trabalhou muito pela regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil, convida a sociedade e as autoridades de Brumadinho a discutir a possibilidade de que uma parcela dos recursos arrecadados com as multas aplicadas à(s) empresa(s) responsável(is) pelo rompimento da barragem sejam destinados a um fundo que não deixe que esta comunidade seja esquecida jamais.

Contato: comunicacao@idis.org.br

Paula Fabiani tem artigo destaque na Alliance Magazine!

A Aprovação da Lei dos Fundos Patrimoniais foi destaque na mais relevante revista sobre Filantropia, a Alliance Magazine.

Em tradução livre: Jair Bolsonaro rouba as manchetes, mas algo maravilhoso acaba de acontecer na política brasileira

Para falar dessa grande conquista do Brasil, a revista publicou um artigo escrito pela diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani.

O artigo mostra como essa aprovação pode ser positiva para o país, trazendo maiores possibilidades de investimento social, beneficiando a vida de milhares de brasileiros.

Para ler o texto completo (em inglês) basta clicar aqui.

Já atingimos mais de um milhão de pessoas!

Em dezembro de 2018, o IDIS lançou a Campanha ‘Descubra sua Causa’, que têm como objetivo divulgar a Cultura de Doação em nosso país.

Em pouco tempo a campanha se espalhou pelas mídias digitais e já atingiu mais de um milhão de pessoas!

E como a Campanha pretende aumentar a Cultura de Doação?

Através de um teste bem simples e rápido, no qual você responde a perguntas tais como “qual manchete te deixa mais feliz?” ou “com qual personagem você mais se identifica?”. Ao final do teste, você vai descobrir qual é sua causa, através de um dos cinco personagens que adoram defender suas próprias causas. Além disso, você também vais saber quais são os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU, que estão ligados à sua causa e baseado nas respostas, vai receber sugestões de organizações que pode ajudar.

Nossos cinco personagens são a Flora, o Beto, o Nelson, a Catarina e o Yama. Cada um deles tem uma (ou mais) diferentes causas, a Flora, por exemplo atua na defesa do meio ambiente e na proteção dos animais. O Beto é preocupado com a acessibilidade e a mobilidade urbana, o Nelson luta contra a desigualdade racial, social, de todos os tipos, a Catarina, por sua vez é cientista e apoia organizações que promovam acesso à ciência e tecnologia. Por fim, o Yama, apoia a causa da geração de emprego e renda.

O resultado final do teste é uma combinação entre um personagem e um ambiente, que pode ser a floresta, cidade, sala de aula, laboratório ou co-working.

Em quase 2 meses de campanha, o personagem preferido dos brasileiros é o Nelson.

Ainda não fez o teste e gostaria de saber qual é a sua causa e ajudar organizações que contribuam com ela? Acesse aqui e não deixe de participar dessa grande campanha em prol de um país cada vez mais solidário!

Da esquerda para direita: Nelson, Flora, Yama, Catarina e Beto

 

 

A aprovação da Lei dos Fundos Filantrópicos e sua repercussão

No dia 4 de janeiro desse mês, foi sancionada pelo Presidente da República a Lei dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, um recurso que têm se mostrado eficaz mundialmente para mobilizar recursos filantrópicos.

Os Endowments, como também são conhecidos, tem como principal função garantir a sustentabilidade de longo prazo de organizações, que recebem doações e financiam causas de interesse público. 

O IDIS atua pela regulamentação dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos no Brasil desde 2012. Trabalhou para colocar o tema na agenda política do Congresso, contribuiu para a redação do Projeto de Lei, sugeriu melhorias no texto que foi aprovado na Câmara, participou de audiências públicas, e cobrou o andamento das votações.

Em junho de 2018, o IDIS liderou a criação da Coalizão pelos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, que, atualmente, conta com mais de 60 organizações.

A partir da aprovação da lei, que ganhou o número 13.800/2019, o IDIS acredita que os doadores se sentirão mais seguros para investir em Fundos Patrimoniais Filantrópicos e contribuir para a sustentabilidade de organizações sabendo que os recursos serão sempre destinados para a causa que escolheram.

A aprovação de uma lei dessa magnitude, repercutiu em grandes veículos da imprensa, como Folha, Veja*, e até mesmo em um artigo na revista Alliance Magazine (link para a reportagem), entre outros.

Para conhecer todos os detalhes da Lei, clique aqui e acesse a íntegra.

*A reportagem da Veja está disponível apenas para assinantes

Fundos Patrimoniais Filantrópicos passam a ter lei própria

Também conhecidos como Endowments, os Fundos Patrimoniais Filantrópicos são fundos criados para garantir a sustentabilidade de longo prazo de organizações, que recebem doações e financiam causas de interesse público.

Após o lamentável incêndio do Museu Nacional em setembro de 2018, o então Presidente da República, Michel Temer, assinou a Medida Provisória 851/2018 para permitir que instituições públicas recebam doações da sociedade e para regulamentar a criação dos fundos patrimoniais filantrópicos. Entre as áreas de destinação previstas estão educação, ciência, tecnologia, pesquisa e inovação, cultura, saúde, meio ambiente, assistência social, esportes, direitos humanos e segurança pública.

A partir da lei, aprovada na última sexta-feira (4), novas figuras jurídicas específicas devem ser criadas para gerir os recursos desses fundos, sendo responsável pelo repasse dos rendimentos às instituições apoiadas – sejam públicas ou privadas.

O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social lidera a Coalizão dos Fundos Filantrópicos, que reúne pessoas e organizações que apoiam a regulamentação dos fundos patrimoniais, e participou ativamente do processo de aprovação da MP, juntamente com seus parceiros.

Além de sugerir melhorias no texto, o IDIS participou da audiência pública, que aconteceu na Comissão Mista que analisou a medida.

A diretora presidente do IDIS, Paula Fabiani, destaca que o debate em torno da regulamentação dos endowments acontece desde 2012. “Entre as questões mais importantes trazidas pela lei estão a segurança jurídica aos doadores que terão recursos protegidos e destinados, indefinidamente, à causa escolhida; a garantia da sustentabilidade financeira de organizações no longo prazo e, por último, a possibilidade de apoio a instituições públicas por meio de recursos privados e da sociedade.”

O texto aprovado determina que a organização responsável pela gestão dos recursos seja distinta da instituição apoiada. A separação entre as organizações tem como objetivo resguardar o fundo de eventuais passivos e proteger a instituição gestora de obrigações de qualquer natureza da instituição apoiada.

No mundo, os fundos filantrópicos têm se mostrado, há décadas, um mecanismo exitoso para mobilizar recursos filantrópicos. Estados Unidos, Inglaterra e Índia já possuem legislação específica para o tema. A França criou mais de 200 fundos filantrópicos, inclusive um do Museu do Louvre, após aprovação de lei específica em 2008.

Lei dos Fundos Patrimoniais é aprovada no Senado

O mês de dezembro foi um mês de enormes avanços para que a Medida Provisória 851/2018, dos Fundos Patrimoniais Filantrópicos, seja transformada em lei e passe a vigorar.

O Projeto de Lei oriundo da MP foi para votação na Câmara dos Deputados e foi aprovado. Logo após, no dia 12 de dezembro, foi aprovado no Senado. O próximo passo agora é a sanção do Presidente da República, e com isso a lei passa a vigorar.

A equipe IDIS agradece a todos que participaram desse processo que tanto nos orgulha! E um agradecimento especial a todos os membros da Coalizão.

‘’O que desperta nossa solidariedade?’’

‘’O que faz com que tenhamos vontade de ajudar alguém que não conhecemos, de doar dinheiro para organizações sociais ou dedicar horas para um trabalho voluntário?’’

Grafite ‘quem doa vive mais’, feito em muro da rua Baronesa de Itu, região central de São Paulo, por Pedro Frazão, 38, que espalha mensagens incentivando a doação por São Paulo para ajudar organizações sociais.

É o que o artigo ‘’O que desperta nossa solidariedade?’’ escrito pela nossa diretora de Comunicação, Andréa Wolffenbüttel, destaque na coluna Empreendedor Social da Folha, tenta responder.

A má posição do nosso País no Ranking Mundial de Solidariedade é abordada trazendo questionamentos sobre a enorme queda que o Brasil teve nos últimos anos, além de trazer uma proposta de solução para ajudar a aumentar a solidariedade do brasileiro no dia-a-dia.

Para ler o artigo completo, acesse o link.

IDIS realiza oficina de filantropia comunitária

O que caracteriza a filantropia comunitária? A pergunta é complexa e não há apenas uma resposta certa. Para discutir o tema com quem está no campo, o IDIS Instituto do Desenvolvimento do Investimento Social realizou, nos dias 5, 6 e 7 de dezembro, o Workshop de Filantropia Comunitária com as oito entidades selecionadas no edital de Mapeamento e Fortalecimento de organizações e iniciativas de atuação comunitária do Estado de São Paulo, iniciativa em parceria com a MOTT Foundation.

A oficina proporcionou a troca de conhecimento e experiências entre as organizações selecionadas e os palestrantes convidados. O IDIS foi responsável por organizar a oficina e abordar os aspectos teóricos e práticos da ‘filantropia comunitária e desenvolvimento comunitário com base nos talentos e recursos locais’.

“Entender os mecanismos mais eficazes para fomentar a filantropia comunitária no Brasil é crucial para promover o desenvolvimento e o fortalecimento da sociedade civil.” declarou a diretora-presidente do IDIS, Paula Fabiani, durante a abertura da oficina.

Nick Deychakiwsky, da Mott Foundation, enviou sua mensagem aos participantes diretamente dos Estados Unidos e destacou os pontos que caracterizam as organizações comunitárias tais como o forte comprometimento com a comunidade, a diversidade de causas e objetivos, o engajamento da comunidade local, a atuação permanente, a pluralidade de fontes de financiamento, a gestão independente, a necessidade de ativos mínimos para operar e a capacidade de apoiar outras iniciativas locais.

Pelo IDIS, a gerente de projetos Raquel Altemani explanou sobre o que é atuação comunitária e relatou que não há consenso sobre um conceito definitivo, por isso, o IDIS debateu com especialistas e com a MOTT Foundation em busca de uma definição. Já Andrea Hanai, gerente de projetos, abordou os aspectos financeiros e a necessidade de mobilização de recursos para as organizações. A diretora de comunicação, Andrea Wolffenbüttel, apresentou aspectos da cultura de doação no Brasil e no mundo.

Os participantes da oficina ainda ouviram o fundador do IDIS, Marcos Kisil, que tratou do desenvolvimento comunitário. Para falar dos desafios e oportunidades para a filantropia comunitária no Brasil, o IDIS convidou Erika Saez, do GIFE, e a Graciela Hopstein, da rede de Filantropia para a Justiça Social.

As organizações participantes realizaram uma visita de campo ao Galpão da Fundação Tide Setúbal no Jardim Lapenna, zona leste de São Paulo, e conheceram uma organização não governamental de origem familiar que atua com a missão de fomentar iniciativas que promovam a justiça social e o desenvolvimento sustentável de periferias urbanas.

Para tratar de modelos de atuação para organizações comunitárias, a oficina contou com a participação de Marina Fay, da Fundação ABH, e Tony Marlon, do Historiorama. Já Mariana Nunes contou a história de atuação do Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (ICOM).

No último dia, os participantes trabalharam por meio de dinâmicas para tratar dos desafios e das oportunidades de cada organização e avaliaram a experiência como muito valiosa para reverem e aprimorarem suas atuações locais.

Raquel Altemani, gerente de projetos do IDIS liderou a oficina e destacou que a troca de saberes entre as organizações enriqueceu a programação e fez com que a oficina fosse ainda mais importante para todos os participantes e também para o IDIS.